Estudantes concluem livro sobre comércios mais antigos de Tatuí­





Um grupo de 40 alunos do ensino médio da Escola Estadual “Chico Pereira” desenvolveu, sob a orientação da professora de história Maria Lúcia Quevedo, uma pesquisa sobre os estabelecimentos comerciais mais antigos da cidade. O trabalho escolar deu origem a um livro de 40 páginas.

A pesquisa teve a participação da professora de português Tatiana Pereira Bezerra e da docente de geografia Liliana Fernandes. De acordo com Maria Lúcia, o trabalho começou a ser desenvolvido em sala de aula há três anos.

“Fechamos o projeto no final do segundo semestre de 2013; em 2014, eles fizeram as entrevistas e pesquisa; e, no ano passado, escrevemos os textos”, afirmou.

As empresas que tiveram as histórias resgatadas são do ramo de comércio de alimentos: a padaria Quinze, em funcionamento desde 1949, a pastelaria Tambelli, fundada em 1948, as docerias Pingo Doce (1967) e Clara & Cia. (1942), e os restaurantes Trattoria Della Nonna (1982) e Bisteca do Caipirinha (1976). A professora afirmou que é uma coincidência as seis empresas escolhidas serem do mesmo ramo.

“Foi coincidência as empresas serem da parte de alimentos. Eles pesquisaram lojas, farmácias, supermercados e chegaram nessas seis empresas, uma por grupo”, explicou.

Até chegar à escolha dos seis estabelecimentos comerciais, os estudantes fizeram um levantamento sobre as empresas mais antigas da cidade.

“Na primeira parte, quando levantaram as empresas, eles fizeram tabelas e gráficos para que pudessem ter noção do tempo linear de cada empresa, para escolhermos as mais antigas”, contou a professora.

De acordo com a ela, a pesquisa de campo mostra aos alunos que a história e a geografia não estão somente nas páginas dos livros das escolas. Estão nas pessoas, nas empresas e na sociedade como um todo.

“Nesse aprendizado, eles puderam ver que a história mundial também influenciou as empresas locais, como a padaria Quinze. A produção precisou parar por causa da farinha, que estava escassa na Segunda Guerra Mundial”, exemplificou.

Tudo que os alunos aprenderam sobre história eles puderam comprovar nos relatos dos comerciantes mais antigos da cidade. As crises, as guerras, os momentos críticos e os mais prósperos influenciaram, de algum modo, na dinâmica da economia local.

Segundo o diretor Marco Antonio Vieira, a pesquisa ajuda no trabalho da escola, que é “levantar temas diversificados dentro de um contexto”. “A partir daí, a gente consegue localizar o aluno e intensificar o aprendizado”, apontou.

As entrevistas foram feitas pelos próprios alunos e roteirizadas pela professora em sala de aula. A professora de geografia acompanhou os alunos e supervisionou o trabalho em campo, contou o estudante João Francisco da Cruz Neto, do 3º ano.

“Foi uma experiência intensa. Preparamos as perguntas antes e, conforme nós perguntávamos, iam aparecendo mais, pela curiosidade, pela própria história. Acho que foi aguçando a nossa curiosidade”, afirmou Cruz.

O aluno, que fez trabalho sobre a padaria Quinze, disse que ficou entusiasmado com a relação de amor que os proprietários têm com o negócio. “Talvez”, na opinião dele, “a chave da longevidade das empresas”.

O grupo de Tatiane Girotto de Arruda fez a entrevista com os proprietários da doceria Pingo Doce. Com o trabalho, escolar deu para ela aprender por qual motivo a cidade é chamada de “Terra do Doce Caseiro”.

Depois das entrevistas, os alunos redigiram relatórios, entregues aos professores. Com base neles, os professores editaram e montaram o livreto. Os livros foram distribuídos para os alunos e aos entrevistados.

“Tinha uma verba pequena, que era do ‘Ensino Inovador’, mas era muito pouco. Então, a escola contribuiu com a renda da cantina para completar o valor para a impressão”, contou Maria Lúcia.