Cosc unifica atendimento em novo prédio





A volta dos alunos do Cosc (Centro de Orientação e Serviço à Comunidade) após as férias foi especial. O local onde funcionava a entidade foi totalmente reformado.

As antigas instalações da rua 13 de Maio, no centro, deram lugar a uma nova construção, maior e com melhores condições de receber crianças e adolescentes que fazem atividades socioeducativas e esportivas no contraturno escolar.

Desde o ano passado, o Cosc passa por reformulação das atividades. A unidade que atendia crianças e adolescentes no bairro Jardim Santa Rita de Cássia foi fechada e repassada para a Prefeitura, que abriu no local o Cras (Centro de Referência de Assistência Social).

De acordo com o presidente da entidade, Juvenal Marques Rodrigues, a crise financeira atravessada pelo país fez as doações de empresas e pessoas físicas caírem. Os recursos destinados por meio do Imposto de Renda ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente diminuíram em 2015.

“Já teve anos nos quais as entidades conseguiram R$ 700 mil, R$ 500 mil. No ano passado, conseguiram R$ 200 mil. Caiu devido à queda da economia”, afirmou.

Outra fonte de recursos, o poder público, representa aproximadamente 30% das receitas da entidade. O governo estadual repassa, mensalmente, R$ 34,8 mil, enquanto a Prefeitura entra com R$ 13 mil.

“Não temos a esperança de que os repasses sejam aumentados, pois a gente sabe que os governos estadual e municipal estão passando por sérias dificuldades. O que esperamos é que mantenham o valor”, comentou.

A concentração do trabalho social em um único local foi motivada pela queda da arrecadação de doações e para reduzir os custos da entidade.

“Nós tínhamos a área e precisávamos da construção. Até porque, com o aumento do custo e o problema econômico do país, tivemos a necessidade de centralizar tudo em um local para reduzirmos custos”, argumentou.

Um dos fatores que puxaram o custo da entidade para cima foi o reajuste do salário dos funcionários. Como o salário estava defasado em relação às outras entidades, a administração optou por aumentá-lo, nivelando-o ao praticado no mercado.

“O salário da assistente social e das educadoras era bem abaixo do mercado, então, tivemos que fazer um ajuste para que esteja dentro da média”, contou.

Para o Cosc poder concentrar as atividades em um único local, precisaria fazer obras no terreno onde era a horta. A solução para obter recursos veio da venda de um imóvel onde funcionava o Cartório Eleitoral, na rua Santa Cruz.

O imóvel foi adquirido pela entidade quando a Associação de Mães de Tatuí acabou absorvida pelo Cosc, em 2002. O valor da venda do imóvel não foi divulgado, segundo Rodrigues, a pedido do comprador. O total investido na construção da nova sede está estimado em R$ 1,5 milhão.

“Nós fizemos o principal, que são as salas de atividades e de computação. Existe a possibilidade de, no futuro, a gente fazer a cobertura da quadra”, declarou.

Com a ampliação do espaço e maior capacidade de atendimento, o Cosc, agora, atende 110 crianças, metade em cada turno. Antes da reforma, a capacidade era de 40 crianças. São atendidos alunos da vila Brasil, Esperança, Jardim Gonzaga, Jardim Perdizes e Jardim Europa.

O conforto da nova sede é maior que o antigo, disse o presidente. Antes, as salas das atividades eram quentes, devido à cobertura com telhas de fibrocimento. Agora, com a reforma, as salas estão mais arejadas e frescas paras as crianças.

Entre a programação das crianças e adolescentes atendidos pelo Cosc, estão atividades esportivas, – como handebol, futebol, basquete e vôlei, aulas de judô -, de música, socioeducativas e aulas de informática e inclusão digital.

Nas socioeducativas, as crianças fazem atividades nas quais aprendem cidadania, respeito ao próximo e trabalho em equipe. Os mais velhos aprendem a como se comportar em entrevista de emprego, como escolher a profissão e as responsabilidades do trabalho.

“Se eles tiverem tarefas, trabalhos que os professores pediram, eles trazem, que a gente ajuda eles a fazerem. Inclusive, os professores pedem muitas pesquisas e nem sempre eles têm condições de fazer em casa”, contou a educadora Eliana Maria de Aquino.

Os alunos também têm atividades semanais no Sesi (Serviço Social da Indústria), onde praticam esportes e nadam.

As atividades esportivas, de música e dança podem ser escolhidas pelos alunos, conforme o interesse. Com todo o futuro pela frente ainda, Ruan Antônio da Cruz, de 14 anos, diz que quer ser bombeiro. O adolescente escolheu fazer atividades esportivas e aulas de judô.

“Quando tem aula de esporte, a professora passa para a gente basquete, queimada, handebol. Neste ano, estou fazendo a inclusão digital, que é a fase dois da informática. Estou no projeto desde os nove anos”, contou.

As atividades socioeducativas da entidade ensinaram a garota Elen Cristina Osório Ledo dos Santos, de 12 anos, a respeitar o próximo e cooperar com os amigos. Entre as atividades escolhidas pela menina, estão as aulas de violão e de dança.

“Aprendi a cooperação, respeitar o próximo, a ter educação com as pessoas. Eu era muito sapeca e mal educada. Minha mãe me colocou aqui, pois não estava me comportando bem, e aprendi o respeito, a educação”, disse.

Segundo Eliana, quando as crianças escolhem as atividades que querem fazer, elas se empenham mais e têm comportamento melhor em aula.

“A gente percebe que eles, escolhendo o que querem fazer, dá mais resultado. Por exemplo, tem o judô. Não são todos que gostam do judô. Quando eles mesmos escolhem, vão fazer o que gostam e se comportar melhor”, explicou.

Além das atividades com as crianças e adolescentes, o Cosc estende o trabalho às famílias, que participam de reuniões mensais e palestras cujos temas estão relacionados à criação dos filhos e prevenção a drogas.

“Sempre trabalhamos temas relacionados à família, como criação dos filhos, prevenção de drogas e violência. A gente traz profissionais para conversar com os pais, e também procuramos atender às necessidades das famílias, conforme os pais nos procuram”, disse Eliana.

O trabalho com a família começa logo na matrícula da criança, explicou a assistente social Daniele Mendes. Quando é realizada a inscrição, Daniele visita a família e faz uma entrevista na residência. A renda familiar e situações de vulnerabilidade social da criança ou do adolescente são avaliadas.

“Às vezes, a família tem uma renda estabelecida, mas outras variáveis que podem deixar a criança em estado de vulnerabilidade, como, por exemplo, um problema entre os familiares, de relacionamento, dos pais, alcoolismo, ou só a mãe que administra a casa”, explicou.

Os alunos passam por avaliação constante por parte dos educadores e dos assistentes sociais. Em trabalho conjunto com as escolas municipais e estaduais, o rendimento escolar, o comportamento em sala de aula e a assiduidade são avaliados.

Mudanças de comportamento das crianças que atravessam problemas familiares são percebidas pelos funcionários, que as encaminham para atendimento psicológico.

“Temos um voluntário que, se a gente detectar um problema psicológico, ele atende as crianças. Nós, educadores, sempre procuramos conversar com eles. A gente percebe a evolução deles. Não é questão de dias, nem meses. Muitas vezes, demora”, afirmou.

Segundo Eliana, problemas de saúde também são percebidos pelos educadores. Casos de crianças com problemas de pele e visão são encaminhados à Casa da Criança e do Adolescente, que dá o suporte médico.

“Às vezes, a partir daqui, a gente detecta problemas psicológicos ou de saúde. A gente tem uma parceria com a Casa da Criança e do Adolescente, que faz os atendimentos para a gente”, disse.

O presidente da entidade afirmou que, para melhorar ainda mais o atendimento e buscar novas fontes de renda, vai buscar empresários interessados em investir no Cosc, via a Lei de Incentivo ao Esporte. Pelo sistema, pessoas físicas e jurídicas poderiam doar para projetos esportivos da entidade e abater do Imposto de Renda.

“Nós estamos com a intenção, não sei se ainda neste ano, de criar um projeto de esporte. Já temos as aulas de judô, mas, como temos a quadra aqui, podemos criar um projeto esportivo e aprovar no Ministério do Esporte. Mas, por enquanto, só é uma ideia”, concluiu.