Executivo resolve questão de falta de médicos e pode levar modelo í  UPA





Arquivo o Progresso

Vista aérea da UPA mostra construção no ano passado; unidade deve contar com médicos terceirizados

 

A falta de médicos no quadro do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto” deixou de ser problema para a Prefeitura. O Executivo conseguiu resolver o problema relacionado à contratação de profissionais por meio de convênio com a Santa Casa.

Anunciado no final de maio, o acordo incluiu a contratação de uma nova equipe médica, por meio de terceirização via Santa Casa, para a retaguarda junto ao PS. O modelo, conforme adiantou o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, pode ser levado para a futura UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Ele é apontado como solução para um problema que se agravou por conta de um atrito entre o vereador Dione Batista (PDT) e médicos do ambulatório. Em maio deste ano, o parlamentar divulgou vídeo em rede social no qual aparece dentro do pronto-socorro e afirmando que dois médicos estavam dormindo em horário de expediente.

As imagens foram compartilhadas por outros usuários e mostraram somente o interior do ambulatório. Por meio delas, não é possível verificar se a afirmação do parlamentar – de que os médicos estavam dormindo – era verídica.

Na época, a coordenadora municipal de urgência e emergência, Roberta Lodi Molonha Machado, refutou a afirmação. Ela disse que as imagens mostravam que “não havia grande fluxo de pacientes” e que em situações como aquela, os médicos fazem uma escala de revezamento, a fim de descansarem.

A coordenadora declarou, ainda, que o caso repercutiu “de forma muito negativa no ambiente de trabalho”. Roberta afirmou, também, que “percebeu funcionários descontentes e coagidos” e que dois deles haviam pedido afastamento do cargo. Também alegou que não havia outros para substituí-los.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Máximo Machado Lourenço, a Prefeitura conseguiu reverter a situação por meio do convênio com o hospital.

“Aquela atitude (do vereador), realmente, nos atrapalhou muito. Nós tivemos dificuldades naquele momento para conseguirmos acertar a escala de plantão. Tivemos um trabalho muito intenso e, graças a Deus, resolvemos”, falou.

Máximo declarou que o Executivo elaborou o projeto depois de um “intenso estudo”. Conforme ele, a equipe da secretaria realizou, antes, um trabalho muito grande em busca de profissionais que pudessem atuar no ambulatório.

“Hoje, estamos com escala completa para dar cobertura nos plantões”, destacou. Ao todo, oito profissionais atuam no atendimento de urgência e emergência, sendo quatro em cada plantão. “Ocorre uma troca a cada 12 horas”, disse.

Conforme o secretário, são quatro médicos das 7h às 19h e mais quatro das 19h às 7h. A equipe atua de forma dividida, com atendimentos às urgências e emergências, o chamado “porta de entrada”, e aos casos de pronto atendimento.

A contratação aconteceu por conta de um convênio com a Santa Casa. De acordo com Máximo, o hospital contratou empresa terceirizada para prestar serviço de retaguarda, com custeio feito pela Prefeitura. “Essa empresa é que disponibiliza os médicos para a cobertura do plantão do ambulatório”, comentou.

O secretário analisou que o acordo beneficiou não só o hospital, mas a população. Máximo disse que, por conta da medida, a secretaria conseguiu melhorar a gestão do atendimento, uma vez que a Prefeitura tinha dificuldades em contratar novos profissionais e manter os atuais no quadro do funcionalismo.

Também segundo ele, o Executivo ganha uma segurança com a contratação terceirizada. Isso porque, a empresa – de nome não divulgado – tem a responsabilidade de manter a escala completa, com, no mínimo, quatro médicos por plantão de 12 horas. “Isso resolve a questão que nos dava dor de cabeça”, disse.

Outra vantagem citada pelo secretário é a autonomia que o Executivo passa a ter com os novos profissionais. Máximo alegou que a secretaria tem liberdade para fiscalizar o atendimento e, com base nisso cobrar, melhorias dos terceirizados.

O modelo é uma das soluções cogitadas pela Prefeitura para a UPA e o novo prédio do Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas). Segundo informou o prefeito, os estudos estão sendo realizados pelo Executivo.

“Posso falar com 100% de certeza, sem medo de errar, que a gente acertou no pronto-socorro. Tanto que uma enquete feita pelo jornal já deu que, na média, o ambulatório teve um bom atendimento”, iniciou Manu. Conforme ele, caso o assunto volte a ser mensurado em pesquisa virtual, o resultado será diferente.

Manu frisou que a terceirização por meio de convênio com a Santa Casa foi “um achado”. De acordo com ele, a equipe médica que passou a atuar no ambulatório do município é “bem experiente e melhorou o atendimento à população”.

O prefeito também afirmou que a vinda dos novos médicos aconteceu num momento de mudança. Ele destacou o trabalho da equipe municipal de Saúde e afirmou que o Executivo visa prioridade para o atendimento à população.

“É o que eu também sempre peço para os profissionais de unidades de saúde que vou inaugurar, como é o caso do pronto atendimento no Jardim Santa Rita de Cássia”, disse. O serviço passou a funcionar no dia 3 deste mês e é um dos itens que integram plano de governo do apresentado por Manu em 2012.

Ele deve ser levado, em princípio, de forma diferenciada para o Cemem. O prefeito disse que a ideia inicial é de “terceirizar alguns setores”. “Não devemos fazer na totalidade, porque o Cemem já está instalado em Tatuí e tem profissionais lotados, mas ainda assim há falta de especialistas”, disse Manu.

Conforme ele, a secretaria está analisando quais serão as demandas para, só então, realizar a contratação por meio de terceirização. “Alguns serviços lá dentro eu vou terceirizar, porque é normal e ficam muito caros para o município”, falou.

Para a UPA, a municipalidade projeta algo “nos mesmos moldes” que o realizado no pronto-socorro. O prefeito afirmou que, além de se tratar de um projeto novo, a unidade ainda não tem equipe formada.

Citou que, como o ambulatório, a UPA deverá funcionar por período de 24 horas. “Então, eu acho que vou ter a mesma dificuldade para achar profissionais. Aí, não vejo outra saída senão fazer terceirização”, argumentou.

O Executivo ainda não tem uma definição de como se dará o novo processo de contratação de médicos via empresa particular. Entretanto, Manu afirmou que a Prefeitura pensa em realizar um novo convênio com a Santa Casa.

“Se o Departamento Jurídico assim o permitir e o hospital aceitar, também podemos entrar em entendimento para que tenhamos médicos”, declarou o prefeito.

De antemão, Manu disse que o estudo será definido perto da inauguração da UPA. Falou, ainda, que a preocupação mais imediata é com relação ao Cemem.

O novo prédio deverá exigir a contratação de mais 28 profissionais. Pelo menos essa foi a solicitação feita por Máximo ao prefeito. No entanto, Manu disse que recomendou ao secretário que revisse o pedido, em função de a Prefeitura estar com Orçamento comprometido com o índice da folha de pagamento.

Manu afirmou que o quadro do funcionalismo municipal deve aumentar por conta da inauguração de uma nova creche-escola (prevista para o início de agosto) e da construção de outras duas creches. As unidades são pré-moldadas e devem ficar prontas até o final deste ano, exigindo profissionais da educação.

“É mais gente para trabalhar, o que é a maior dificuldade que vejo dentro de uma gestão. Realizar obras até não é difícil, o complicado é mantê-las”, considerou.

Além das unidades de ensino a serem entregues, o prefeito citou que outros espaços exigirão contratações. Entre eles, está o CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), da Praça do Esporte e da Cultura, no bairro Boqueirão.

O CEU tem início de atividades programado para “o começo do segundo semestre” e exigirá mais 30 profissionais. “Isso tudo vai inchando a folha de pagamento. Então, a terceirização cai, nesse momento, como um alívio para o gestor, porque, às vezes, o gestor tem dinheiro para pagar, mas não pode contratar porque o índice da folha de pagamento sobe”, argumentou o prefeito.

Causando menos impacto no Orçamento, Manu alegou que esse tipo de contratação dá condições à Prefeitura de manter os serviços em funcionamento.

“Então, o reflexo positivo que deu no pronto-socorro devo usar na UPA e, no próprio Cemem, este último vai trazer uma nova gestão da saúde”, encerrou.