Empresárias tatuianas comentam sobre as mulheres no comércio





Amanda Mageste

Luciana Junqueira Poles acredita que a mulher empreendedora consegue entender bem o que as clientes desejam

 

De acordo com Paulo Alves de Moraes Neto, gestor do escritório regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), não é possível levantamento sobre todas as empresas da cidade de propriedade de mulheres, porém, “a procura para abrir o próprio negócio é muito grande”.

Luciana Junqueira Poles, empresária no segmento de roupas, possui loja na cidade há 23 anos e afirmou que abriu o negócio porque é de uma família que já trabalha há anos com comércio.

“Eu já tinha esse gosto do comércio, praticamente fui criada dentro dele. Então, decidi abrir um negócio em uma área que gostava mais, que é de roupa”, contou a empresária.

Luciana trabalha com moda feminina “plus size” e disse que começou no ramo porque já tinha um comércio de roupas para mulheres, mas percebia muita procura de vestimentas de números maiores e pouca mercadoria no comércio em geral.

“Acredito que, exclusivamente, só eu trabalho com ‘plus size’. No começo, foi difícil encontrar esse tipo de roupa, pesquisei muito até conseguir algumas confecções em São Paulo que atendessem aos meus desejos e, sem querer, fui transformando a loja. Hoje, estou há 15 anos trabalhando com ‘plus size’”, explicou.

De acordo com Luciana, quando ela iniciou o comércio, sentiu bastante dificuldade porque era muito nova e demorou a conquistar clientes. Depois que começou a vender ‘plus size’, sentiu dificuldade em encontrar mercadorias, e, novamente, com o tempo foi conquistando lugar na área comercial.

Luciana afirmou que gostaria de aumentar o negócio, mas acredita que o mercado está muito difícil e, como tem filhos e família para cuidar, ficaria “mais corrido do que já está”.

Conforme Luciana, ela fica muito tempo no trabalho e, se decidisse aumentar ou precisasse se dedicar ainda mais, seria muito mais difícil administrar casa e comércio, o que, por enquanto, ela consegue fazer bem.

Luciana disse que a mulher frente aos negócios, principalmente no segmento de roupa feminina, “consegue melhores resultados porque entende melhor o que a clientela quer, o gosto das pessoas, e acaba simplificando as escolhas”.

Lúcia Bonini Favorito, dona de uma loja de artigos para presentes e presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial), tem o próprio negócio há 14 anos.

Segundo ela, a loja começou pequena e, com o tempo, foi aumentando e, atualmente, está em reforma. Lúcia decidiu transformar o negócio, que vendia presentes e brinquedos, somente em comércio de decoração para casa e listas de casamentos.

“Abri para ter um objetivo de vida, porque meus filhos eram menores e eu queria ter um objetivo de trabalho. Sempre gostei. Comecei, primeiro, com uma confecção de jeans; depois, com uma loja pequenininha, e fui crescendo com o próprio dinheiro”.

“Comecei com presentes e brinquedos e, agora, vou ficar só na decoração, porque eu me encontrei mais nessa área. Consegui selecionar aquilo que será melhor para mim. Sempre fiz tudo com muito carinho e, agora, consegui focar somente em uma área, naquilo que eu gosto”, afirmou.

De acordo com Lúcia, para a reforma do negócio, ela contou com a ajuda do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). A presidente da ACE comentou que “a rotina é difícil e puxada”, mas que ela consegue resolver os problemas do empreendimento e da associação com tranquilidade.

“É um desdobramento realizante, porque eu estou em função do comércio, que é uma coisa que eu amo. Então, estou trabalhando para outros comerciantes, para mim e para a cidade também”, afirmou Lúcia.

Ela argumentou que a mulher frente aos empreendimentos é muito diferente do homem, “porque realiza os serviços com mais intensidade”.

“A mulher olha com um olhar mais romântico para as coisas. Então, tudo que ela faz, faz com mais paixão, e dá muito certo”, finalizou a presidente.

Renata Maria dos Santos possui um pet shop há sete anos e disse que a escolha do ramo foi por acaso.

“Eu tive uma loja, uma vez, e não deu certo, não foi muito meu ramo. Aqui, foi sem querer, entrei para trabalhar com uma amiga e, por fim, ela não quis mais o negócio, e eu acabei comprando, porque havia me adaptado e gostava muito do serviço que eu desenvolvia”, afirmou.

Ela disse que, atualmente, não encontra problemas no empreendimento. Porém, quando iniciou, foi difícil “colocar em ordem” o local e estabilizar a parte de funcionários.

De acordo com Renata, a rotina de cuidar da casa e do negócio é muito corrida e cansativa, mas ela diz conseguir equilibrar as funções de dona de casa e empresária.

Renata afirmou que, devido à “correria do dia a dia”, não pretende aumentar o negócio, mas ela acredita que, em dois anos, conseguirá mexer no empreendimento para atrair mais clientes.

Segundo Renata, a mulher à frente dos negócios “oferece visão ampla e mais alternativas para enriquecer os empreendimentos”.

Marisa Teresa de Melo Vieira Grandino possui negócio de cosméticos na cidade há 30 anos. Atualmente, está com duas franquias do ramo, e não pensa em parar. Está construindo mais uma e é proprietária de mais três negócios. “Aqui, é minha vida, não quero parar nunca”, afirmou.

Marisa conta que, como começou muito cedo nos negócios, encontrou bastante dificuldade. “Naquela época, era difícil, não tinha computador, não tinha nada. Chegavam tabelas por correios, cada três dias era uma tabela nova, e a gente ficava toda perdida. Mas, hoje em dia, nós temos um suporte muito bom”, salientou.

Segundo Marisa, ela procura ficar sempre nas lojas para saber tudo que ocorre e dar suporte aos funcionários, que ela calcula serem quase 20 pessoas.

“Não sei como faço, mas sempre estou nas lojas. Fico mais na ‘central’, que é onde faço todos os pedidos, mas tento, pelo menos uma vez por semana, estar em cada ponto, pois sempre há um lugar que precisa mais de mim”, afirmou.

De acordo com Marisa, o segredo para estar há tanto tempo frente aos negócios é entender os desejos dos clientes e saber o que eles querem.

“É a gente querer ajudar resolver os problemas do cliente, com trocas, maquiagens legais, enfim, estarmos preparados para isso. E alegria sempre, que é o principal de tudo”.

Prêmio Sebrae

De acordo com a assessoria de imprensa do Sebrae, a produtora de flores comestíveis Débora Costa Gaiotto, de Cerquilho, ficou em terceiro lugar na categoria produtora rural, pelo Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. A cerquilhense disputou a premiação com representantes de todos os Estados brasileiros.

A final foi disputada por 66 mulheres, sendo que nove foram premiadas, três em cada categoria (microempreendedora individual, produtora rural e pequenos negócios).

Todas receberam um selo específico da etapa, uma viagem de capacitação em território nacional e viagens internacionais. Para as nove finalistas, a empresa Google oferecerá uma visita guiada (“Google Day”), em que as empreendedoras conhecerão soluções “on-line” para os negócios.

Segundo Bruno Caetano, diretor superintendente do Sebrae-SP, “o prêmio é importante porque estimula e acelera o processo de promoção da igualdade no mercado de trabalho”.

“Queremos que essas mulheres sirvam de exemplo para que outras aceitem o desafio de se tornarem empreendedoras e promovam maior igualdade no país”, ressaltou Caetano.