História cenográfica do CDMCC abre 77ª Semana Paulo Setúbal

Jaime Pinheiro e uma das obras que produziu, a “Fênix” (foto: Eduardo Domingues)

A abertura da exposição “Cenografia do Conservatório de Tatuí”, no Museu Histórico “Paulo Setúbal”, na noite de quinta-feira, 1º, abriu oficialmente a 77ª Semana Paulo Setúbal, criada em 1943.

A prefeitura, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, realiza a programação de atividades em homenagem ao escritor tatuiano até a próxima quinta-feira, 8.

A exposição apresenta obras produzidas pelo artista plástico e cenógrafo Jaime Pinheiro. São recursos cênicos feitos pelo artista ao longo dos últimos anos, como elementos cenográficos e adereços que fizeram parte de produções artísticas e espetáculos.

Além disso, estão expostas obras produzidas em trabalhos de pesquisa particulares do artista plástico – que está à frente do curso do setor cenográfico e nas mais diversas produções pedagógicas e artísticas realizadas pelo Conservatório.

Pinheiro ressalta que a exposição é uma oportunidade de o público em geral conhecer como é executado o material de cena e os processos que envolvem a produção cenográfica, desde a criação até os recursos necessários para cada espetáculo.

Os elementos cênicos criados por Pinheiro têm como característica a utilização de materiais reciclados – objetos e móveis que seriam jogados no lixo – e produtos de baixo custo, como o TNT e papelão.

(foto: Eduardo Domingues)

O artista conta que a ideia de trabalhar com reciclagem veio da necessidade de inovação e de adaptar o processo de criação à situação financeira, com opções diversificadas de materiais que “possam ter uma estética interessante”.

“A gente sempre trabalhou a questão ecológica com a reutilização, mas a questão estética também tem que ser vista. Temos um trabalho de pesquisa bem feito, com estudos profundos do que é possível utilizar nos cenários”, ressaltou Pinheiro.

A exposição “Cenografia do Conservatório de Tatuí” possui materiais que Pinheiro conseguiu guardar de espetáculos apresentados desde a década de 80.

“São inúmeras peças que não consigo nem localizar de quais espetáculos são. Há materiais até da obra na qual fiz o meu primeiro trabalho para o Conservatório, em 1985”, observou.

“Por se tratar de cenários e com materiais grandes, é difícil de guardar e, por conta disso, já perdi muita coisa ao longo de todos esses anos. Há peças que sou obrigado a descartar, chega a dar dó”, lamentou.

O primeiro cenário de Pinheiro foi produzido no ano de 1979, para uma escola participar de um festival de teatro. Já o trabalho pioneiro desenvolvido para o Conservatório de Tatuí integrou a ópera infantil “A Peste e o Intrigante”, em 1985.

Durante dez anos, ele prestou serviços ao Conservatório, porém, somente em 1995 Pinheiro foi contratado em definitivo. “Na época, fechei uma firma de desenho que ia bem, e eu gostava muito. Contudo, acho que foi a melhor coisa que fiz na vida, porque sou apaixonado pelo trabalho que faço há 40 anos”, revela o artista.

O cenário mais recente produzido por Pinheiro foi para o espetáculo “Viagem ao Céu”, da Companhia de Teatro do Conservatório de Tatuí, inspirado na obra “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato, com adaptação de Paulo Jordão e direção geral de Rogério Vianna – atual diretor municipal de cultura e gestor do MHPS.

Pinheiro demonstrou estar agradecido pelo reconhecimento e convite de Vianna para expor no museu, durante a Semana Paulo Setúbal. “Tenho um carinho especial pelo Museu; desde criança eu o frequento”, revelou.

A abertura da exposição foi feita em três atos, com a presença do cenógrafo às 10h e 15h, para um bate-papo com alunos da rede de educação, e às 19h, com convidados e amigos.

Pinheiro agradeceu a presenças dos amigos e alunos, afirmando a intenção de que o trabalho cenográfico seja disseminado, sobretudo, às crianças.

“Os meus trabalhos devem continuar com essa visão de trazer um pouco do universo mágico a um povo que, hoje em dia, precisa dessa magia”, complementou Pinheiro.

O secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, declarou estar contente pela beleza da exposição, até lamentando pela mostra ser temporária. “O trabalho de Pinheiro é belíssimo e merecia um local para ficar exposto permanentemente”, ponderou.

Conforme o secretário, a exposição mostra o potencial do Setor de Artes Cênicas do Conservatório de Tatuí. “Além dos músicos do Conservatório, que sempre são valorizados, os atores também merecem ser parabenizados pelos trabalhos que desenvolvem no município”, acrescentou.

As palavras de Sinisgalli foram reforçadas pelo diretor executivo do CDMCC, Ary Araújo Júnior. “O Conservatório de Tatuí, antes de ser musical, é dramático”, salientou.

“O Setor de Artes Cênicas é uma parte do Conservatório que estamos olhando com bons olhos, e temos visto resultados. É um pessoal que trabalha muito forte, com competência e excelência”, completou Araújo Júnior.

O diretor garante ser “uma alegria imensa ter Pinheiro expondo um pouco da história do Conservatório no museu durante a Semana Paulo Setúbal”.

Araújo Júnior revela ter tido “uma surpresa muito agradável quando chegou ao Conservatório de Tatuí e conheceu todo o trabalho desenvolvido pelo artista plástico e cenógrafo”.

“O trabalho que o Pinheiro faz é algo fantástico. Conheço alguns artistas que fazem esse trabalho, mas no nível e simplicidade dele é muito difícil”, afirmou.

“Ele não é um artista de soberba, pelo contrário: é muito simples e uma pessoa fantástica. Eu tenho o prazer de tê-lo como colaborador do Conservatório de Tatuí”, completou Araújo Júnior.

(foto: Eduardo Domingues)

De acordo com Vianna, Pinheiro está vinculado à história da cenografia do Conservatório. Segundo o gestor do museu, “o artista é uma personalidade genuína do município, um verdadeiro gênio na arte que faz”.

“Ele tem um olhar minucioso, que diferencia o artista do grande artista. Pinheiro é gênio e transformador, age nos detalhes e enriquece a cenografia do Conservatório”, garantiu.

Vianna reconhece que a exposição apresenta uma pequena fração dos trabalhos produzidos pelo cenógrafo ao longo dos últimos 40 anos. Conforme ele, há obras de Pinheiro que são “marcos históricos na cultura tatuiana”.

O diretor municipal da Cultura salienta que “a possibilidade de ter à disposição a mostra de um grande artista, como Pinheiro tem de ser e precisa ser apreciada por toda a sociedade nacional”.

“Nosso país enfrenta uma crise e, mesmo assim, conseguimos manter vivas essas possibilidades artísticas. Precisamos ter essa consciência de que é preciso valorizar os nossos artistas”, concluiu Vianna.

A exposição também faz parte das comemorações dos 65 anos do Conservatório de Tatuí e ficará aberta à visitação até o dia 29 de setembro, de terça-feira a domingo, das 9h às 17h, no MHPS.

Mais informações são possíveis com o setor de agendamento, pelo (15) 3251-4969, ou via e-mail (museupaulosetubal@tatui.sp.gov.br).