Garota de programa é assassinada; suspeito põe fogo em parte de corpo





Polícia Civil

Suspeito de assassinato de prostituta havia deixado prisão há 2 meses

 

A Polícia Civil está à procura de um pedreiro suspeito de ter assassinado uma garota de programa na noite de quinta-feira, 24 de outubro. Balbino Gomes Santana já é considerado foragido pela Justiça. Ele teve o pedido de prisão temporária decretada a pedido do delegado José Alexandre Garcia Andreucci.

O titular do município anunciou o esclarecimento do crime uma semana depois, na manhã de quinta-feira, 31 do mesmo mês. O caso ganhou repercussão na cidade e atenção especial da divisão de homicídios por causa da brutalidade do crime.

De acordo com Andreucci, a vítima teve parte do corpo queimada, ferimentos na cabeça e todos os dentes da frente da boca quebrados pelo criminoso. A PC tratou o caso como um dos mais bárbaros ocorridos neste ano em Tatuí.

Populares encontraram o corpo da mulher de 25 anos na tarde do dia seguinte ao crime, a sexta-feira, 25. A Polícia Militar localizou o cadáver da garota de programa num terreno baldio situado na vila Cesp. Na sequência, acionaram os investigadores e peritos do IML (Instituto Médico Legal), de Itapetininga.

As investigações tiveram início na sexta, estenderam-se pelo sábado, domingo e segunda-feira. Os policiais civis trabalharam no caso mesmo no feriado dedicado ao funcionalismo público, ouvindo testemunhas que passaram pelo local.

Também conversaram com outras garotas de programas que fazem ponto na rotatória que dá acesso à rodovia Mário Batista Mori (SP-127). A partir daí, descobriram que a vítima trabalhava a metros de distância de onde havia sido encontrada – o terreno baldio que está situado ao lado das torres de alta tensão.

Daila Rafaela Valentim havia sido deixada no local parcialmente sem roupa. De acordo com a PC, ela estava sem camisa e sem calça. Tinha ferimentos “contundentes” na cabeça (duas perfurações) e sofreu uma agressão que chamou a atenção dos investigadores: a genitália havia sido queimada.

Na sequência, os investigadores descobriram que Daila estaria trabalhando como garota de programa. De acordo com inquérito, ela “batia ponto” na alça de acesso a Itapetininga, na rotatória ao final da avenida Vice-prefeito Pompeo Reali, na vila São Cristóvão. A região é ponto de prostituição de mulheres.

“Continuando as investigações, conseguimos ouvir várias colegas da vítima, que também faziam ponto naquele local”, relatou o delegado titular.

Andreucci relatou que as testemunhas disseram ter visto um homem, por volta de 30 anos, negro e com “os olhos amarelados”, deixando o local com a vítima. Elas também contaram que Santana estava “frequentando o local e assustando as mulheres que trabalhavam com prostituição naquela região”.

Em depoimento, uma das garotas de programa narrou que teria sido estuprada por Santana. Outras duas teriam sido agredidas pelo suspeito. O homem, também, obrigaria as mulheres a aceitarem “uso de arma” durante a relação sexual.

Uma das amigas da vítima contou à PC que as garotas de programa estavam com medo do pedreiro. A mulher disse que, temendo serem agredidas pelo suspeito, elas estavam encerrando o horário dos programas mais cedo. “Por volta das 22h30, elas já estavam voltando para casa”, disse Andreucci.

O delegado informou, no entanto, que nenhuma das mulheres havia prestado queixa anteriormente ao encontro do cadáver. Elas disseram aos investigadores que o pedreiro estaria ameaçando matar todas as garotas de programa.

No dia 24, ele teria voltado ao local e saído com Daila. Uma testemunha viu o suspeito e a vítima caminharem em direção a um motel. Os dois, porém, não chegaram ao estabelecimento e teriam mantido relações no terreno baldio.

“O programa não chegou a ser feito no motel e sim no terreno”, relatou o delegado. “Por algum motivo, por desvio sexual, o suspeito acabou matando violentamente a vítima e ateando fogo no órgão sexual dela”, completou.

Junto ao corpo de Daila, a PC encontrou um cheque que estava parcialmente rasgado, mas “muito amassado”. A ordem de pagamento estava preenchida no valor de R$ 50, montante que seria o mesmo relativo ao programa.

Andreucci acredita que o cheque tenha sido o motivo de desentendimento – que teria gerado o homicídio – entre Santana e a garota de programa. O delegado cogita que a mulher não teria aceitado o pagamento com folha de cheque. “O que deu a entender é que ele acabou sendo violento com ela”, especulou.

A vítima teria sido morta perto de um caminhão no qual a perícia localizou marcas de sangue. O corpo dela havia sido arrastado pelo criminoso e tinha sinais de espancamento.

Conforme o delegado, existe a possibilidade de Daila ter se ferido na cabeça quando caiu perto do eixo da roda do caminhão (que estava sem os pneus). Outra hipótese é de que a moça tenha tido a cabeça arremessada contra o eixo do veículo, o que explicaria as perfurações na lateral esquerda do crânio.

A PC também trabalha com duas possibilidades para o ato que teria sido cometido por Santana. Conforme o delegado, é provável que ele teria ateado fogo na região do órgão sexual de Daila para “se livrar de provas”. Ele poderia ter pensado que a polícia utilizaria um teste de DNA para chegar ao autor.

Outra possibilidade – bem mais provável, de acordo com as investigações – é a de que ele tenha algum distúrbio sexual. A suspeita ganhou força com os depoimentos prestados pelas outras garotas de programa com quem Santana teria saído.

Elas disseram que ele costumava utilizar um revólver durante as relações sexuais. Também acabaram identificando o suspeito pela fotografia levantada pelos investigadores. O pedreiro já havia sido detido em Tatuí e tinha ficha de antecedentes criminais pelo artigo 155 (roubo), tendo cumprido prisão.

Conforme o delegado, Santana havia saído da prisão havia dois meses. Ele teria sido o “último cliente atendido por Daila” na noite anterior ao encontro do cadáver. Além de uma amiga da vítima, outras garotas de programa teriam reconhecido a fotografia do suspeito que trabalhava como pedreiro.

Santana prestava serviços numa construção no mesmo bairro em que a PM localizou o corpo. “Ele conhecia o local, andava habitualmente por ele, tendo sido visto por algumas testemunhas”, comentou Andreucci sobre os depoimentos.

Após o reconhecimento, o responsável pelo caso representou pela prisão do suspeito. Com ajuda do delegado assistente Emanuel dos Santos Françani, Andreucci enviou o caso ao MP (Ministério Público) e a magistratura que já expediram mandado de prisão temporária. O suspeito está foragido desde o dia 26.

Santana é considerado perigoso e, de acordo com as investigações, é usuário de drogas. Ele também teria uma arma, o qual usava para ameaçar de morte as prostitutas e para manter relações sexuais “não convencionais” com elas.

Nesta semana, a PC solicitou a divulgação da fotografia do suspeito. O objetivo é facilitar a localização, uma vez que o pedreiro é considerado “praticamente um andante” por não ter residência fixa e apontado como “de alta periculosidade”.

“Não sabemos se ele está, ou não, na cidade. O importante é que conseguimos identificá-lo e com base em prova testemunhal ter a confirmação da participação dele no homicídio”, sustentou o delegado que cuida do caso.

Com a prisão do suspeito, a PC espera esclarecer pontos que “não estão claros”, como o cheque encontrado amassado. As investigações apontam que a ordem de pagamento havia sido emitida no município de Cesário Lange.

Segundo o delegado, o titular havia passado o cheque a uma farmácia daquela cidade. Posteriormente, o estabelecimento teria repassado a folha para outro cliente. “De alguma maneira, ele (Santana) teve acesso ao cheque. Mas como ele conseguiu, só vamos esclarecer com a prisão”, disse Andreucci.

A polícia indiciou o suspeito pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), estupro e lesão corporal. Durante as agressões, Santana teria quebrado “todos os dentes da frente da boca da vítima”. “Foi um ato bárbaro”, definiu o delegado. Segundo ele, a mulher teve o rosto totalmente deformado.

O suspeito também teria furtado um casaco, uma bermuda, um telefone celular e R$ 350 que estavam na carteira de Daila, caracterizando latrocínio. O dinheiro seria proveniente de programas feitos pela vítima no decorrer da noite.

Em função das acusações, Santana deverá ser julgado por juiz singular e não pelo Tribunal do Juri. O pedreiro é considerado foragido desde o sábado. No mesmo dia, investigadores fizeram campana na rodoviária municipal.

“Tivemos informações que ele estaria fugindo da cidade, via ônibus. Entretanto, não conseguimos localizá-lo”, disse o delegado. Andreucci informou, ainda, que as diligências continuam e pede apoio da população na localização do suspeito. As informações podem ser passadas pelo fone 3251-4402.