Homem desfere sequência de golpes de facão contra vizinho no Sta. Rita

 

Empunhando um facão, um homem de 38 anos desferiu uma sequência de golpes contra um vizinho que terminou na morte dele. O crime ocorreu na manhã de quarta-feira, 8, e causou indignação em parentes do ceramista Valter José Ribeiro, 39, e moradores da região por conta da violência das agressões. A vítima quase teve a cabeça arrancada, sofreu perda de parte da massa encefálica e um corte profundo na face.

Ribeiro esteve entre a vida e a morte por dois dias. O homem chegou a ser levado ao Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”, depois de ser atendido pela equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Entretanto, não resistiu aos ferimentos.

Ainda na quarta, em função da gravidade, ele precisou ser transferido para a UTI (unidade de terapia intensiva) da Santa Casa de Misericórdia.

A equipe médica que atendeu à vítima relatou, poucas horas depois do crime, que o estado de saúde dela era gravíssimo. Os profissionais tentaram estabilizar o ceramista horas depois de ele ter sido levado ao ambulatório, para realização de exames, mas desistiram.

Em um primeiro momento, a equipe priorizou estabilizar o quadro de saúde do paciente. A intenção era, depois, realizar uma tomografia para verificar se houvera dano ou morte cerebral, por conta da perda de massa encefálica, uma vez que o ceramista teria sido escalpelado pelo vizinho.

Os socorristas encontraram Ribeiro caído – mas respirando – no quintal da propriedade de José Rodrigo dos Santos, de 38 anos, que assumiu a autoria das agressões. Em entrevista a O Progresso, o suspeito confirmou ter golpeado o vizinho, mas alegou que o fizera em legítima defesa e que havia sido ameaçado.

Conforme registros da Guarda Civil Municipal, que atendeu à ocorrência, o ceramista estava inconsciente e “envolto em uma poça de sangue”. Vizinhos da vítima acionaram a corporação por meio do COD (Centro de Operações e Despacho) depois de terem cercado a propriedade do acusado.

“O chamado entrou para nós como um homicídio. A informação era que o autor ainda estava no local”, contou o GCM Douglas de Oliveira Paulino. Ele realizava patrulhamento de rotina no centro da cidade quando houve a comunicação.

O comando repassou a ocorrência para a guarnição às 7h08. Na propriedade do pedreiro, os guardas conversaram com o suspeito. “Ele estava encostado no portão da casa, do lado de dentro, e havia populares em volta”, disse o GCM.

Segundo ele, os moradores indicaram Santos como sendo o autor do crime. Ele teria discutido com parentes da vítima até a chegada da guarnição. Em função disso, os guardas precisaram contê-lo. Entretanto, o GCM informou que o pedreiro não “mostrou resistência” e disse à equipe que apenas havia se defendido.

Na sequência, os guardas isolaram a área, acionaram o 192 (Samu) e encaminharam o suspeito ao plantão da Polícia Civil, onde ele prestou depoimento. Antes, o homem conversou com a reportagem de O Progresso sobre o crime.

A equipe da GCM também apreendeu, na propriedade do acusado, o facão usado para desferir os golpes. O instrumento não continha cabo e deve ser submetido a perícia.

“A vítima estava bem debilitada porque sofrera diversos golpes na região do pescoço, rosto e da cabeça”, descreveu o guarda civil municipal.

Paulino e os demais GCMs que atenderam à ocorrência receberam apoio do secretário municipal da Segurança Pública e Mobilidade Urbana, José Alexandre Garcia Andreucci. O ex-delegado acompanhou a equipe durante a prisão do suspeito e familiares da vítima.

Ele também conversou com uma testemunha, a qual afirma ter sido ameaçada de morte pelo acusado. A pessoa (que teve a identidade preservada) disse a O Progresso que Santos possuía “histórico de violência no bairro”.

A testemunha declarou não crer na versão do homem. Alegou acreditar que o ceramista tenha sido vítima de emboscada. De acordo com a testemunha, Ribeiro não teria invadido a residência do suspeito e nem portava um facão, como sustentado por Santos.

Conforme a testemunha, “o mais provável” é que o ceramista tenha sido convidado a entrar no quintal do pedreiro. “Ele estava tomando a cervejinha dele. A vítima não mexe com ninguém, é um trabalhador”, disse à reportagem.

Para a testemunha, a hipótese mais provável é de que o suspeito tivesse chamado a vítima e não o contrário (Ribeiro houvesse invadido o imóvel).

“Se alguém entra na minha casa, eu vou pará-la no portão. Está claro que ele arrastou a vítima”, declarou. “Para mim, ele queria fazer aquilo (golpear)”, acrescentou.

A testemunha também frisou que o facão apreendido pela GCM e que teria sido usado para golpear a vítima não pertencia a ela, contrariando a versão do suspeito.

“Esse facão é dele (de Santos), porque ele já me agrediu com o mesmo instrumento. Ele já me ameaçou com o facão, mas a polícia não achou a arma, da outra vez que eu chamei por causa da ameaça”, disse a pessoa.

Em conversa com a reportagem, a testemunha afirmou que se desentendera com o suspeito havia cinco meses, por conta de som alto. Santos teria brigado com a testemunha – que mora próximo ao local onde ocorreu o crime – e, na ocasião, feito uma ameaça de morte a ela e a familiares. “Fui até no fórum. Ele ameaçou de entrar em minha casa”, relatou.

Ainda de acordo com a testemunha, o pedreiro vivia em ambiente familiar “conturbado”. O homem seria tão violento que, mesmo a caminho da delegacia, teria voltado a fazer ameaças, incluindo a irmã da vítima, de 40 anos, que prestou depoimento.