Fim de Tarde

Depois de zanzarem apressadinhas na calçada

petiscando restos de pipoca

na maior intimidade com os transeuntes

as pombas começam a revoada festiva

à procura de galhos nas velhas árvores

da praça onde repousarão placidamente.

Uma mulher de cabelos brancos

calçando chinelinho de dedo

cruza a praça sozinha

em passos lerdos suportando o peso dos anos…

vai levando no seu alforje de silêncios

alegrias e tristezas vividas

sonhos, desilusões, segredos e sabedorias…

vasta colheita de uma vida inteira!

E segue caminhando, caminhando devagarzinho

enquanto a cortina da tarde continua

descendo calmamente.