Em 5 anos, 60% dos formados no Conservatório ‘ganham’ mercado





Apesar da atual crise econômica que assola diferentes setores do país, apostar em formação profissional na área cultural ainda pode ser sinônimo de empregabilidade. Pelo menos é o que indica levantamento feito pelo Conservatório de Tatuí.

Nos últimos cinco anos, 62% dos alunos que se formaram em música ou artes cênicas ingressaram no mercado de trabalho ou em respeitados centros acadêmicos.

O levantamento, realizado pelo setor de comunicação da instituição, levou em consideração os alunos que participaram das cerimônias de formatura nos últimos cinco anos (2010-2015). São estudantes vindos das unidades de Tatuí e de São José do Rio Pardo.

Desconsiderando-se os que finalizaram oficinas técnicas ou cursos de curta duração, como os de musicalização para educadores e oficinas de cenografia, maquiagem ou sonoplastia – parte da formação das áreas de educação musical e de artes cênicas –, em média, 70 alunos finalizaram os cursos de música, luteria ou artes cênicas. Desses, 62% ou ingressaram em centros acadêmicos ou atuam profissionalmente em diversos pontos do Brasil e de outros países.

“O número indica que a missão da instituição, que é a de formar profissionais, vem sendo cumprida. E mais: apesar da profissão de músico muitas vezes ser ainda pouco valorizada, há cada vez mais espaço para bons profissionais no setor”, destacou o diretor executivo Henrique Autran Dourado.

“Acreditamos que esse número possa ser ainda maior, uma vez que os músicos que atuam informalmente não puderam ser mapeados”, complementou.

Entre os formandos de 2010 a 2015, há alunos que ingressaram em respeitadas universidades do país. Foram cinco na Unicamp (Universidade de Campinas); sete na Unesp (Universidade Estadual Paulista); e sete na USP (Universidade de São Paulo).

Também há sete egressos na UFScar (Universidade Federal de São Carlos); um na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais; um na Escola de Música e Belas Artes do Paraná; além de outros que ingressaram em centros, como: Unimes – Santos; Universidade Vale do Rio Verde – Unincor; FMU; UniRio; UFRJ; Unip; Uniso; Anhembi-Morumbi e Faculdade Cantareira.

Há, ainda, os que seguiram em outros centros de música, como a Escola Municipal de Música em São Paulo e a Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo) “Tom Jobim”.

“Destacam-se, ainda, os alunos que ingressaram em respeitados centros acadêmicos nos Estados Unidos e França”, disse, em nota à imprensa, o diretor Dourado.

Nos Estados Unidos, há alunos que foram admitidos na Universidade de Minnessotta (Giovani Briguente, flautista), Berklee College of Music (Lucas Amorim, percussionista) e Universidade do Arizona (Rafael Marques, trombonista).

Da Universidade da Georgia, retornou o trompetista Samuel Proença. Na França, a flautista Gilonita Pedroso acaba de se formar pela Universidade de Paris – Vincennes Saint-Denis; e Bruno Carneiro inicia seus estudos em saxofone neste ano.

Na Alemanha, Felipe de Souza, depois de se formar pela Universidade Federal do Rio Grande do sul, inicia mestrado na Hochschule für Musik, em Karlsruhe. Na Suíça, a flautista Isaura Melo – que se formara no Conservatório de Tatuí e, depois, na França – faz mestrado na Zürcher Hochschule der Künste. Na Espanha, Marcus Toscano faz apresentações violonísticas com sucesso.

“Todos são alunos que foram destaques dentro do Conservatório de Tatuí e trilham, com o mesmo brilho, a carreira internacional, ampliando o que já era uma tradição na instituição: o envio de excelentes estudantes para os mais importantes centros acadêmicos”, destacou Autran Dourado.


Mercado profissional

No mercado profissional, os números são ainda mais expressivos. Embora o mapeamento de músicos autônomos não tenha sido realizado, a grande maioria dos formandos atua em escolas, organizações sociais, orquestras e bandas profissionalmente, contratados via CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), o que demonstra “estarem dentro de todos os benefícios trabalhistas”.

Dos 218 formandos colocados no mercado de trabalho, 21 atuam como professores especificamente em polos do projeto Guri. Conforme o Conservatório, há, entre os que ainda estudam na instituição, outra dezena de professores.

O estudo do Conservatório aponta que o grande polo empregador de músicos de música clássica são bandas e orquestras estaduais e municipais. Mais de 55, nos últimos cinco anos, ingressaram em grupos, que são da capital.

Entre eles: Orquestra de Câmara da USP, Orquestra e Banda Jovem do Estado (11), Banda Sinfônica do Estado, Orquestra Experimental de Repertório (3), Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, Sinfônica de Piracicaba, Sinfônica Municipal de São Paulo, Filarmônica de São Carlos, Orquestra Jazz Sinfônica de São João da Boa Vista, além de grupos em outros estados.

Como exemplos, estão: Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas, Orquestra Sinfônica do Paraná, Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio de Janeiro e Orquestra Sinfônica do Espírito Santo.

“Dentre os músicos empregados, verifica-se que fagotistas e oboístas formados chegam a atuar em até três empregos, dada à carência no mercado desses profissionais”, enfatizou por meio de nota o diretor Autran Dourado.

Redes municipais e estaduais de ensino – incluindo conservatórios e escolas municipais de música – absorveram 45 alunos formados nos últimos anos, não somente no Estado de São Paulo, mas no Paraná, como no Teatro Guaíra Escola de Dança, por exemplo.

Há, ainda, dois que após a formatura foram aprovados em processos seletivos no próprio Conservatório de Tatuí e integram grupos pedagógico-artísticos. Escolas particulares de ensino e de música absorveram outros 27 agora profissionais da música.

Em outras organizações sociais, como a Academia da Osesp e a SP Escola de Teatro, ingressaram cinco alunos formados. Em universidades federais (como a Federal do Acre e de Goiás) lecionam dois alunos. Na área de artes cênicas, um aluno formado atua na importante Cia. Teatro de José Celso Martinez.

Outros 49 músicos e atores atuam profissionalmente em bandas de música popular e de choro, ate-liês de luteria, estúdios de gravação e grupos independentes de teatro, vários deles premiados na cena nacional.

Internacionalmente, destacam-se Vinicius Masteguim, percussio-nista empregado pelo grupo Blue Man em Las Vegas (Estados Unidos) e Wellington Gabriel, integrante da Filarmônica de Israel.

Há, ainda, o trombonista Wilder Gonzales, integrante da Sinfônica Nacional do Paraguai e seis peruanos e dois chilenos que regressaram a seus países de origem e, atualmente, lecionam como professores em faculdades como a Católica do Peru, Universidade de Santiago e integrantes de grupos como a Sinfônica de Arequipa e Filarmônica de Lima.

“É interessante notar que os estrangeiros retornam profissionais da música e trabalham em seus países com o aprendizado obtido no Conservatório de Tatuí”, disse Autran Dourado.

Embora não mensurado, um mercado crescente de emprego para músicos é de eventos. Enquanto músicos de orquestras ou grupos informais, muitos profissionais atuam como free-lancers em eventos como casamentos, área na qual já há várias empresas especializadas na prestação de serviços específico para música.