Dermatite atópica (parte 1)

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica, que acomete pacientes alérgicos, sendo muitas vezes a primeira manifestação de alergia, não contagiosa, que atinge a criança que nasceu com tendência de apresentar alergia; normalmente acomete lactentes jovens, entre um e dois anos de idade, e pode ser a primeira manifestação da tríade que vai evoluir, também chamada de marcha alérgica, isto é, a criança com dermatite atópica pode evoluir para um quadro de rinite alérgica, com dois a três anos, e depois, por volta dos três a quatro anos, para uma asma brônquica.

A dermatite atópica virou tema de campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Segundo a SBD, esse problema crônico atinge 7% da população adulta e 25% das crianças no país.

Ele é caracterizado pela ausência da barreira de proteção da pele, o que provoca uma perda de água frequente. Ou seja: a derme dessas pessoas é mais ressecada e fica cheia de lesões avermelhadas. E isso, que fique bem claro, não passa de um indivíduo para o outro.

“A dermatite acompanha a pessoa por toda a vida. Mas, isso não significa que ela não vá viver bem. Dá para controlar a doença com medidas simples e medicamentos”. A escassez de conhecimento sobre a enfermidade gera preconceito: “A população em geral acha que ela é contagiosa. A família e o próprio paciente não sabem o que é e acabam não tratando também”.

Se isso impacta a vida social dos adultos, imagine a dos pequenos. “Essas crianças são afastadas de atividades em grupo, não conseguem brincar com outras na escola ou na rua e têm dificuldades para levar uma vida normal. Tornam-se fechadas e reclusas”. Por isso é tão importante entender do que se trata e ir ao dermatologista e/ou pediatra ao sinal de qualquer sintoma. A seguir, conheça a tal dermatite atópica, das causas ao tratamento:

O que causa as crises?
São vários fatores, que variam de pessoa para pessoa. Eles incluem: contato com materiais ásperos, poeira, detergentes, produtos de limpeza em geral, roupas de lã e tecido sintético. Temperaturas extremas ou mudanças bruscas (quando você sai de um lugar quente e entra em uma sala com ar-condicionado, por exemplo), infecções, alguns alimentos e estresse são outros gatilhos para as crises alérgicas.

Quais são os sintomas?
Além do ressecamento, surgem erupções e crostas, e os pacientes sentem muita coceira. “Qualquer pequena irritação já causa um prurido grande. Quanto mais resseca, mais coça. E quanto mais você coça, mais gera irritação. É um círculo vicioso”.

Se a pessoa não para de cravar as unhas na pele, torna-se mais propensa a infecções. E isso, claro, agrava o quadro. Apesar de acometer todas as faixas etárias, ela costuma se manifestar de forma diferente, dependendo da idade.

Nas crianças, as lesões geralmente aparecem depois dos seis meses de idade, às vezes, em torno de um ano. A dermatite atópica atinge as bochechas, que ficam vermelhas e “descascando”, e partes dos joelhos e cotovelos (dobra anterior dos braços) e atrás dos joelhos (fossa poplítea). No caso dos adultos, os machucados são vermelhos, coçam e soltam líquidos. Podem criar crostas e até sangram, devido à coceira. As lesões surgem mais nas dobras do pescoço, em redor dos olhos, cotovelos e joelhos.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Continuaremos na próxima edição.

* Título de especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); diretor clínico da Alergoclin Cevac.