Exposição no museu procura “mostrar o que é invisível”

Sonia Botture entre as duas fotografias do marido traído (foto: Francis Jonas Limberger)

Qual seria a representação visual da dor? Ou que verdades estariam por trás de cenas que julgamos definitivas após um olhar? Um grupo de artistas independentes apresenta respostas para essas e outras perguntas por meio de obras expostas no Museu Histórico “Paulo Setúbal”.

A exposição “Universo Invisivelmente Visível” teve abertura na quinta-feira, 2, e segue em cartaz até o dia 14 de janeiro. O evento contou com a presença do secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, e do diretor do Departamento de Cultura, Rogério Vianna.

São apresentadas obras de Iolanda Cimino, Kazuhe Shizuru, Rita Caruzzo, Sandra Lozano, Sônia Botture e Zilamar Takeda. Cada uma trabalha com técnicas, materiais, temas e abordagens bem distintas.

Sonia Botture, por exemplo, apresenta seis obras em grandes tecidos de microfibra. Trata-se de trabalho que une arte, fotografia e, até, investigação. Os temas resumem três situações, cada uma por meio de duas fotos. A primeira sempre antecipa uma explicação que seria invisível se olhado apenas o problema mostrado na segunda imagem.

Assim, na primeira situação, há a foto de uma garota na faculdade e, na sequência, uma foto dela se prostituindo para pagar os estudos.

A segunda situação tem a foto de um homem que presencia a traição da mulher. Logo após, o marido traído parte para o alcoolismo.

O terceiro quadro trata de uma garota bebendo e fumando em uma festa. Na sequência, ela aparece usando drogas pesadas.

“Nós não sabemos, de fato, a realidade. A gente critica a menina que se prostitui, o homem que bebe ou a menina que usa drogas. Mas, não sabemos os motivos. Isso é o invisível”, comenta Sonia.

A artista afirma que fotografou pessoas passando e ignorando o alcóolatra, mas preferiu não incluir essas imagens no trabalho. “De todo modo, é um exemplo de como os problemas vividos por esses personagens são invisíveis para muitas pessoas. A garota drogada, com certeza, é invisível para a família dela”.

As fotos são o resultado de três meses de intenso acompanhamento das personagens – as três exibidas na mostra e várias outras, com as quais o trabalho não deu resultados. “Entrei totalmente na vida dessas pessoas. Evidentemente, estava autorizada para tanto”, explica.