O Balleteatro Fred Astaire promove, neste final de semana, duas sessões do espetáculo “Eclético”. As apresentações fazem parte da programação de fim de ano da escola de dança e acontecem no teatro “Procópio Ferreira”, do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.
O espetáculo será encenado no sábado, 17, às 20h, e no domingo, às 19h. A expectativa é que a montagem lote os 429 assentos do “Procópio Ferreira” em cada um dos dias de apresentação. A sala fica na rua São Bento, 415, no centro.
A montagem une apresentação musical e de dança e terá uma inovação neste ano. Diferentemente do que ocorria até o ano passado, quando o show tinha um tema central, neste ano funcionará como se fossem “múltiplos espetáculos” de diversos estilos de dança.
“Optamos por um show eclético, dando a liberdade para os professores criarem e escolherem as músicas, como se fossem vários espetáculos em um só, sem a obrigação de uma coisa estar ligada com a outra”, explicou Ana Cristina Machado, sócia do Balleteatro Fred Astaire.
A programação prevê a encenação de uma peça teatral na abertura do show. “Os Dois Turrões” conta a história de um casal para o qual tudo é motivo de briga. O texto é de Tatiana Belinky e terá duração de aproximadamente 15 minutos.
Logo em seguida, meninas do projeto “Lar Espaço Feliz” fazem apresentação de canto coral. A participação é decorrente de ação social voltada ao desenvolvimento de coral montado em parceria entre o Lar Donato Flores e o Balleteatro Fred Astaire. Os alunos cantarão sob a coordenação de Ricieli Helena Proença.
Como o próprio nome do espetáculo diz, a apresentação de danças será eclética e inclui dez estilos: balé clássico e moderno, jazz, sapateado, dança do ventre, street dance e danças de salão, como tango, samba, bolero e zouk.
A apresentação de street dance será “dominada” por meninos que estudam em escolas públicas, segundo a sócia Mirella Arena. Os estudantes foram “adotados” pelo espaço de dança e participam de aulas do estilo de dança, ministrada por um professor voluntário.
“O projeto se chama “Up”, no sentido de botar para cima e também pelo fato de o professor voluntário ser proprietário da Up Convênios”, explicou Mirella.
Do universo de 250 bailarinos que se apresentarão neste final de semana, 80 são participantes dos projetos Up e Lar Espaço Feliz. O grande número de dançarinos exige rigor na organização dos ensaios e dos preparativos no dia da apresentação. “Nós acabamos sendo meio militares na organização dos ensaios no teatro”, salientou Ana Cristina.
O dinamismo das apresentações tende a “sacudir o público”, conforme as professoras do Balleteatro Fred Astaire. São 28 coreografias que agradarão homens, mulheres, crianças e idosos que estarão na plateia.
“Nós formulamos as ordens das apresentações pensando nas reações que o público terá ao ver. Os homens gostam da dança do ventre, as mães levantam dos assentos quando veem os bebês dançando ou então quando chega o sapateado. Nós misturamos diversos estilos para que o espetáculo não entre no marasmo”, explicou Mirella Arena, sócia da escola de dança.
Os preparativos para o espetáculo já duram três meses, segundo Mirela. Além da formatação das coreografias de diferentes turmas, a equipe de direção da peça também escolheu as músicas que serão tocadas na apresentação especial.
O planejamento se estendeu ao design de figurinos, gerenciamento dos trabalhos das costureiras, que fizeram as roupas, acessórios e adereços usados na peça. A cenografia e a iluminação também foram pensadas de forma antecipada pela equipe do Balleteatro Fred Astaire.
A participação dos alunos da escola no espetáculo de fim de ano é considerada satisfatória, segundo Mirella. Mais de 80% dos dançarinos que praticam no Fred Astaire estarão nas apresentações.
De acordo com a professora, o percentual de alunos está aumentando com o passar dos anos, na medida em que eles ficam menos inibidos e ganham prática na dança. A participação masculina também é crescente. “Os homens participam bastante na dança de salão, no ‘street dance’ e estamos vendo que devagar estão indo para o sapateado”, opinou.
Segundo as sócias da escola da dança, a apresentação tem papel importante no aprendizado dos alunos. Entre os benefícios estão o incentivo ao trabalho em grupo e o respeito ao próximo, além da perda da inibição de apresentar-se a um grande número de pessoas.
Para “quebrar o gelo”, os professores da escola promovem mensalmente o “Vivarte”. Os alunos se apresentam a um pequeno grupo de espectadores. O espetáculo é realizado na maior sala da Galeria Mangueiras, onde está instalada a escola de dança.
“Tem apresentações de música, dança e teatro. Nós montamos um pequeno auditório, colocando cadeiras para o público. Isso ajuda a desafiar os alunos a se superarem”, declarou Ana Cristina.
As miniapresentações e o festival de final de ano servem para que os alunos também vejam a própria evolução ao longo dos meses de estudo de dança. Alguns deles se surpreendem com o que fazem no palco, de acordo com as professoras.
“Eu acho que para eles, a adrenalina é maior quando o público é menor, pois os alunos estão vendo o público e podem se sentir pressionados. É um desafio grande para eles, mas, sem dúvida nenhuma, a apresentação no Conservatório soma o glamour de um teatro com mais de 200 pessoas”, disse Mirella.
O espetáculo no Conservatório também serve de vitrine para a escola de dança. O primor dos professores pela técnica e pelo “passo a passo” no aprendizado fica aparente na apresentação no teatro.
“Sempre respeitamos a técnica e o processo. Essa geração mais nova é mais imediatista, quer aprender mais rapidamente, mas se não respeitarmos isso, ela pode ter sérios problemas de postura e articulações”, prosseguiu.
Ingresso solidário
Os ingressos para o espetáculo “Eclético” custam a partir de R$ 35, a meia-entrada. A entrada inteira custa R$ 70, porém, o público poderá aderir ao ingresso solidário. Ao doar 1 kg de ração para cães, o expectador poderá pagar R$ 35. Os alimentos arrecadados serão doados para a ONG (organização não governamental) Pró-animal.
Até a tarde de quarta-feira, 14, a organização do espetáculo havia arrecadado 350 kg de ração para cães. A meta é atingir meia tonelada de alimentos para os animais atendidos pela ONG. “É um meio de conseguirmos ajudar os cãezinhos e fazermos com que todos paguem menos pelos ingressos”, disse Mirella.
