Fatec abre portas e inicia novo vestibular





Cristiano Mota

Alunos da Emef ‘Lígia Vieira de Camargo Del Fiol’ acompanharam experimentos em um dos laboratórios

 

Desde ontem, terça-feira, 8, até o próximo dia 7 de novembro, a Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo” promove inscrições ao vestibulinho do primeiro semestre do ano que vem.

O processo seletivo é voltado a candidatos que concluíram o ensino médio (ou estudam do 2º ano em diante) e oferece vagas para cinco cursos em três períodos.

A unidade local conta com turmas em automação industrial, gestão de tecnologia da informação, gestão empresarial, manutenção industrial e produção fonográfica. As vagas variam, oferecidas para os períodos da manhã, tarde e noite.

O processo é realizado somente pela internet, por meio do site www.vestibularfatec.com.br. Candidatos devem ler instruções, preencher ficha de inscrição e pagar taxa. Quem tiver dúvida pode esclarecê-la por meio do telefone 3205-7780, ou procurar dados no site da instituição: www.fatectatui.edu.br.

A seleção de novos alunos acontece na semana seguinte a dois eventos promovidos pela instituição e que tiveram como objetivo “fortalecer a imagem” dela.

Entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro, a Fatec realizou a oitava edição do “Simpósio de Ciência e Tecnologia”. O evento incluiu a “Fatec Aberta”, iniciativa que atraiu para o complexo educacional, que leva o mesmo nome do patrono da faculdade, mais de 3.000 alunos.

São estudantes como Paola Carolina, 15, e Adrieli de Fátima, 13, alunas do 9o ano do ensino fundamental da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Lígia Vieira de Camargo Del Fiol”.

Elas estiveram na faculdade na quinta-feira, 3, quando acompanharam palestra, conheceram os laboratórios da instituição e interagiram com o corpo discente da unidade.

“Eu já conhecia a Fatec, mas nunca havia participado de um evento como este”, disse Paola. A estudante contou que gostou da experiência e que ela ajudou a conhecer as possibilidades de formação, após o ensino médio. “Eu pretendo fazer a Fatec, mas ainda não sei qual (curso)”, relatou.

Adrieli, que está na mesma sala de aula que a amiga, também pretende se matricular na unidade. Quer curso voltado à área de gestão de tecnologia da informação.

Apesar de conjectura, depoimentos como este são um dos objetivos que a instituição busca com o evento, segundo o vice-diretor da unidade, professor Anderson Luiz de Souza.

Para oferecer aos alunos – e a comunidade tatuiana e da região, de maneira geral – uma “experiência única”, Souza explicou que a faculdade desenvolveu formatação baseada na interatividade.

O evento do simpósio e a abertura das “portas” da entidade à população não é obrigatória, mas uma política da direção tatuiana. “Nós não os fizemos pela obrigatoriedade, mas por causa dos benefícios que trazem”, avaliou.

Souza afirmou que a direção desenvolve o evento há oito anos porque entende que se trata de uma prestação de serviço. “A escola é pública, oferece vagas públicas. Fazemos isso para democratizar o ensino superior público”.

Uma forma de fazer com que a população reconheça a importância da instituição, como formadora de mão de obra capacitada e fomentadora de novas tecnologias, são os eventos abertos ao público.

Esses trazem, também, benefícios para quem já faz parte da faculdade: alunos e professores. “Na verdade, os eventos têm muitas vantagens”, declarou o vice-diretor.

O primeiro deles é estimular os alunos à produção de trabalhos tecnológicos. Para integrar a Fatec Aberta, cada um dos participantes teve de realizar pesquisas que estimularam o complemento de informações.

“Eles vão auxiliar, sobretudo, na criatividade dos nossos estudantes, sobre como utilizar os espaços e os equipamentos dos quais eles dispõem”.

Durante o simpósio, os estudantes também participaram de três dias de capacitação. Eles tiveram a oportunidade de frequentar palestras com profissionais de Tatuí e de fora do município. Apesar de direcionados à comunidade acadêmica, os debates foram abertos à comunidade.

Neste ano, a Fatec trouxe para as palestras representantes de empresas consideradas importantes no cenário nacional.

Entre eles, Bernardo Lutosa, que atua em companhia responsável por 75% do controle antifraude de todo o e-commerce do Brasil. A empresa trabalha na validação de compras via internet.

“Procuramos trazer bastante gente de fora para dar uma visão de mercado aos alunos, mas, sempre, com a mensagem que precisa haver uma formação”. O vice-diretor explicou que os debates são oportunidades de complementação de formação que os estudantes podem ter no currículo.

Mais que isso, dão visão de como opera o mercado e de quais são as necessidades dele. Além de reforçar o conteúdo ministrado em sala de aula, as palestras servem para estimular os alunos a ocuparem posições que gostariam.

Por atrair pessoas da região, a instituição incluiu na programação a exposição de trabalhos dos alunos. Os participantes desenvolveram projetos focados em criatividade e na interdisciplina. “Eles conseguem amarrar vários conceitos que, às vezes, ficam fragmentados em aulas”, comentou Souza.

Conforme ele, o resultado são trabalhos inéditos, que surpreendem o corpo acadêmico. Neste ano, como nos anteriores, a produção dos estudantes ficou limitada a “banners”.

Estes ficaram espalhados em salas do prédio dois do complexo e destacam-se por apresentar “soluções inovadoras” a problemas do dia a dia. “Essa é a postura que a faculdade espera dos alunos no mercado”.

Outro aspecto fundamental das atividades é que a exposição dos trabalhos em evento aberto possibilita a valorização da produção “interna”.

Até então, os trabalhos dos estudantes ficavam restritos a eles mesmos e aos colegas. Com a inclusão deles na Fatec Aberta, o público externo passou a conhecer os trabalhos.

“Era um pouco frustrante para os alunos não poder divulgar uma ideia que eles gostariam de partilhar. Então, nós aproveitamos o evento e unimos o útil (a produção dos estudantes) ao agradável”.

Souza também destacou que, com o formato atual, a Fatec ganhou em projeção. “Quando eu cheguei aqui, há cinco anos, me perdi no centro da cidade. Perguntava para as pessoas como chegar à faculdade, e poucas sabiam”.

O evento é realizado em parceria com a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Turismo. A pasta municipal cede ônibus para o transporte dos estudantes.

“Essa é uma ajuda muito importante. Quase todos os alunos são trazidos para cá, inclusive do 2o grau, que tem a ver com o Estado. Mas, mesmo assim, eles são atendidos pela Prefeitura”, disse.

A secretaria também inclui, no transporte, estudantes do ensino fundamental. Apesar de não ser considerado o “público-alvo imediato” da faculdade, os alunos do 1o ao 9o ano também participam porque são alunos em potencial.

“Precisamos fazer com que eles conheçam a faculdade para que possamos, no futuro, aumentar a demanda do nosso vestibular e melhorar os cursos”, falou Souza.

A interação das crianças com os alunos da faculdade permite, ainda, que os segundos ganhem habilidades “humanas”. “Eles já desenvolvem as habilidades técnicas, mas têm a chance de melhorar as humanas durante a interação com os estudantes, o que dá a eles um diferencial”.

Todos os alunos participam da mesma dinâmica: começam assistindo palestra de 20 minutos e, na sequência, visitam os laboratórios com experimentos.

“Nossa intenção foi desmistificar a Fatec, para mostrar aos alunos que ela não é restrita a gênios, que é acessível, e para quebrar esse paradigma”, disse Souza.

Na palestra motivacional, professores da Fatec apresentaram aos alunos o funcionamento da instituição e citaram as datas da inscrição para o vestibular 2014.

“Nós tentamos motivá-los a ingressar na faculdade, porque ela é pública, mas não é de graça. Os pais deles pagam impostos que nos mantêm. Mostramos a eles que estar aqui não precisa ser um sonho”, falou o vice-diretor.

Durante a visitação, os alunos de escolas municipais e estaduais puderam conhecer todos os laboratórios, incluindo o de robótica, que tem, por baixo, investimento de R$ 4 milhões. Meninos e meninas puderam interagir com os experimentos, levados aos ambientes por monitores em grupos de dez.

“O principal objetivo não foi matar de vez a curiosidade dos alunos, mas deixá-los mais curiosos ainda, para que eles tenham vontade de saber mais sobre o assunto, ingressando em um curso”.

Apesar de utilizar o evento como prática de atividade acadêmica, os estudantes não foram avaliados pelo corpo docente pela participação como monitores.

O vice-diretor comentou que a atividade não valeu nota, uma vez que era voluntária, mas que serviu para mostrar – de modo informal – que os participantes têm diferencial. “Só isso é suficiente para o mercado”.

Por possibilitar interação entre o público, os alunos da faculdade e os professores, o diretor da Fatec, Mauro Tomazela, comentou que tanto o simpósio como a Fatec Aberta representam ganhos em “via de mão dupla”.

Conforme ele, o esclarecimento de dúvidas dos estudantes pode auxiliar no aperfeiçoamento do alunado e em melhorias nos planos de aulas dos professores.

Mais de 5.000 pessoas participaram das atividades nos quatro dias de evento (entre alunos de escolas municipais e estaduais e da própria faculdade). Houve realização de 14 palestras, todas sobre o tema “desenvolvimento e sustentabilidade”.

Conforme Souza, a escolha do tema obedece ao critério da “abrangência”. “Temos de pegar assuntos que englobem todos os cursos e que permitem liberdade na ‘evolução’ das palestras”, destacou o vice-diretor.

A iniciativa, neste ano, também reuniu nove empresas, que participaram de diversas maneiras. “Quem não participou ativamente, enviando equipes, ajudou de alguma forma, com patrocínio, ou equipamentos”, destacou o diretor.

Tomazela explicou que os apoios nem sempre são financeiros. Há, também, cessão de pessoal – para auxiliar na organização – e na divulgação junto à comunidade empresarial.

Segundo ele, esse intercâmbio possibilita divulgação maior da faculdade junto ao mercado que vai absorver os alunos e possibilidade de aplicação prática de novas soluções apresentadas em sala de aula.

“Esses empresários podem enxergar os alunos como trabalhadores futuros e as soluções apresentadas por eles, como uma ferramenta de inovação”.

“Há diversas situações. Embora todo o trabalho tenha direito autoral, não há patente. Ele, portanto, pode ser usado e difundido. Os conhecimentos tornam os processos melhores, mais enxutos e com produtividade maior e mais sustentável. Portanto, de maneira geral, é essa a nossa intenção”, complementou.

Tomazela destacou, também, que as exposições possibilitam aos alunos a troca de experiência acadêmica e de informações que podem auxiliá-los no campo teórico e prático.

Segundo ele, essa interação aumenta as chances de surgimento de novas pesquisas e, como consequências, novas soluções tecnológicas.

De certa forma, é o que Raquel Rodrigues Ferraz, aluna de gestão empresarial, buscou no evento. Voluntária, ela auxiliou na condução do público e na organização das filas para a entrada num dos auditórios.

“Decidi ajudar porque é importante e porque conta como atividade extracurricular. Também, porque eu consigo colocar em prática o que aprendi”, disse.

Raquel expôs um dos 56 “banners” produzidos pelos alunos e pôde, por conta da experiência, difundir a ideia sobre direito empresarial e receber novas informações.

“Em geral, o trabalho fala sobre os aspectos da falência, onde ela se aplica e como funciona”, comentou. Para ela, a experiência contou pontos no curso e na vida também. “Aprendi a me portar”, encerrou.