Cinco casos de homicí­dio estão em investigação; PC pede colaboração





Cinco casos de homicídio – sendo um de tentativa – estão sendo investigados pela Polícia Civil. O número soma ocorrências registradas no ano passado e no início de 2015, incluindo a chacina ocorrida no domingo, 29 de março.

“Temos cinco casos em aberto. Desses, dois já estavam praticamente esclarecidos”, informou o delegado titular do município, Francisco José Ferreira de Castilho. Conforme ele, no caso de tentativa, as investigações apontavam para duas das três vítimas da chacina como os autores.

Cleiton Eduardo de Oliveira, 29, e Samuel Fernando Tobias de Souza, 27, foram assassinados na estrada vicinal que dá acesso ao Jardim Novo Horizonte, no bairro Água Branca. De acordo com o delegado, eles seriam os autores de tentativa de homicídio cometida contra um homem de 36 anos.

O crime correu no dia 20 de março, quando a vítima recebeu tiros de arma de fogo e precisou refugiar-se no telhado de uma casa no Jardim Santa Rita de Cássia.

Também segundo o delegado, a vítima conseguiu sobreviver e reconheceu Oliveira e Souza como sendo dois – dos três – homens que o alvejaram.

A PC ainda não tem informações sobre a motivação da tentativa de homicídio. O titular informou apenas que a vítima reconheceu os dois homens – antes de eles terem sido mortos com características de execução.

Conforme o delegado, o sobrevivente declarou que não tinha ideia da razão pela qual teria sido vítima, mas que estava “muito preocupado”. Castilho acentuou que a PC depende da colaboração da população para dar continuidade às investigações dos crimes hediondos cometidos em Tatuí.

“Principalmente, isso. Temos que ter a população do lado da polícia, trazendo informações. Nós não temos como esclarecer se não tivermos informação”, afirmou.

No caso da chacina, a colaboração dos moradores e de possíveis testemunhas é considerada fundamental para o esclarecimento da autoria. Castilho citou que, nesse caso, os investigadores dispõem de poucas informações.

“No meio do nada, um local ermo, a princípio, nenhuma prova. Como esclarecer? Então, se a população não informar, nunca vamos esclarecer”, enfatizou.

Em entrevista, o titular também citou que o trabalho da Civil não se restringe a investigações de homicídio. Além desse trabalho, os policiais trabalham em inquéritos de furtos, roubos e realizam escolta e transporte de passageiros.

Somando-se a isso, há a questão do baixo efetivo. Conforme o delegado, o governo do Estado de São Paulo “está tentando sanar” a situação com concursos em andamento. “Nós temos um déficit que é geral, mas há vários certames, e devemos ter reforço de 3.000 policiais até mais alguns meses”.

Castilho argumentou que, como a situação do município “não é a única no Estado”, os novos policiais devem ser alocados em vários municípios. “Mas, estamos correndo com o que temos e vamos esclarecendo”, complementou.

No caso da chacina, a PC também recebe colaboração da Polícia Militar. Os PMs chegaram ao local depois de receberem chamado. “Uma pessoa que passou no local viu os corpos lá, ainda vivos, e nos acionou”, relatou o comandante da 2ª Companhia, capitão Kleber Vieira Pinto.

Chegando à estrada, os policias constataram que as pessoas estavam baleadas, mas não podiam atestar o óbito. Por isso, chamaram a viatura de resgate do Corpo de Bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Para a PM, os indícios de execução são fortes, uma vez que uma das vítimas estava com as mãos na nuca. Os corpos também estavam enfileirados, um do lado do outro, e com tiros disparados nas costas e região da cabeça.

“É uma possibilidade grande, mas nada se constatou, ainda. Isso é algo para a perícia avaliar através de laudo, que não ficou pronto”, ponderou o capitão da PM.

Porém, o comandante levantou outra possibilidade: a de que as pessoas tenham sido mortas em outro local e “desovadas” (tiveram os corpos abandonados) no ponto em que foram encontradas.

“Existe essa chance, até porque eles estavam sendo investigados por tentativa de homicídio”, disse Kleber.

Caso anterior

A chacina anterior em Tatuí ocorreu em novembro de 2012. Ela vitimou uma família residente no Enxovia do Meio, que tiveram os corpos carbonizados por conta de incêndio na chácara “Santa Joana”.

O fogo atingiu, ainda, um veículo Gol, de propriedade da família. Segundo informou a Polícia Civil, na ocasião, o automóvel estava dentro da garagem do imóvel.

Tanto o veículo como a chácara passaram por exame pericial. Os corpos dos familiares também foram levados ao IML (Instituto Médico Legal).

A chacina vitimou Mauro de Camargo, 55, a esposa dele, Cleusa Mariano de Oliveira, 49, e a filha do casal, Camila de Oliveira Camargo, 19. O caso foi esclarecido ainda em 2012, pela equipe do então titular José Alexandre Garcia Andreucci.

Na época, a ocorrência foi registrada no plantão policial com o título de “incêndio com morte suspeita”. A PC trabalhou com hipótese de homicídio, uma vez que havia indícios de que pai, mãe e filha teriam planejado acompanhar uma festa no centro da cidade – e que poderiam não estar dormindo no momento do incêndio.

Os três acompanhariam a escolha da rainha da “Festa do Peão de Tatuí”, que aconteceu na noite de um sábado, num clube da cidade.

O registro do incêndio ocorreu na madrugada de domingo, 25 de novembro, depois que o Corpo de Bombeiros terminou o trabalho de rescaldo. Vizinhos da chácara acionaram a corporação por volta das 22h do mesmo dia.

No dia 30 de novembro, a PC anunciou a prisão de duas pessoas acusadas de ter matado a família e ateado fogo nos corpos. As investigações apontaram para Antônio Carlos Silva Souza, 37, e o irmão dele, Marcelo Silva Souza, 25, como principais suspeitos. A Civil chegou a essa conclusão com base em provas coletadas pelos peritos no local e por 22 depoimentos.

Ainda em novembro, a PC divulgou que o terceiro acusado teria ido ao velório de pai, mãe e filha. Márcio Magno da Silva, 37, prestou depoimento quatro dias depois do crime, sendo ouvido antes de ter a prisão decretada pela Justiça.