Chip para registro e plástica sem cortes são ‘chamarizes’





O aprimoramento de técnicas e a qualificação dos profissionais são os pontos mais avaliados por quem busca um tratamento “mais radical” para se livrar de marcas de expressão. Em Tatuí, cidade que tem registrado maior procura por cirurgias plásticas, o diferencial tem sido o uso de novas tecnologias.

Uma delas chegou primeiro por aqui, em simultâneo com o lançamento no Brasil. A outra começará a ser aplicada no município. Ambas, foram introduzidas para o público local pela Casa Corpo, do cirurgião plástico Ivan Machado.

Elas são resultado do aprimoramento que o médico realiza para atender às vontades dos pacientes. Cada vez mais pessoas estão buscando medidas rápidas, mais baratas, menos indolores e com efeitos mais naturais. Este é o caso da Sutura Silhouette, uma espécie fio que possibilita cirurgia plástica sem bisturi.

Introduzido em Tatuí, esse recurso tem substituído procedimentos como o famigerado Fio Russo. Feito de polipropileno, este último não é absorvido pelo organismo do paciente, não é biodegradável, biocompatível e de forte resistência.

Já a sutura promove rejuvenescimento imediato, com aspecto mais natural. Ele possui componentes que são absorvidos pelo organismo e estimulam a produção de colágeno. Também, por não terem formato de “serra”, não machucam a pele, não causam queloides e têm tempo de efeito entre 18 e 24 meses.

Muitas das tecnologias aplicadas na cidade são trazidas de congressos e cursos de especializações feitas pelo cirurgião fora do país. Machado já participou de eventos nos quatro cantos do país e nos Estados Unidos e Europa.

“Não dá para acompanhar tudo, porque há várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas as novidades vão aparecendo”, contou o profissional. São nesses eventos que os cirurgiões conhecem novos recursos e optam ou não por utilizá-los.

No país, congressos acontecem durante todo o ano. “Se quiser tem um por semana”, disse o cirurgião. Os profissionais frequentam eventos no Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e São Paulo. Muitas das novidades trazidas para pacientes locais vieram de iniciativas como a Jornada Paulista e o Simpósio Internacional.

Machado, por exemplo, conheceu a Sutura Silhouette em um congresso. Lá, participou de aulas práticas e de workshops para dominar a técnica da aplicação. “Quando voltamos, sabemos fazer. Não é nada comparado a assistir a um vídeo do YouTube. É na base da prática, colocando a ‘mão na massa’”, contou.

Considerados verdadeiros intercâmbios de conhecimentos, os congressos são via de mão dupla. Neles, tanto cirurgiões brasileiros podem conhecer novas tecnologias, como replicar técnicas que desenvolveram no próprio país. “Tenho vários colegas que vão ao exterior para ensinar”, mencionou o cirurgião.

Além da questão do aprimoramento, os eventos respondem pelo incremento de novas tecnologias. Uma das mais recentes – que ainda não está no mercado brasileiro – deve chegar primeiro em Tatuí. É a prótese de silicone com microchip. O implante vem com um chip envolto entre duas camadas.

O microcircuito serve como uma espécie de registro do implante. Ele é lido por um aparelho parecido com um celular. O equipamento identifica a prótese e permite mais segurança ao profissional que a implantou e para os pacientes.

Atualmente, as próteses que estão no mercado vêm com um adesivo. O colante contém informações como data de fabricação, número de série, lote e modelo.

Esses dados são anotados em várias fichas que vão para os hospitais. Os pacientes recebem uma cópia; um segundo registro fica com os profissionais.

Essa é uma medida considerada de segurança e que permite ao paciente ter acesso às informações sempre que precisar. Como os modelos de implantes atuais têm um “prazo de validade” maior que os primeiros, o armazenamento das informações, para uma consulta posterior, pode se tornar um problema.

“Ele (o microcircuito) tem o tamanho de um grão de arroz e a gente vem com o aparelhinho que reconhece a prótese, mostrando todos os dados”, explicou Machado.

Para o reconhecimento, não é preciso nem que o aparelho encoste-se à pele. A leitura pode ser feita por fora da roupa, com a exibição dos dados em visor externo.

O microchip promete facilitar, também, a vida de quem precisou mudar de estado ou de país. Como é padronizado, o paciente pode obter os dados do implante se ele utilizar essa tecnologia. “Isso está chegando agora no país”, contou Machado.

Dentro de três a quatro meses, ele já estará sendo utilizado em Tatuí. Além de diferenciada, a prótese oferece mais segurança para os cirurgiões e tem “maior qualidade”.

O preço dessa nova tecnologia não será diferente dos atuais implantes. As próteses devem custar, em média, R$ 2.400, R$ 200 a mais que as sem microcircuito. Entretanto, serão as únicas implantadas pelo cirurgião plástico. Machado disse que passará a utilizar exclusivamente as próteses com chip.

As cirurgias para esse tipo de procedimento são feitas em dois locais: a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital da Unimed, inaugurado em agosto de 2015. Por esse mesmo motivo, elas são acrescidas de custo que vão de R$ 2.100 a R$ 3.000.

O local de operação fica a critério dos pacientes, que podem usar o valor da diferença nos tratamentos de pós-operatório. Entre eles, massagens e drenagens linfáticas.

No caso da prótese com microchip, ela conta com uma camada a mais e “azulada”. O microcircuito não fica em contato direto com o silicone e, por esse motivo, não é sentida. A camada também funciona com uma barreira bactericida por conter proteção contra micro-organismos, e não tem mais “data de validade”.

“De uns dez anos para cá, quando cheguei a Tatuí, colocava uma prótese que tinha vida útil de dez anos. A partir de 13 anos tinha que trocar, mesmo, porque o silicone começava a desmanchar. Mas isso mudou”, disse Machado.

Com o aprimoramento dos materiais e a popularização das cirurgias, os implantes deixaram de ter a indicação obrigatória de troca após dez anos. A mudança só precisa ser feita em decorrência de outros problemas e após indicação.

Isso acontece porque, ao contrário das próteses antigas, que tinham duas camadas de silicone na cápsula, as atuais possuem oito. Em função disso, o vazamento tornou-se “bem difícil” e raro de ocorrer. “A fábrica não fala que não tem validade, mas menciona troca em caso de necessidade”, concluiu.

As técnicas introduzidas em Tatuí pelos profissionais têm se tornado chamarizes para novos clientes. Tanto que o município registra há um bom tempo presença de pacientes de fora do município, até de regiões “maiores”, como Sorocaba.

Deste modo, pode-se considerar Tatuí como o centro das atenções – pelo menos no contexto da microrregião – no quesito cirurgias plásticas. Boa parte dessa fama deve-se aos profissionais de estética, que atraem para o município novos clientes, fazem a roda da economia girar e deixam a cidade em evidência.

Tamanho alcance foi retratado em série especial produzida pelo jornal O Progresso. Denominada “Beleza sem Crise”, ela apresentou aos leitores um panorama do setor, os principais tratamentos e dicas que terminam nesta edição.