Cidade reduz ocorrências de casos de dengue

Rosana Lopes fala sobre o combate à dengue na cidade (foto: DIléa Silva)

Em dois anos, o número de casos confirmados de dengue em Tatuí caiu de 127 para três, conforme levantamento divulgado pelo Setor de Combate à Dengue, da Secretaria Municipal de Saúde. Os índices incluem registros de 2016 até novembro de 2018 e representam queda de 97,6%.

Segundo o setor, em 2016, 546 casos da doença foram notificados como suspeitos, sendo que 127 acabaram confirmados por meio de exames. Deste total, 409 foram descartados, 96 considerados autóctones (contraídos no município), 31, importados e 6, inconclusivos.

No ano seguinte, 2017, o número de casos notificados como suspeitos caiu para 134, sendo somente seis confirmados (três autóctones e três importados), dois inconclusivos e 126 descartados.

De janeiro a novembro deste ano, foram notificados 54 casos suspeitos de dengue, sendo que 51 acabaram descartados e três, confirmados – todos importados -, nos meses de fevereiro, maio e outubro.

Conforme a coordenadora do Setor de Combate à Dengue, Rosana Alves dos Santos Lopes, o resultado é “fruto de um trabalho intenso e de uma melhor conscientização da população no combate aos criadouros do Aedes aegypti”, mosquito transmissor da doença.

“Além do trabalho dos agentes, que fazem fiscalização de casa em casa, prestando orientação e fazendo as vistorias para evitar os possíveis criadouros, acredito que a conscientização por parte da população também ajudou muito. Temos percebido que a população está tomando consciência”, avaliou.

Uma equipe com 12 agentes de combate à dengue trabalha frequentemente nas ações preventivas e na fiscalização. Além disso, em sete unidades básicas de saúde que contam com o programa ESF (Estratégia de Saúde da Família), aproximadamente 45 agentes comunitários revezam o atendimento e também fazem as vistorias nas casas atendidas.

Segundo Rosana, todos os meses, o setor identifica os índices de infestação no município e direciona as ações de controle por meio de uma ADL (avaliação de densidade larvária). Além das visitas domiciliares, as atividades incluem orientações em empresas e escolas.

“Nós contamos com uma equipe que trabalha na fiscalização diária das residências. Além disso, nos bairros onde são encontrados atenuantes para criadouros, há uma intensificação. Nestes locais, os agentes orientam quanto aos cuidados e retornam depois de um tempo, para ver como está”, garantiu.

De acordo com a coordenadora, o setor ainda realiza uma operação chamada de “bloqueio” nos bairros em que são identificados casos confirmados de algumas das doenças, ou mesmo quando há suspeitas de contaminação por um dos vírus.

“Nesta ação, os agentes vão naquela região e, no perímetro que compreende a área da suspeita, fazem um bloqueio contra criadouros. Pelo menos 75% dos imóveis são fiscalizados para garantir a segurança dos moradores”, comentou.

Nas escolas, são realizadas palestras educativas durante todo o ano letivo e, ainda, um teatro para crianças de dois a oito anos. Por meio da peça teatral “Aedes Aegipty – O Mosquito Malvado”, Rosana trabalha com fantoches e aborda o tema de forma lúdica.

“Com o teatro, dá para prender a atenção das crianças, frisando bastante a questão da organização dos ambientes que elas frequentam, seja na casa ou na escola, e a prevenção das doenças”.

“O retorno destas atividades é muito bom, as crianças atuam como fiscalizadores e, além disso, depois das palestras, os professores continuam com as orientações”, comentou.

A coordenadora ressaltou que conta com outros setores apoiando as ações de combate ao Aedes aegipty. “Quando o problema é muito grave, a Vigilância Sanitária é acionada e realiza operação conjunta na fiscalização, e o Setor de Zoonoses também apoia, fazendo a nebulização dos bairros”, informou.

Rosana salientou que, por meio da “Sala de Situação” – um projeto que envolve reuniões periódicas -, convocam-se todas as secretarias para formarem parceiros e para que o combate seja mais efetivo.

Para Rosana, a redução dos casos representa bom índice para o município. Contudo, ela reitera ser importante que a população continue tomando os cuidados necessários para evitar a proliferação do Aedes aegypti, que também é transmissor de outras doenças, como a febre chikungunya, zika vírus e febre amarela.

“A população precisa ter consciência de que a gente está lidando com uma espécie que é um vetor de inúmeras doenças e que, por isso, nunca pode parar com os cuidados e com a organização dos ambientes”, orientou Rosana.

Conforme a coordenadora, a melhor forma de combater o Aedes aegypti é eliminar o acúmulo de água parada, em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerante, pneus velhos, vasos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras.

“É importante procurar manter o lugar onde reside sempre em ordem, com garrafas viradas com a boca para baixo e entulhos em posição vertical. E tomar muito cuidado com os pratinhos de plantas, que até hoje a gente ainda acha larvas nestes locais”, acrescentou.

Rosana ainda reforçou que o verão é a época mais propicia para a proliferação do mosquito. “Embora você tenha que cuidar o ano inteiro, esta é uma época que facilita a criação, devido ao clima quente com chuvas abundantes. De dezembro até maio, mais ou menos, é uma época perigosa, em que a gente tem que ficar bem mais atento”, afirmou.

De acordo com dados do Lira (Levantamento do Índice Rápido de Infestação pelo Aedes aegipty), feito pelo Setor de Combate à Dengue de Tatuí, somente em outubro deste ano, em um entre cem imóveis visitados foram encontrados criadouros com larvas do mosquito.

Além dos casos dengue, o relatório divulgado pelo setor revela que, neste ano, houve nove notificações de chikungunya, sendo três confirmadas (dois casos positivos autóctones – contraídos no município em janeiro e março – e um importado, no mês de agosto) e cinco descartadas. Para febre amarela, foram oito notificações de suspeita, mas todas descartadas.

Conforme Rosana, não existe um bairro com maior incidência de larvas. “Tanto nas vilas, no centro, nos residenciais acontecem casos, não tem um bairro específico para dizer que, naquele bairro, acontece mais. Quando se trata de foco do mosquito, existe igualdade em toda a cidade. Então, quer dizer que toda a população tem que se conscientizar”, finalizou.