Educação para Mercado de Trabalho será levado para o público externo





Desenvolver habilidades em jovens de forma a permitir que eles consigam trabalhar é o foco do programa Educação para o Mercado de Trabalho aplicado pela Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Coordenado por Edna Tadeu Pedro Lanzillota, o trabalho é uma espécie de cursinho preparatório, no qual são ensinadas noções de civilidade e de segurança.

Participam do programa jovens que concluíram a escolarização na Escola de Educação Especial “Wanderley Bocchi”, mantida pela Apae, e assistidos que frequentavam oficinas na instituição. “É traçado um perfil do aluno, por meio da coordenação e junto com professores”, disse a professora Sheila Hatsue.

As principais características avaliadas são assiduidade e grau de independência. Conforme Edna, os alunos que saíram da alfabetização possuem um grau de instrução alto. Entretanto, não conseguem avançar mais se continuarem a ter lições como até então vinham fazendo antes da formação.

“Então, o que estamos fazendo aqui é preparando os adolescentes para serem inseridos no mercado de trabalho. Atualmente, muitos jovens portadores de deficiência estão sendo convocados pelas indústrias e a Apae está fazendo parte desse trabalho, por meio de ação social”, disse a coordenadora.

A preparação fica a cargo de Sheila e de Maristela Cavalheiro, que lecionam nos módulos 1 e 2, respectivamente. Cada um é completado em um período de um ano, tendo o curso – no modelo atual – duração de dois anos. A entidade pretende, ainda, implantar os módulos 3 e 4, ampliando a duração para quatro anos.

O trabalho de educação é apoiado pela equipe de assistência social da Apae. Ele difere do Emprego Apoiado porque consiste na preparação dos assistidos e não na inclusão direta deles nas linhas de produção das empresas locais.

No Emprego Apoiado, além do treinamento “in loco” (nas indústrias), a entidade precisa fazer ação de sensibilização das famílias para que os PCDs aceitem trabalhar. A assistente social Daliane Araujo Miranda explicou que muitas famílias temem perder o BPC (benefício de prestação continuada), usado na maioria das vezes para garantir o sustento e as condições de vida dos deficientes.

No programa de educação, tanto o foco como o público são outros. Cada módulo tem 800 horas de carga horária. Elas são divididas em grade curricular totalmente diferenciada da escolarização. “Nós não temos português ou matemática. Temos desenvolvimento humano e cidadania”, disse Sheila.

Responsável pelo módulo 1, a professora ensina aspectos da higiene, saúde e de cidadania. As instruções incluem conhecimento de ética, cidadania e a importância de os jovens tirarem documentos como CPF (cadastro de pessoa física) e título de eleitor. “Nós também tratamos de conduta moral e de comunicação, ensinando as pessoas a perderem a timidez”, complementou.

Os alunos passam por avaliação bimestral que não é feita em forma de prova. Ela é contínua e fica a cargo do professor. Sheila disse que observa o desempenho dos jovens e a resposta que eles dão aos conteúdos ministrados.

A lista de instruções inclui noções de trânsito e segurança do trabalhado. Todos os assuntos são abordados em aulas teóricas e práticas. “Nós saímos da unidade para que eles conheçam a realidade. O mesmo com o sistema monetário (utilização do dinheiro). Nós preparamos os alunos para o mundo”, disse.

O sistema de ensino conta com palestras ministradas por parceiros. A Elektro, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Tatuí, faz orientações voltadas à segurança do trabalho. Além da lousa, vídeos e outros recursos multimídias são utilizados para reforçar os conteúdos.

Caso do sistema de processos organizacionais, no qual os jovens aprendem a arrumar um armário e organizar documentos de forma a desenvolver competências. Os alunos também aprendem sobre pontualidade e assiduidade. Por fim, recebem informações e absorvem conhecimentos sobre como usar os recursos tecnológicos disponíveis (computadores e outros dispositivos).

As matérias são abordadas nos dois módulos, de modo mais superficial no primeiro e mais aprofundado no segundo. Elas seguem diretriz do MEC (Ministério da Educação) e devem ser oferecidas, no decorrer do ano, ao público externo.

Conforme Sheila, a Apae pretende expandir o programa para alunos das redes municipal e estadual que apresentem dificuldade de aprendizagem ou limitação cognitiva. A ideia é que eles possam frequentar a Apae no contraturno.

O programa integra nova linha de trabalho assumida pela Apae desde 2013, conforme Maristela. A professora aceitou desafio de trazer para a parte pedagógica questões que fugiam ao cotidiano escolar. “Não existe um material pronto. Tudo que está aqui, nós estamos adaptando conforme o que a diretriz estabelece que tenha de constar nos módulos”, descreveu a educadora.

Nos próximos meses, o programa deverá funcionar em conjunto com o Emprego Apoiado. As duas iniciativas surgiram em separado, porque vislumbram públicos diferentes.

Entretanto, elas têm em comum o objetivo de orientar. “A ideia é juntar os dois, porque vai ser muito mais efetiva, mais fácil a inclusão”, encerrou Daliane.