Chuvas constantes ‘compensam’ o déficit de 2014 e exigem observação





Guarda Civil Municipal

Queda de árvore na praça Cesário Mota (Junqueira) exigiu intervenção dos bombeiros por quatro horas

 

A probabilidade de chuva para os próximos dias em Tatuí é de 80%, conforme dados do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O volume de precipitações é monitorado diariamente pela Defesa Civil do município.

De acordo com o órgão, a quantidade de chuva registrada entre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro “compensou” a estiagem registrada nos mesmos meses relativos ao período de 2013 e 2014. No acumulado entre o final do ano passado e o início deste, a DC registrou 694 milímetros de chuva.

A medição é atualizada diariamente pelo órgão, via Sidec (Sistema Integrado de Defesa Civil), gerido pela Casa Militar. É por meio dele que a coordenadoria municipal desenvolve ações. No momento, as chuvas exigem estado de observação. Este é o primeiro de um total de quatro estágios.

Por definição, a DC trabalha em estado de observação, atenção, alerta e alerta máximo. “Nós ainda estamos no primeiro plano”, informou o coordenador da Comdec (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil), João Batista Alves Floriano.

Nesse estágio, o órgão faz apenas acompanhamentos por meio da meteorologia. Uma das razões é que as chuvas que caem na cidade são “mais brandas”. Entretanto, têm se tornado mais constantes. A DC registrou “picos” – com volume de precipitação maior e mais intensa – em madrugadas.

As chuvas são mensuradas por meio de pluviômetros instalados em vários pontos da cidade. Esses aparelhos medem, em milímetros, a altura da lâmina de água gerada pela chuva que cai na área de um metro quadrado.

Os dados são repassados ao Sidec via internet. “Toda vez que entro na tela da DC do Estado, sou obrigado a repassar o volume de chuvas registrado”, contou Floriano. Além de Tatuí, o coordenador tem acesso aos dados de todos os municípios que informam volumes de chuva em seus registros.

Em geral, o Sidec é atualizado diariamente, a partir das 8h30, com base em dados coletados pelos pluviômetros no decorrer do dia anterior. Na segunda-feira, 9, a DC registrou 28,60 milímetros de chuva no índice pluviométrico.

A atualização do sistema serve tanto para o registro de chuva como para a adoção de medidas de ação da DC. Quando o volume de precipitações em três dias atinge 80 milímetros, por exemplo, a coordenadoria estadual envia mensagens (que podem ser via celular – SMS – como e-mail) para a coordenação local. Nesse caso, a cidade passa a entrar em estado de atenção.

“Em cada subida de nível, vamos dizer assim, temos uma ação completa para fazer”, comentou Floriano. No estado de observação, a coordenadoria municipal tem a missão de observar o volume de chuva e acompanhar a previsão do tempo.

Ainda nessa fase, o órgão local envia equipes para, esporadicamente, fazer visitas às áreas de risco. Em Tatuí, elas estão localizadas no distrito de Americana e Jardim Thomaz Guedes (enchentes e alagamentos) e Morro do Alto (deslizamentos).

No estado de atenção, a DC faz vistorias aos locais. “Se as chuvas persistirem, a própria coordenação estadual passa para o nível de alerta”, disse Floriano.

Em situações como essa, o órgão local avalia se há necessidade de proceder com a retirada de famílias que residem nas áreas de risco. “Caso as chuvas aumentem mais, vamos para o nível quatro, o mais alto. Aí, todas as pessoas que vivem em áreas de risco têm que ser retiradas”.

No início do ano, a Defesa Civil registrou estado de atenção em Tatuí. A situação foi verificada entre 15 e 19 de fevereiro, quando as chuvas ultrapassaram 80 milímetros. “Nós ficamos nessa base. Depois de alguns dias, nos quais nós não tivemos mais chuva, voltamos para observação”.

Mesmo com as chuvas mais constantes, Floriano afirmou que não há razões – pelo menos no momento – para preocupação com relação a cheias ou deslizamentos. O motivo é que as precipitações deste ano estão “compensando” a estiagem registrada entre o final de 2013 e o início do ano passado.

“Nós começamos a recuperar”, disse, informando que, em dezembro do ano passado, choveram 223 milímetros. Em janeiro deste ano, a medição ficou em 221 milímetros. No mês passado, fevereiro, os pluviômetros registraram 250 milímetros.

“Embora Tatuí resistisse bem sem as chuvas graças ao trabalho da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), elas ajudaram a cidade a recompor seus reservatórios de abastecimento”, disse o coordenador.

O motivo é que houve maior precipitação nas cabeceiras dos rios que abastecem o município (Tatuí e Sarapuí). Além da “recomposição” dos reservatórios, Floriano afirmou que as chuvas melhoraram o clima do município.

Ações preventivas

Ainda que a DC realize ações preventivas, o coordenador do órgão enfatizou que é necessário engajamento maior por parte de quem vive nas áreas de risco. Nesse sentido, disse que é necessário atenção por parte dos ribeirinhos que moram no distrito de Americana e Jardim Thomaz Guedes.

“Não tivemos problemas em nenhum local porque o clima estava muito seco. Já com relação a escorregamentos (deslizamentos ou movimentações de terra), esses são problemas pontuais, mas que preocupam”.

O motivo é que, justamente por conta da estiagem, os moradores de áreas de risco se esquecem de adotar medidas preventivas.

“Técnicos da Casa Militar de São Paulo disseram que, com a escassez, a população ribeirinha fica mal acostumada. Não lembra que pode acontecer alguma coisa dependendo da quantidade de chuva. E, aí, as pessoas ficam desprevenidas”, comentou.

Floriano recomenda especial atenção para a chamada “chuva mansa”, como a dos últimos dias. “Ela vem sem vento, é boa para terra e para a plantação, mas, quando se está em área de risco, é preciso tomar cuidado com a quantidade”.

Conforme ele, as chuvas não torrenciais costumam ser mais prejudiciais ao solo. Por conta da constância, tendem a saturar o solo, o que pode provocar deslizamentos.

“É preciso redobrar o cuidado, principalmente, o morador, porque a natureza nos avisa, a terra dá sinais”, argumentou o coordenador.

Quem mora em áreas de encosta deve estar atento à vegetação. Segundo a DC, qualquer inclinação em árvores e plantas, ou até mesmo postes de energia elétrica, é um indicador de que a terra naquela região está “em movimento”.

Outra dica é observar a cor da terra. Quando a lama é barrenta e, no caso de Tatuí, tem uma cor avermelhada mais acentuada, também é sinal de escorregamento.

Já para as áreas com risco de enchentes, a Defesa Civil orienta observar o nível do rio. “As pessoas acatando orientações, estão se ajudando”, disse Floriano.

Quedas de árvores

Além dos riscos de enchentes e deslizamentos, as chuvas podem provocar quedas de árvores. Num dos casos mais recentes, ocorrido no dia 13 de fevereiro, parte da região central da cidade ficou sem energia elétrica por quase quatro horas, em função do desabamento na praça Cesário Mota (Junqueira).

“Esse é um trabalho que tem de ser intenso e que passa, prioritariamente, pelo Departamento Municipal de Áreas Verdes. Inclusive, o diretor, Edson Rodrigues Machado, é integrante da Defesa Civil”, afirmou Floriano.

Conforme ele, é necessário trabalho de monitoramento das condições das árvores. Entretanto, em função da quantidade e do tamanho do município, os órgãos atuam nos períodos de chuva somente “em questões pontuais”.

“O grande problema de quedas de árvores é quando há tempestades e vendavais”, disse. Nesses casos, o Corpo de Bombeiros também pode ser acionado.

Contudo, a corporação está autorizada a fazer podas quando há riscos. A concessionária que fornece energia elétrica em Tatuí também atua no trabalho de avaliação – quando há riscos – e de podas, a depender do caso.

Além dessas entidades, a própria DC pode fazer o levantamento da situação da árvore. Com ajuda de técnicos, é realizado um diagnóstico e encaminhado ao setor competente para avaliação da necessidade de supressão.

“A questão ambiental é muito delicada. Por isso, é preciso que o Departamento de Áreas Verdes faça a verificação. Nós não queremos correr o risco de podar ou cortar, desnecessariamente, uma árvore”, afirmou Floriano.