Comércio adota liquidação para ampliar as vendas e driblar crise





Gleicy Ellen de A. D. da Silva

Roupas e calçados são itens com maiores descontos nesse período

 

O comércio, que tem sofrido com a crise financeira do país, tem adotado estratégias para driblar a pouca movimentação nas lojas e aquecer as vendas. É possível encontrar uma série de anúncios com descontos, que variam de 10% a 60%.

Roupas, sapatos, móveis, acessórios, colchões e até lingeries são algumas das opções para atrair a clientela. O momento de troca de estações também favorece a redução dos preços.

“Nós tivemos algumas estratégias de promoções e, junto com isso, abaixamos os preços da linha de inverno”, contou Douglas Gonçalves dos Santos, gerente de loja de calçados.

Ele disse que, para atrair fregueses, mercadorias com mais destaque foram disponibilizadas em frente ao estabelecimento. “Baixamos os preços e colocamos os produtos na entrada, como toda a linha infantil e feminina, a fim de chamar a atenção”.

A loja, que oferece diversos tipos de produtos, tem concedido descontos de até 40% para os estoques de inverno, como botas e agasalhos. Ainda de acordo com o gerente, alguns itens de verão da linha 2014 também podem ser encontrados com preços baixos.

“Graças a Deus, conseguimos obter um bom resultado até agora, por mais que tenha iniciado (a queima) no fim de mês, e muitos estarem desprevenidos e sem dinheiro. Mesmo assim, conseguimos atingir um resultado bacana”, acrescentou.

A liquidação teve início no dia 20 de julho, e, segundo Santos, será mantida até o fim do estoque das roupas de inverno, quando os preços voltarão ao normal.

“Não sei precisar a quantidade de pessoas que circularam por aqui desde o anúncio da redução dos valores, mas posso dizer que, em média, é um público maior do que havia tendo”, esclareceu.

Vanderlice Modolo, que trabalha como caixa há sete anos numa loja de roupas, sapatos e acessórios, também sente os reflexos da crise no estabelecimento. Para aquecer as movimentações, a comerciante utilizou-se de alternativas.

“Observamos que, com a crise, as pessoas estão procurando mercadorias com menores preços, então, decidimos dar um desconto maior para atendê-las”.

De acordo com ela, além da recessão econômica, outros dois fatores influenciam para a redução dos custos no momento: a necessidade de acabar com o estoque de inverno e a compra de novas mercadorias.

Vanderlice disse que itens como botas, bolsas e sapatos podem ser encontrados por R$ 49,99. Porém, há outros artigos com redução entre 30% e 50%. Para ela, já foi possível observar as consequências.

“Com certeza, houve aumento de clientes após a medida. A liquidação traz mais público porque o consumidor sabe que a mercadoria é boa e que está com desconto. Então, ele acaba vindo”, disse.

E apesar da estagnação econômica, a lojista acredita que esse é um cenário favorável para o consumidor. “É o momento para ele comprar. Aliás, em todo final de estação, eu acho que é hora de aproveitar. São coisas boas e com preços acessíveis, e, em alguns casos, com itens que poderão ser utilizados no próximo inverno”, salientou.

Samuel Pinheiro de Godoy, vendedor de uma loja esportiva, conta que uma das estratégias feitas pelo estabelecimento foi disponibilizar redução para compras feita a vista.

Os produtos de inverno e diversas peças esportivas tiveram redução de até 20%. Já sapatilhas e tênis podem ser encontrados com, no máximo, 30%.

“No inicio, era 20%, mas, como está saindo muito do estoque, tivemos de reduzir para 10%, como forma de atrair no pagamento a vista. Alguns produtos, como os de inverno, estão tendo seus preços remarcados para conseguirmos acabar com o estoque”.

Ainda assim, o vendedor conta que as movimentações no comércio não foram significativas, e as vendas apresentaram queda ao decorrer dos meses.

“Ampliou 30% em junho, porém, em julho, sentimos uma queda de uns 20%, por causa da crise e da falta de datas comemorativas, o que dá uma alavancada no comércio. Então, foi um mês pouco movimentado”, frisou.

Mas, não são só as reduções de preços que os lojistas adotaram para atrair a clientela. Mário Celso Pavanelli, proprietário de um empreendimento de moda feminina e masculina, conta que, na loja dele, a tática foi facilitar as formas de pagamento.

“Nossa estratégia foi diminuir as compras, deixando só o que seria consumido, pois, quando se está em uma época boa, você tem mais liberdade para comprar, para trazer mais opções. Então, agora, é o momento de colocar o pé no freio”, mencionou.

Segundo Pavanelli, todos os fins de semana ele e a família viajavam a São Paulo para abastecer o estoque; agora, o trajeto é feito a cada três semanas. “Estamos com esse sistema desde o fim do ano passado, onde nós já sentimos um pouco mais”.

O proprietário esclarece, ainda, que a estagnação econômica tem feito com que os comerciantes procurem os clientes. Para ele, além da diminuição dos valores das peças, simplificar formas de pagamento também é um atrativo.

“Estamos oferecendo produtos a um preço menor e dando prazos longos, facilitando a vida do cliente, justamente por conta desse aspecto econômico, e, como somos uma empresa familiar, temos condições de estar negociando diretamente com o freguês. Dessa maneira, conseguimos superar essa crise”, disse.

Mesmo assim, Pavanelli afirmou que as movimentações não caíram drasticamente, pois as adequações foram feitas antes de a crise se acentuar, no primeiro semestre do ano.

A expectativa, agora, é de que a venda amplie com o Dia dos Pais. Para Pavanelli, são essas datas especiais que aquecem o comércio. Entretanto, Godoy se diz realista em relação à circulação.

“Já estamos sentindo, na verdade, pois já era para a loja ter aquele movimento, e as pessoas não estão comprando”, avaliou o vendedor.

Mesmo diante das dificuldades do cenário financeiro, Godoy diz acreditar que é uma boa hora para o consumidor comprar, devido às possibilidades de preços e opções.

“Acho que o momento é de economia, de aproveitar as variedades de produtos, mas tem que saber pesquisar e procurar”, orientou Godoy.