Encaixe de pacientes em consultas vai ser revisto pela Secretaria

Medida adotada como alternativa para a redução das faltas, o encaixe de pacientes em consultas será revisto pela Secretaria de Saúde. Simão argumentou que fará mudanças por entender que o modelo não é o ideal para a questão.

“Temos que acabar com isso, porque o encaixe é uma medida paliativa e, podemos até dizer, errônea. O que acontece é que a população não vai mais marcar consultas e, no dia que achar que precisa ir ao médico, vai sentar no posto de saúde ou na unidade do ESF para esperar por atendimento”, declarou.

O secretário afirmou que o ideal é a pessoa que precise de tratamento ou acompanhamento médico ir até uma unidade, passar pelo profissional e visitá-lo regularmente. De preferência, que não falte às consultas marcadas com antecedência.

Não bastasse esse “vício”, o secretário disse que alguns pacientes estão utilizando a brecha permitida pela secretaria para “escapar do trabalho”.

“Não estou generalizando, mas está acontecendo. Temos diversos casos de pessoas que não foram trabalhar, por qualquer motivo, e vão ao posto só para pegar atestado. E os médicos estão ficando chateados com a situação”, comentou.

De acordo com ele, os profissionais têm relatado à secretaria que os encaixes estão sendo utilizados por pessoas que, “aparentemente, não têm problemas”. Nos casos nos quais os médicos não cedem o comprovante, há queixas.

Entretanto, o secretário acrescentou que a cessão do atestado é uma prerrogativa exclusiva dos profissionais. “Os atestados são um ato médico. Muitas pessoas me questionam, alegando que passaram nos médicos, mas que não conseguiram o atestado. Só que eu, como secretário, não tenho como intervir sobre o ato médico. Só o médico pode responder pelo ato dele”, afirmou.

A decisão de não priorizar os encaixes também se estende ao Cemem. Atualmente, a secretaria não permite a utilização de vagas em aberto por pessoas que não tenham feito agendamento prévio com algum especialista, e, conforme a nova postura da secretaria, os encaixes não valerão para o centro.

“A população está me questionando no quesito de encaixes no Cemem. Mas, não há como haver encaixes lá, como existe nas UBSs. O centro precisa da organização por ser um local que oferece especialidades”, argumentou.

De acordo com o secretário, não há chance de a Prefeitura voltar a permitir encaixes no Cemem, como ocorria décadas atrás. O principal motivo é que, para passar pelo especialista, a pessoa precisa de guia, e os encaixes dispensam os encaminhamentos, uma vez que são possíveis com clínicos.

“Se permitirmos os encaixes, o Cemem será transformado em um pronto atendimento de especialidades. Além disso, o número de reclamações iria disparar, porque as pessoas poderiam correr o risco de perder o dia todo no aguardo e, ainda assim, não serem atendidas, perdendo dia de trabalho”, sustentou.

Também caso isso aconteça, Simão prevê sobrecarga ao pronto-socorro. Sem o atestado pelo não atendimento no centro, os pacientes procurariam, naturalmente, o “Erasmo Peixoto” para obter o documento.

“Acontece que o PS não emite atestados, somente para pessoas que estão impossibilitadas de exercer atividades laborais ou que estejam acometidas por doenças infectocontagiosas, como uma conjuntivite, por exemplo”, acrescentou.

Em entrevista, o secretário também enfatizou que a Prefeitura tem médicos suficientes para atender à demanda da população. Simão alegou que o único problema enfrentado pela municipalidade é com relação às faltas nas consultas.

“Nosso impasse está no agendamento e no não comparecimento dos pacientes. Recebi o Cemem com, aproximadamente, 4.000 pedidos de consultas de oftalmologia. Hoje, minha demanda está muito baixa”, argumentou.

A secretaria registrou 209 faltas na especialidade, de um total de 1.054 consultas agendadas. Dessas, 845 pessoas que marcaram avaliações compareceram.

Mesmo com as faltas, Simão declarou que a secretaria registra avanços em outro setor. A pasta contabilizou redução da demanda reprimida de exames e consultas de alta complexidade, disponibilizada via Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), pela DRS (Departamento Regional de Saúde).

Conforme o secretário, a equipe assumiu a secretaria com 15.528 solicitações de exames e consultas. Em oito meses, a municipalidade somou, por meio da central de vagas, 29.449 pedidos, com agendamento de 32.650 procedimentos (entre consultas e exames).

Com isso, conseguiu reduzir a demanda reprimida em 20,61%, atendendo a 3.201 pacientes que estavam em aguardo.

“Se tivéssemos pego zerado, estaríamos com saldo positivo de consultas”, emendou o secretário. Mesmo assim, a pasta municipal pode não conseguir zerar a demanda nos próximos anos, se o atendimento continuar no mesmo ritmo.

Uma das explicações é que os pedidos são atendidos pelo governo do Estado e não pelo município. Os dados da secretaria mesclam agendamentos de serviços oferecidos pelo DRS e pela municipalidade. Ocorre que a maior parte dos pedidos que estão parados dependem do Estado.

Entre as demandas, estão os pedidos de cirurgias bariátricas. Conforme o secretário, há casos de pessoas que aguardam autorização de cirurgia há quatro anos. Os prazos variam conforme a necessidade, como as cirurgias de joelho, que levam menos.

“Mesmo com tudo isso, gostaria de acalmar a população e dizer que estamos trabalhando para melhorar a Saúde, mas que empregamos o critério de prioridades e gravidades. No momento, vamos atender aos pacientes que aguardam consultas com os cardiologistas, e assim por diante”, explicou.

Até este mês, 444 pessoas aguardavam na fila de espera para consulta com cardiologistas no centro de especialidades. Simão espera zerar a demanda até outubro.

O secretário antecipou que, na segunda quinzena deste mês, vai disponibilizar cem consultas a mais. Em outubro, a pasta atenderá 300 pedidos a mais.

“Com isso, esperamos resolver o problema, mas só conseguiremos se todo mundo comparecer às consultas. As pessoas precisam saber que não perderão a vaga se não puderem ir, mas elas devem avisar que não irão”, enfatizou.

A indicação para quem não tiver telefone é de que procure a unidade básica de saúde para que os profissionais possam reagendar os compromissos com os médicos.

“Qualquer problema que as pessoas tiveram, com recepção na questão da atualização do cadastro, deve ser comunicado à secretaria, ou via ouvidoria”, concluiu.