Exposição ‘Superfí­cie e Alma’ no Museu





O Museu Histórico “Paulo Setúbal” segue, até o próximo dia 31, com a exposição “Superfície e Alma”, da artista plástica paulistana Zilamar Takeda.

Além de inserir “comedouros artísticos” nas árvores da praça, Zilamar expõe as obras em duas salas do museu, localizadas uma no piso superior e outra no subsolo.

O trabalho “conserva a intensidade e vivacidade própria do ambiente orgânico, precisamente no colorido mosaico de linhas, fibras e camadas de seus tridimensionais”, conforme divulgado pelo museu. 

Muitas camadas, sobreposições, fibras naturais e outros elementos orgânicos são utilizados com experiências da “memória” de cada material, como frutas consumidas, pele animal, lãs de ovinos e tecidos manuais.

A exposição de Zilamar traz texturas visuais com foco na encáustica, uma técnica de pintura caracterizada pelo uso da cera de abelha, resina e calor.

“O meu interesse em “Superfície e Alma” é também como o direito e o avesso das coisas mais comuns existentes na natureza e na figura humana”, comentou ela.

Zilamar utiliza uma paleta de cores resultante de técnicas de coloração tradicionais e experimentais, além da combinação de múltiplos reagentes químicos naturais.

Na sobreposição de camadas de materiais no trabalho, e na incorporação de fibras e outros elementos orgânicos, a artista destaca “os fluxos de cores que se encontram no organismo vivo”.

Os tridimensionais da artista revelam uma fusão entre releituras de formas existentes na natureza, na figura humana e “no particular de cada um”.

“Diante do trabalho, o observador é desafiado a criar suas impressões no entrelace das camadas simbólicas que se apresentam ali”, comentou Zilamar.

Diretora do museu, Raquel Fayad informa que é a segunda vez que a artista plástica vem para a cidade. No final do ano passado, ela trouxe uma instalação que fez sucesso na entrada do “PS”, e, neste mês, apresenta uma exposição completa.

Raquel ressalta que a intenção do museu com as exposições de arte contemporânea é desenvolver um pensamento crítico aos visitantes. “Também é interessante porque foge do convencional, não é uma arte clássica ou acadêmica. A pessoa entra e tem que pensar porque ela gosta ou não gosta daquilo”, comentou.

Para a diretora, é importante que os visitantes possam entrar em contato com o que se faz no mundo da arte. “É uma alegria, porque poder trazer arte contemporânea de qualidade e mostrar às pessoas de Tatuí o que acontece no nosso Estado é muito interessante”, disse ela.

“A Zilamar é uma artista que vem fazendo uma pesquisa muito séria em cima de diversos materiais diferentes, e não só a exposição, mas a vinda dela para o museu, o contato com o educativo e com as pessoas que estiveram na abertura foi muito importante, porque ela fala da pesquisa dela e traz para as pessoas o cotidiano e a realidade do artista”, argumentou.

Ao longo da última década, “Zilamar vem discutindo em seu trabalho as propriedades multidimensionais da essência do que é vivo e orgânico”, segundo aponta.

O trabalho dela se assemelha a técnicas têxteis milenares e se insere na arte contemporânea, “A flexibilidade das mídias que eu utilizo permite a simultaneidade do conceitual e do material”, declarou.

A relação de Zilamar com a obra dela estabelece-se no percurso da artista como instrumentadora cirúrgica, motivo pelo qual, segundo ela, possui “apreço e habilidade para o trabalho manual minucioso e delicado do tratar das fibras, e também por meio de memórias da infância observando seu pai criando e transformando objetos pela casa”.

Além da exposição, o museu segue com a programação do MIS (Museu da Imagem e do Som), que apoia e promove o acesso ao cinema nas cidades do Estado.

Os curtas e longas são encaminhados pelo MIS numa lista, para que a equipe do museu os selecione. “O educativo busca escolher os filmes mais interessantes, que se assemelhem ao material que o museu está apresentando, seja nas exposições, datas comemorativas ou no que está acontecendo na cidade”, comentou Raquel.

As sessões acontecem durante todo o mês, mas a diretora ressalta que, em alguns casos, quando a procura pelo filme é grande, a programação aumenta, com autorização do MIS.

No mês de janeiro, o museu exibe o curta “Um Dia… E Logo Depois um Outro”, dos diretores Nando Olival e Renato Rossi. A classificação é de 12 anos.

O longa fica por conta da comédia “Tapete Vermelho – Ele só Queria ver um Filme do Mazzaropi”, que retrata a história de Quinzinho (Matheus Nachtergaele), o qual tem uma promessa a cumprir: levar o filho Neco (Vinicius Miranda) à cidade para assistir a um filme de Mazzaropi.

Na jornada, eles encontram peculiaridades regionais e passam por situações relacionadas à crendice popular. A direção é de Luiz Alberto Pereira e a classificação, de dez anos.

Os filmes são apresentados de terça-feira a domingo, com sessão às 9h e 14h no auditório do museu. Caso alguém tenha interesse em ir com grupos, mas não possui disponibilidade nos horários estabelecidos, pode ligar para o telefone 3251-6586 e agendar horário diferenciado para exibição.

Raquel revela que o museu reserva novidades para os próximos meses, com novas exposições, oficinas, apresentações musicais e teatrais. Afirmou, também, que, em breve, haverá oficina com Zilamar.

A diretora afirma que pretende programar novas atividades a partir do que o público sugerir, desde que as ideias “se comuniquem” com aquilo que a equipe do museu acredita ser a missão da instituição cultural.

“A intenção do museu, neste ano, é aproximar cada vez mais um público atuante, que traga para nós participações e ideias, e que preserve a memória e história da cidade, além de observar e atuar na nossa realidade”.

Ressalta, também, que a equipe evita repetir escolhas e busca conteúdos ainda não apresentados na instituição.

“Para 2016, a programação está muito interessante. Já temos várias exposições programadas, algumas de arte contemporânea; outras, que contam um pouco da história da cidade; e exposições que trazem à tona o nosso acervo”, concluiu.

As inscrições para as oficinas de arte e ioga da sexta edição do projeto “Férias no Museu”, intitulado “Nós e a Natureza”, foram encerradas, mas ainda há vagas para a oficina de literatura, com crianças e adolescentes de 13 a 16 anos. A inscrição segue até a segunda-feira, 18, e a programação acontecerá de 19 a 22, das 15h às 18h.

O museu fica aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 8h30 às 17h. Aos sábados, domingos e feriados, o horário de funcionamento é das 9h às 17h. A entrada é gratuita e o museu localiza-se na praça Manoel Guedes, 98.