Escolas municipais oferecem 13 cuidadores a alunos ‘especiais’





AC Prefeitura

Funcionários da rede municipal de ensino participam de formação para o atendimento a alunos com deficientes

 

Os 13 alunos com algum tipo de deficiência matriculados em umas das 17 escolas municipais de ensino fundamental possuem um cuidador para auxiliar no dia a dia escolar, desde a segunda semana deste mês.

A secretária da Educação, Cultura e Turismo, Ângela Sartori, explica que esse profissional ficará responsável por apenas um aluno em período integral, auxiliando-o nas atividades da escola, tanto dentro quanto fora da sala de aula.

Ela relata que o projeto surgiu a partir de conversas com diretores, coordenadores e supervisores das escolas que recebem os alunos portadores de algum tipo de deficiência.

“No início deste ano, a rede municipal contabilizou 13 matrículas de ‘alunos especiais’ com laudo médico e, analisando cada situação, percebemos que havia a necessidade de termos uma pessoa a mais para colaborar no atendimento dessas crianças”.

A secretária reforça que é de “suma importância incluir essas alunos e, para o próprio desenvolvimento deles, é preciso que essa inclusão seja feita de forma adequada”. Segundo ela, incluir “não é só colocar a criança na escola sem dar condições para que ela seja incluída de verdade, pois isso pode gerar até mesmo uma exclusão”.

Atualmente, as escolas da rede municipal de ensino atendem crianças com deficiência visual, dificuldades motoras e cadeirantes.

No dia a dia, as escolas já possuíam uma equipe preparada para lidar com esse público, como os próprios professores da sala de aula e os profissionais do “Atendimento Educacional Especializado” (AEE), de acordo com Ângela.

Mesmo assim, a secretária afirma que não achava suficiente, pois o professor trabalha com até 25 crianças e não consegue dar a atenção que o aluno especial necessita. “Até porque, se ele for voltar os olhos para apenas uma criança, as outras 24 vão ficar desassistidas”, complementa.

O profissional de AEE e o Núcleo de Atendimento Terapêutico Educacional (Nate), segundo Ângela, também auxiliam e dão apoio com atendimentos pedagógicos, terapêuticos e psicológicos, mas em horários contrários aos das aulas.

Os cuidadores, por outro lado, vão estender o período de atenção voltada às crianças com alguma deficiência. “Eu vi essa necessidade de ter alguém com esses alunos o tempo todo, seja dentro da sala de aula, seja na hora do recreio”, destaca.

A secretária lembra que a hora do intervalo, por exemplo, é o momento que o professor tem para ir ao banheiro e beber água. Por isso, não consegue dar atenção ao aluno com deficiência.

“Tendo um cuidador, facilita tanto o lado do aluno assistido quanto o do professor. Imagine uma criança com deficiência visual que acabou de chegar à escola. Ela não está familiarizada com o ambiente e precisa de auxílio para se locomover, por exemplo. É aí que entra umas das funções dos cuidadores”, enfatiza.

Ângela informa que os principais objetivos desse novo projeto é proporcionar mais qualidade de vida para todas as crianças e para os professores, melhorar a qualidade de aprendizagem dos alunos que possuem alguma necessidade especial, promover a convivência e a inclusão.

Na opinião da secretária, as crianças que recebem os cuidadores têm mais confiança e se sentem ainda mais seguras dentro da escola. “Os alunos vão se soltar mais e estarão seguros de suas atitudes. Nosso propósito é incluí-los de verdade”.

Ela reconhece a importância de a criança estar incluída em um meio social e afirma que os cuidadores são a base para que isso aconteça nas escolas municipais.

“Não tenho dúvida de que teremos um resultado maravilhoso no que diz respeito à aprendizagem e ao desenvolvimento como um todo. Acredito que esses alunos vão produzir mais e progredir muito”, ressalta.

Por enquanto, a rede municipal contabiliza 13 alunos com necessidades especiais, e, por isso, contratou o mesmo número de estagiários para atuarem com essas crianças.

De acordo com Ângela, se existirem mais matrículas de alunos com laudo médico, haverá a contratação de mais cuidadores. “Queremos dar a mesma qualidade de ensino para cada um deles”.

Os cuidadores

Os 13 cuidadores contratados até agora são estudantes de cursos da área de saúde e foram escolhidos de acordo com o perfil requisitado para atuar com crianças que possuem alguma deficiência.

A secretária explica que não houve concurso público, por exemplo, pois era preciso avaliar cada candidato para se ter certeza de que a pessoa se encaixava na função de cuidador.

Na semana passada, os 13 cuidadores, professores, supervisores e profissionais de AEE participaram de um curso de formação, com duração de três dias, para que pudessem ter uma “base mais sólida” na hora de atuar com os alunos.

O tema dessa primeira capacitação foi deficiência visual e, de acordo com Ângela, já estão sendo agendados mais encontros de formação para tratar de outros assuntos voltados ao atendimento a crianças com deficiências.

“Queremos que todos os profissionais das escolas tenham suporte para trabalhar e desenvolver bem suas funções como educadores. Por isso, promovemos esses cursos”, destaca a secretária.

Ela também informa que, antes de os cuidadores começarem a atuar nas escolas, eles visitaram as unidades de ensino, conheceram os professores, os alunos e os pais das crianças que serão atendidas.

“Esse contato inicial é muito importante, pois, como o atendimento é individual, cada cuidador precisa saber como vai agir com determinada criança”.

Em relação à possibilidade de as creches municipais também receberem cuidadores, a secretária explica que, até o momento, não há matrículas de crianças com laudo médico.

Além disso, na visão dela, a creche já possibilita o atendimento de alunos com deficiência, pois são menos crianças por sala e há dois monitores para atendê-las. “É claro que é difícil, ainda mais porque os alunos são menores, mas é possível, sim”.

Por fim, Ângela enfatiza que a equipe municipal de educação “está muito bem preparada para atender os ‘alunos especiais’”, tanto nas escolas de ensino fundamental quanto nas creches.

“Conversamos muito com os professores e demais funcionários e, quando existe uma unidade que atende essas crianças, nós procuramos focar na situação, fazendo as capacitações necessárias para que todos possam desenvolver um trabalho adequado para essas situações”, finaliza.