A direção da Ford Motor Company Brasil garantiu que o campo de provas de Tatuí não será fechado em virtude da finalização das atividades da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A unidade do ABC paulista produziu o último caminhão nesta quarta-feira, 30 de outubro, e encerrou as atividades após 52 anos de operação.
A montadora já havia anunciado o fechamento da planta em São Bernardo do Campo, em 19 de fevereiro. Na ocasião, a montadora explicou que, devido à “ampla reestruturação de seu negócio global”, encerraria a atuação no segmento de caminhões na América do Sul e deixaria de comercializar os modelos Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta, produzidos apenas no ABC paulista.
Conforme a assessoria de comunicação da Ford, a história da fábrica de São Bernardo “se confunde com o crescimento da indústria no Brasil, em São Paulo e em São Bernardo”.
Além de automóveis, o complexo produziu motores, tratores e, em 2001, passou a abrigar a fábrica de caminhões, transferida da antiga unidade do Ipiranga.
Em nota à imprensa, Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, afirmou que “a ação em São Bernardo foi difícil, mas necessária para a reestruturação dos negócios”.
Ainda afirmou que a fábrica em Camaçari, na Bahia, que produz 250 mil veículos por ano, continuará ativa, assim como as unidades mantidas em Tatuí, onde há a pista de testes, e Taubaté, fábrica de motores, ambas no estado de São Paulo.
“Temos uma visão otimista para o Brasil e o futuro da Ford, com a continuidade de nossas operações nas fábricas de Camaçari e Taubaté e no campo de provas de Tatuí”, completou o presidente.
Desde que anunciou o fechamento da planta, a empresa passou a negociar com trabalhadores os planos de demissão e o governo do estado de São Paulo e a prefeitura de São Bernardo do Campo tentaram encontrar interessados em comprar a fábrica.
Em setembro deste ano, o governador João Doria chegou a convocar a imprensa para anunciar uma possível compra da planta, mas, apesar de negociações com o grupo Caoa, ainda não houve acordo.
“As negociações envolvendo a venda da planta ainda estão em andamento, sem decisão conclusiva até o momento, e a Ford reitera que continua fazendo todos os esforços cabíveis para alcançar um resultado positivo”, afirma a empresa, em nota.
Após as máquinas serem desligadas, no fim da tarde desta quarta-feira, cerca de mil pessoas devem continuar empregadas, atuando na parte administrativa e operacional, ao menos até março do ano que vem. Depois disso, alguns serão desligados e outros, transferidos.
Conforme dados divulgados pela Secretaria Municipal da Fazenda e Tributos, o campo de prova da Ford de Tatuí contribui com valor aproximado de R$ 2,8 milhões por ano na arrecadação da cidade, o que representa quase 1% (0,08%) do total, já que, em 2018, os tributos somaram R$ 308 milhões na cidade.
Ford em Tatuí
O campo de provas da Ford em Tatuí é considerado um dos mais modernos do mundo e funciona desde 1978 com instalações completas para o desenvolvimento e teste de automóveis, utilitários e caminhões, em uma área de 4,66 milhões de metros quadrados.
Conforme divulgado pela multinacional, as instalações situadas na rodovia Antônio Romano Schincariol contam com áreas administrativas, laboratórios, oficinas para a construção e montagem de protótipos, testes especiais e 50 quilômetros de pistas, que englobam áreas específicas para o desenvolvimento de carros e caminhões, e também uma engenharia experimental de motores.
O campo é equipado para a realização de testes de desempenho e consumo de combustível, freios, barreira de impacto (“crash-test”), penetração de água e poeira, câmara fria, cabines de névoa salina, arrefecimento, nível sonoro interno e externo, emissões, evaporação, durabilidade, construção de protótipos, dinâmica veicular, calibração e desenvolvimento de motores, entre outros.
As pistas de testes simulam as diferentes condições de ruas e estradas da América do Sul, rampas com diferentes ângulos de inclinação e estradas de terra dos mais diferentes tipos.
Além disso, o “Laboratório de Emissões” é o único da Ford na América do Sul certificado conforme a norma internacional de qualidade ISO 17025, que permite certificar veículos exportados sem que os órgãos governamentais estrangeiros precisem acompanhar os testes.