Festas durante a Copa podem causar estresse em cães e gatos





Jheniffer Sodré

A veterinária Karen Collacico reforça que manter os animais protegidos dentro de casa é a melhor forma de lidar com

Durante os jogos da Copa do Mundo, o que não vão faltar são festas, fogos de artifícios e cornetas. Esses barulhos, que são como trilha sonora para os torcedores, podem transformar a vida dos animais de estimação em um grande transtorno.

O som dos fogos, por exemplo, provoca desconforto, pois a sensibilidade auditiva dos animais é quatro vezes maior que a dos humanos. É justamente isso que explica o medo e o pânico vivido por eles em épocas festivas como Ano-Novo e o mundial de futebol.

A veterinária Karen Collacico explica que essa angústia pode colocar os animais em situações de risco, principalmente nas tentativas de fuga por portas e janelas, o que pode levar ao atropelamento.

“Essa é uma situação muito estressante para o bichinho, pois dá um grande susto, pode levar a alterações cardíacas e até mesmo a convulsões”.

Ela explica que os cachorros costumam ser mais sensíveis que os gatos, já que “os felinos vão para o canto deles e ficam lá até o estresse passar”. Mesmo assim, o perigo de fuga é igual para os dois, de acordo com a veterinária.

Karen lembra que não são apenas os animais de pequeno porte que sofrem com os barulhos, mas os grandes também. “Enquanto, para nós, é um momento de comemoração, para eles, é de medo, pois não entendem o que está acontecendo”.

Para evitar os transtornos, a médica dá algumas dicas: colocar algodão no ouvido dos cachorros e dos gatos, deixá-los em locais mais tranquilos e dar calmantes naturais, como os homeopáticos e os florais, que podem ser adquiridos nas casas agropecuárias.

“Os animais que já têm crises de convulsão ou alterações cardíacas podem passar no veterinário, para que ele aumente a dose do remédio que eles já tomam”.

Além disso, ela destaca que deixar os bichos dentro de casa é o mais indicado para evitar as possíveis fugas. “Tem que proteger o máximo possível, não os deixando soltos na rua, para não saírem correndo na hora dos rojões”.

Criar um ambiente aconchegante e tranquilo para acomodar os animais é o mais recomendado, mantendo as janelas e as portas fechadas e disponibilizando uma espécie de esconderijo para eles.

“Eles costumam ter um espaço que se sentem bem, pode ser embaixo da cama ou do sofá”. Oferecer petiscos ou brinquedos para que o cão redirecione a atenção também pode ajudar a acalmá-lo.

Karen conta que, em épocas festivas, é muito comum chegar ao consultório cachorros estressados, com taquicardia, convulsão, traumas de fuga e até vítimas de atropelamento.

“Isso são doenças agudas que acontecem no momento da crise de estresse. A gente tem que ficar sempre preparada nessas datas comemorativas”.

A veterinária Ceres Faraco complementa e diz que uma longa caminhada, horas antes do início de um jogo, pode ajudar o cachorro a ficar mais relaxado no momento em que começarem os fogos.

Além disso, segundo ela, o comportamento do dono tem papel fundamental na forma como o bicho vai encarar a situação.

“Deve-se ter muito cuidado para não reforçar o medo, e, por isso, o tutor deve passar confiança e tranquilidade na forma de se comunicar com o animal, agindo com naturalidade”.

Ela reforça que esses cuidados devem ser tomados nos jogos que serão assistidos em casa e, principalmente, nos fora. “A presença do tutor promove sentimento de segurança no cão e, conforme a intensidade do medo que o animal sente, será muito mais difícil passar por esse momento sozinho”.

Já no caso das pessoas que vão viajar, as duas médicas reforçam que o ideal é deixar os bichos sob cuidado de amigos ou parentes que já estão familiarizados com eles.

Karen afirma que o ideal é que a pessoa vá até o animal para não tirá-lo do ambiente que ele já está acostumado, além de não descartar o uso dos florais que podem ajudar a acalmar.

Para Ceres, optar por um hotel destinado ao recebimento de animais também pode ser uma saída. “A solidão gera sentimentos negativos, que, somada aos estímulos sonoros, pode provocar pânico e sofrimento no animal”, finaliza.