Falece aos 78 anos Ivo Mendes, advogado e í­cone humanitário





Arquivo O Progresso

Ivo Mendes atuou em causas humanitárias e colaborou com O Progresso

 

Faleceu no início da noite de quinta-feira, 3, em Tatuí, o advogado Ivo Mendes. O defensor tinha 78 anos, lutava contra um câncer e é considerado ícone humanitário na região. Por vários anos, respondeu pela área jurídica de O Progresso.

Filho de Mário Mendes e Lina de Bonis Mendes, ele nasceu em Porangaba, no dia 26 de abril de 1937. Conforme biografia publicada pelo historiador porangabense Júlio Manoel Domingues, Ivo fez os estudos iniciais em sua terra natal.

Depois, transferiu-se para Tatuí e se formou em advocacia. Com vocação às artes, aprendeu música com o maestro Cezarino Antunes Correa. Destacou-se como trompetista e integrou diversas corporações musicais.

Em Tatuí, tocou na Banda Santo Antônio e na orquestra Tro-lo-ló. Na capital, integrou a orquestra Carlos Eli e, em Jaú, a famosa Continental. Participou, ainda, dos conjuntos do pianista Mário Edson e os “Tatuís”.

Mendes também tem trabalhos em poesia e escultura, com destaques para peças fabricadas com argila. Em Tatuí, participou ativamente de uma série de projetos socioculturais e programas filantrópicos. Foi um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores) no município, em 1982.

Em coluna publicada em 1996, em O Progresso, a poetisa Cristina Siqueira descreve o porangabense como “um personagem de bons ofícios”. “Advogado de causas nobres perdidas, esquecidas. Imbuído no sentido de servir à Justiça. Atento, desperto na verdade do ser humano em sua dignidade”, cita ela.

“O município está totalmente de luto”, declarou o presidente da 26ª subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Eleodoro Alves de Camargo Filho.

O advogado soube do passamento do colega de profissão na manhã de sexta-feira, 4. Ambos mantinham amizade havia mais de 20 anos. “Eu tomei conhecimento quando estava na estrada”, comentou Camargo. O presidente viajou ao Rio de Janeiro e não pôde participar do velório e do enterro.

Camargo ressaltou que a advocacia tatuiana ficou órfã de um membro muito importante. “É uma perda irreparável, em função da pessoa que ele representava, do trabalho comunitário e social, e por tudo que ele fez”, acrescentou.

Camargo e Mendes disputaram as eleições da subseção da OAB em novembro de 2012. Eles concorreram em chapas separadas. Com mais de quatro décadas na profissão, atendimentos em defensoria pública e defesa das prerrogativas da classe, Mendes encabeçou a chapa “Restauração da Altivez Advocatícia”. Camargo disputou votos com a chapa “Novos Tempos”.

“Ele foi meu adversário, mas, antes de qualquer coisa, um grande amigo que tive”, frisou o presidente. Por tudo o que Mendes representou, Camargo antecipou que a subseção deverá preparar uma homenagem e declarar luto. A medida não foi adotada nesta semana em função do feriado prolongado, por conta da Independência do Brasil, comemorada nesta segunda-feira, 7.

De personalidade forte, Mendes era respeitado entre os colegas por conta dos posicionamentos. “Ele tinha certas posições e não admitia que ninguém o contrariasse no que acreditava ser correto. Era uma personalidade ímpar”, concluiu.