A tatuiana Célia Maria Oliveira Holtz é uma das vencedoras do Prêmio “Zilda Arns” pela Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa, edição 2019, concedido pelo Congresso Nacional. Ela está entre cinco selecionados a partir de 56 indicados por parlamentares.
A entrega da terceira edição da premiação, coordenada pela Segunda Secretaria da Câmara dos Deputados, aconteceu neste dia 2, no plenário “Ulysses Guimarães”, na capital federal.
Além de Célia, receberam a homenagem a especialista em gerontologia Clarice Baccini, de Florianópolis (SC), e as instituições: Casa dos Velhinhos, de Arapiraca (AL); Sociedade São Vicente de Paulo, de Santos (SP); e a Associação Beneficente Auta de Sousa, de Rio Verde (GO).
Criado em setembro de 2017, o Prêmio “Zilda Arns” é uma forma de reconhecimento às pessoas e instituições que contribuíram ou têm contribuído ativamente na defesa dos direitos das pessoas idosas.
O nome da premiação se refere à doutora Zilda Arns Neumann, médica pediatra que atuou em causas humanitárias e sanitaristas, uma das fundadoras da Pastoral da Criança.
Conselheira no Conselho Nacional de Saúde, Zilda Arns trabalhou também no Ministério da Saúde. A médica morreu, em 2010, no terremoto que devastou o Haiti.
Célia foi indicada pelo deputado federal Guiga Peixoto (PSL-SP). Ela esteve em Brasília no inicio do mês para receber a premiação. Voltando de viagem, em entrevista a O Progresso, contou que ficara surpresa com a homenagem.
“Fui vice-presidente do Lar São Vicente de Paulo na época em que ele, o Guiga Peixoto, presidiu a instituição. Sempre tive uma amizade muito grande com ele, mas criamos mais sintonia ainda pelo trabalho que exercemos em prol ao idoso, e este prêmio foi um reconhecimento”, destacou Célia.
A voluntária ressaltou que vê o prêmio como uma “responsabilidade muito grande para que possa preservar” os ensinamentos de Zilda Arns. Ela frisou que conhece a história da médica e contou que admira o trabalho da homenageada.
“Morei mais de 30 anos fora de Tatuí e, quando voltei, comecei a trabalhar no Jardim Gonzaga com crianças dentro do Projeto “Ayrton Senna”. Lá, nós trabalhávamos com a multimistura criada pela doutora Zilda e com as coisas que ela pregava. São situações que se entrelaçam”, mencionou Célia.
A tatuiana aponta que um dos motivos por ter sido indicada pelo deputado e ter recebido a premiação deve-se ao trabalho que ela desenvolve no Lar São Vicente de Paulo. Célia integra a diretoria da entidade há mais de dez anos.
No “Lar”, a voluntária tem responsabilidade na organização administrativa e financeira de atividades com voluntários, sobretudo, na gestão do Bazar do Lar,
Ele ressalta que as peças vendidas no bazar são oriundas de doações diversificadas, de alimentos (empregados na nutrição dos internos) a roupas, medicamentos e aparelhos eletroeletrônicos recebidos pelo asilo. A renda é revertida sempre em favor da instituição
O bazar é aberto ao público todas as quintas-feiras, das 13h30 às 17h. Contudo, Célia aponta que tem quase todos os dias preenchidos pelo trabalho voluntário. Como o objetivo é arrecadar fundos para o asilo, são realizadas diversas triagens de materiais.
A primeira etapa ocorre às segundas-feiras, sempre para separar coisas que irão direto para cobrir as necessidades dos internos, como cobertores e utensílios domésticos em geral, enquanto que, nas terças-feiras, as “bazarentas” – como são conhecidas as voluntárias que integram a equipe – separam o que será vendido.
A doação em primeiro lugar é revertida para o Lar. Depois, as que podem ser vendidas um pouco mais caras são separadas para o brechó e as demais são vendidos por preços reduzidos, variando de acordo com o produto.
Conforme Célia, os recursos obtidos por meio da venda dos produtos representam, atualmente, a segunda maior fonte de renda da entidade, que atende cem idosos, aproximadamente.
Além da trajetória de vida marcada por trabalhos sociais em Tatuí e em diversos estados do país, Célia atuou na docência de ensino de primeiro grau entre 1964 e 1972, é graduada em pedagogia com habilitação em técnicas e recursos auxiliares ao ensino e treinamento de pessoal, além de mestre em tecnologia educacional, com especialização em psicopedagogia.
“Depois de ter cumprido uma história em prol da educação e ter me aposentado, voltei para Tatuí e comecei a me dedicar ao trabalho voluntário. Se doar ao próximo é muito gratificante, é uma coisa que você vai fazendo sem ônus nenhum e que pode ajudar muitas pessoas”, observa Célia.
Em nota à imprensa, a assessoria de comunicação do deputado Guiga Peixoto (PSL-SP) ressaltou que o parlamentar “não teve dúvidas ao escolher Célia Holtz como merecedora da homenagem”.
“Celinha, como é conhecida, de maneira fraterna e solidária, também oferece suporte e apoio às famílias que perdem seus entes queridos”, conforme acentua a assessoria do deputado.
“Os tatuianos encontram em Celinha uma referência de solidariedade e de confiança para destinar os materiais doados pelas famílias. Com muito cuidado e carinho, ela recupera, higieniza e classifica por gêneros para os respectivos destinos, quer seja para doação, ou para o bazar solidário da cidade”, destaca a nota.
Outro projeto da Célia Holtz é a profissionalização das mulheres com aulas de tricô, culinária, pintura em tecido e bordado, entre outras atividades. Algumas das alunas passaram até a comercializar os produtos como forma de aumentar a renda familiar.
“Com tanto trabalho para incentivo de idosos em atividades importantes para a sociedade, Celinha coleciona todos os atributos que a tornam merecedora da justa homenagem, a fim de que seu trabalho, coragem e determinação sejam propagados para que mais e mais voluntários em todo o país se inspirem em sua história e possam seguir seus passos em busca de um mundo melhor, fraterno e solidário”, finaliza o deputado.