Homologações têm queda no MTE e saldo de emprego fecha positivo





Localizado na rua Humaitá, 350, o prédio do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) de Tatuí está sendo “menos visitado” por trabalhadores. A explicação é que o número de homologações registradas pelo órgão vem caindo desde o mês passado.

Já o saldo de empregos formais, que é o resultado da conta feita com a diferença do número de admissões e demissões, fechou positivo nos dois primeiros meses do ano.

A “variação absoluta”, como é chamado o quociente desse cálculo, somou 26 novos postos efetivados, denotando crescimento nas contratações.

Entre janeiro e fevereiro, Tatuí registrou 1.561 admissões e 1.535 desligamentos. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em estudo que contabilizou, em 1º de janeiro deste ano, um total de 27.124 trabalhadores no mercado formal atuando em 5.260 estabelecimentos.

No período, as contratações registradas pelo Caged atingiram 50,42% em comparação com as demissões. Essas, totalizaram 49,58% dos registros no município.

O setor de serviços é apontado como o principal responsável por “puxar para cima” a estatística. Ele foi o único a obter saldo positivo no início de 2016.

De janeiro a fevereiro, o Caged contabilizou 655 contratações e 466 demissões, com saldo de 189 pessoas com carteira assinada. Nos dois primeiros meses do ano, o setor somou 8.247 empregados em 2.046 estabelecimentos.

Fora da variação negativa, a atividade extrativa mineral teve saldo nulo. O setor registrou 6 admissões e o mesmo número de demissões. Em Tatuí, ele é composto por 17 estabelecimentos e conta com 101 trabalhadores.

Com relação às demissões, elas ocorreram em maior número no comércio e na construção civil. O saldo fechou negativo em 68 e 53 nesses setores, respectivamente.

Entre janeiro e fevereiro, o comércio admitiu 390 pessoas e desligou 458. Na área da construção civil, as contratações somaram 80 e as demissões, 133.

Mesmo assim, o comércio desponta como o segundo maior empregador no município. São 6.485 pessoas atuando em 2.026 estabelecimentos. A construção civil conta com 334 estabelecimentos e 964 trabalhadores.

Os ramos da agropecuária e da indústria da transformação tiveram saldo negativo acima de dois dígitos. No período, o primeiro setor admitiu 61 pessoas e desligou 83, gerando variação de menos 22 postos; o segundo, contratou 365 trabalhadores e demitiu 376, o que resultou em saldo negativo de 11 vagas.

No município, a agropecuária emprega 1.357 pessoas em 448 estabelecimentos, segundo o Caged. A indústria da transformação soma 373 empregadores e total de 9.467 pessoas com carteira de registro assinada.

Como ramo de atividade, a administração pública tem 109 empregados formalizados em três estabelecimentos. Nos dois primeiros meses do ano, o setor admitiu duas pessoas e desligou nove, resultando em saldo negativo de menos sete vagas.

O saldo dos serviços industrial e de utilidade pública ficou “um pouco menos negativo”. O setor fechou com menos dois postos, em função de registrar duas admissões e quatro desligamentos. Ao todo, o ramo de atividade soma 13 estabelecimentos, os quais empregam 214 pessoas formalmente.

Apesar da recessão, o panorama de 2016 é melhor que o de 2015, do ponto de vista dos números. No ano passado, também entre janeiro e fevereiro, o saldo ficou negativo em 63 postos, com a admissão de 2.223 pessoas e a demissão de 2.286.

Segundo o chefe do posto local do MTE, Antônio Carlos de Moraes, a prova tem sido a queda no número de homologações registradas no órgão.

“Tenho notado que está caindo bastante. Até fevereiro, nós tivemos um número bem alto, mas que não está se repetindo desde a segunda quinzena do mês”, informou.

Em média, a agência realizou 190 homologações por mês desde o início do ano. A partir do fim de fevereiro e desde o começo de março, a média ficou em 140.

Para o chefe da agência de Tatuí, a redução ocorre por razões diferentes dos anos anteriores. Até 2014, as demissões de início do ano tinham relação com as contratações do fim do ano anterior, estimuladas pelo Natal e Ano-Novo.

Como houve retração da economia, o comércio abriu menos vagas, e, portanto, demitiu menos. Por outro lado, as indústrias do ramo metalúrgico precisaram desligar, uma vez que não houve aumento do consumo. Em Tatuí, as demissões ocorreram em maior quantidade no final do ano passado.

Por “efeito cascata”, as demissões das indústrias ocasionaram queda do poder de consumo, refletindo no comércio. O setor é o que mais tem desligado desde março, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego de Tatuí.

Moraes explicou que os trabalhadores demitidos tendem a gastar menos, mesmo recebendo seguro-desemprego. Isso porque o valor do benefício pode não ser o que o trabalhador recebia quando exercia atividade remunerada.

A projeção para o município é de que as empresas, principalmente as indústrias, demitam cada vez menos. Tanto é que o próprio MTE tem registrado redução nos acordos coletivos intermediados por entidades sindicais.

O motivo é que as empresas locais, de um modo geral, atingiram o limite para manter a produtividade “em dia”. “Quem tinha um número muito grande de trabalhador, já dispensou. As empresas já deram férias e lançaram mão de diversos recursos. Em outras palavras, já gastaram todos os cartuchos que tinham. Hoje, estão com o quadro bem enxuto”, analisou Moraes.

Conforme ele, o momento é de “observação”, já que a melhora da econômica depende de definição no cenário político nacional.

Apesar disso, o chefe do MTE de Tatuí declarou que há chances de uma recuperação por ação dos próprios atingidos pela crise nacional. É que boa parte dos trabalhadores desligados está optando pela formalização e não pelo mercado informal.

“A preocupação com o aumento da informalidade sempre existiu, mas o que tem acontecido no momento é que, muitas vezes, os funcionários demitidos acabam se tornando microempreendedores”, declarou.

Daí o fato de o setor de serviços ser o único com saldo positivo no município. Moraes afirmou que, como o trabalhador perde renda ao deixar o posto original, ele precisa repô-la. Essa prática é comum, mas tem sido adotada de maneira diferente em Tatuí por conta das facilidades de abertura de pequenos negócios.

“Chega a ser uma válvula de escape. O trabalhador parte para outros ramos de atividade. No setor de serviços, ele tem um ganho razoável. Até porque, no panorama atual, dificilmente o trabalhador vai conseguir colocação com o mesmo ganho em outra empresa, devido à questão de especialização”, disse Moraes.

De acordo com ele, muitas pessoas estão aplicando os recursos da indenização na abertura de pequenos negócios. O chefe do MTE afirmou que essa postura deve-se ao fato de o mercado comportar novos investimentos.

“Além disso, o trabalhador deixa de ser empregado para se tornar prestador de serviço e patrão dele próprio. Então, há uma ebulição no mercado”, concluiu.