‘Cinturão’ prevê economia e maior cobertura

 

Gerar economia para os cofres públicos e uma ampla cobertura da cidade sob vigilância. Estes são os dois principais propósitos do “cinturão de segurança”, projeto anunciado pelo secretário municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, José Alexandre Garcia Andreucci, na semana passada.

Em entrevista a O Progresso, o secretário detalhou as metas a serem atingidas com a proposta. Andreucci ressaltou que o cinturão se distingue da cerca eletrônica por diversas razões. Disse, também, que a ideia da secretaria é de promover economia, uma vez que dispensará pagamento de empresa terceirizada para monitoramento, e que o município terá uma cobertura “muito maior”.

Conforme Andreucci, o cinturão eletrônico dará à Prefeitura uma “autossuficiência” com relação à vigilância por câmeras. Isso porque, o projeto prevê a compra de equipamentos para serem operados pelo próprio município.

O acompanhamento das imagens, em tempo real, ficará a cargo da GCM (Guarda Civil Municipal). A corporação terá, nas próximas semanas, a central de monitoramento reinaugurada. A solenidade ainda não foi agendada.

Andreucci explicou que o cinturão vai começar a partir de quatro câmeras na área central da cidade. Os equipamentos já existentes e pertencentes à Prefeitura serão reativados. Uma equipe da GCM fará o monitoramento das imagens.

Outras câmeras também da municipalidade instaladas anteriormente serão reativadas com o sistema de monitoramento. Elas estão espalhadas em diversos pontos da cidade, em um número aproximado de 40. São estes equipamentos que serão interligados com a central da GCM, prestes a voltar a operar.

“Isso não tem nada a ver com a cerca eletrônica, cujo contrato está sob análise do Departamento Jurídico da Prefeitura. A equipe está analisando os aspectos legais e formais para verificar a validade e os valores pagos”, contou o secretário.

De acordo com ele, caberá à prefeita Maria José Vieira de Camargo analisar se manterá ou não o contrato com empresa responsável pelo monitoramento.

Andreucci também afirmou que não vê muita utilidade na cerca eletrônica. “No meu entendimento pessoal e profissional, respaldada pelos 25 anos de delegado que tenho só em Tatuí, ela (a cerca eletrônica) tem vários problemas”, disse.

Entre eles, está o fato de que as câmeras da cerca eletrônica deveriam estar funcionando ao redor da cidade, nas entradas e saídas da cidade, e não nos pontos atuais. O secretário afirmou que os equipamentos existentes monitoram apenas alguns dos pontos necessários. Em outros, a presença deles é considerada dispensável.

“Atualmente, algumas das câmeras da cerca eletrônica estão localizadas na praça central e em frente à Guarda. É um investimento muito alto para ser desperdiçado desta maneira”, argumentou.

Para o secretário, a combinação entre radar e câmeras de vigilância não oferece resultado eficaz. A explicação é que os radares são utilizados para identificar infração de trânsito e, por conta da finalidade, precisariam ter mais exposição.

“Os pontos nos quais os aparelhos estão atualmente não são compatíveis com radar e cerca eletrônica. O radar é mais para detectar velocidade e a cerca eletrônica para evitar entrada e saída de veículos produtos de roubo ou furto”, alegou.

Andreucci explicou que os radares precisam ficar expostos e ter indicação de redução de velocidade. Já as câmeras de vigilância da cerca eletrônica seriam melhor empregadas se ficassem mais escondidas, ou camufladas se o objetivo for inibir a entrada ou a saída de veículos produtos de crime ou usados para cometer crimes.

Dos nove pontos de fiscalização que integram a cerca eletrônica, o secretário informou que apenas metade está em operação. Os demais não estão sendo utilizados.

Caso assuma o monitoramento, a Prefeitura deve economizar R$ 200 mil por mês. No ano, isso representaria menos R$ 2,4 milhões saindo dos cofres públicos. O valor é referente à manutenção do atual sistema de monitoramento.

A redução nos custos pode viabilizar a compra de mais equipamentos próprios, sustentou Andreucci. De acordo com ele, em um mês, o Executivo teria condições de adquirir 20 equipamentos de “última geração”. O custo leva em consideração o valor das câmeras e o preço para a instalação.

“Com esse recurso, é possível adquirirmos câmeras de primeiro mundo, com zoom de 200 metros e que filme em cores e no escuro por R$ 5.000 cada. Somando com a instalação, deveremos ter um custo de R$ 10 mil por equipamento. O melhor de tudo é que estamos fazendo um investimento”, enfatizou.

À medida que o cinturão for aumentando em número de equipamentos, Andreucci declarou que será possível realizar a identificação de veículos furtados ou roubados. O secretário pretende estabelecer convênio com a PC (Polícia Civil) do Estado de São Paulo para ter acesso ao sistema de informações.

“Isso vai permitir que nós façamos a apuração da situação dos veículos que passarem pelo cinturão por um simples monitoramento. Portanto, no meu entender, o contrato atual não deve ser convalidado, porque custa mais”, alegou.

O Executivo deve decidir, nos próximos meses, se dá sequência ao contrato de R$ 200 mil por mês. A empresa responsável disponibiliza pouco mais de 20 pontos, que deverão ser desativados caso haja a descontinuidade do acordo. Se isso acontecer, Andreucci deverá iniciar processo de substituição das câmeras locadas pelas que poderão ser adquiridas pela Prefeitura.

As quatro câmeras instaladas na área central do município – que integram o cinturão de segurança – já estão em operação. As demais que são patrimônio do município serão religadas nos próximos dias e interligadas à central da GCM.

Conforme Andreucci, os equipamentos estão situados no paço municipal, Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto” e no Mercado Municipal “Nilzo Vanni”. “Em duas semanas, a central estará funcionando na GCM”, vaticinou.

Uma vez com os equipamentos, a Prefeitura ficará desonerada dos custos de uso de software do sistema e das próprias câmeras. Também não vai precisar pagar pela manutenção, que, do ponto de vista do secretário, pode ser feita pela equipe da administração municipal e a um custo muito menor que o atual.

No prazo de um ano, caso o Executivo opte por comprar equipamentos próprios, Andreucci estima que a GCM tenha condições de monitorar quase toda a cidade, pelo menos no perímetro urbano. O centro deverá contar com o maior número de câmeras, as quais podem ser interligadas com as existentes de comércios.

O mesmo pode acontecer com equipamentos de particulares. O secretário disse que moradores que possuam câmeras voltadas para a área externa e pública (a rua) poderão ter os equipamentos interligados à central de monitoramento da GCM. “Basta que a pessoa nos autorize a ajustar a frequência das câmeras à do nosso sistema de vigilância”, comentou o secretário.

Pelos cálculos de Andreucci, no período de quatro anos (fim da gestão atual), o município terá economizado R$ 9,6 milhões com o fim do contrato de locação. “Em um ano, nós teremos condições de monitorar a cidade inteira, sem precisar pagar aluguel e com manutenção quase zero”, reforçou.

Segundo o secretário, além de melhorar a cobertura e a qualidade das imagens, o baixo custo é a melhor vantagem do cinturão de segurança – a cargo do Executivo. “Acho que é a hora de economizarmos, de o poder público ter prudência. Por isso, não faremos nada que seja infrutífero”, concluiu.