‘Caixa Mágica’ chega í  nova fase de CD





Letras “sofisticadas”, com “influências das artes apolínea e dionisíaca” e “um estilo tão eclético quanto a formação de seus componentes”. Assim é descrito o primeiro trabalho da banda Caixa Mágica, grupo que surgiu em Tatuí e tem passagens por diversos eventos musicais.

“Isso é mais que um CD, é um projeto no qual trabalho há mais de sete anos”, iniciou o arquiteto e músico Davison Pinheiro. Ele é responsável pelo conceito do álbum, que ainda não tem data de lançamento, mas já está batizado. Trata-se do CD “Do Início ao Fim do Mundo”.

O primeiro disco do grupo começou a tomar “corpo” no início deste ano, a partir de uma parceria. A banda fechou cooperação com o Estúdio Gargolância. Lá, gravou as 13 faixas do primeiro trabalho, no estilo acústico.

O disco é classificado por ele como uma obra de “ópera rock” e de gênero eclético, uma vez que tem faixas entre blues, MPB e rock. A música “A Trindade no Mississipi do Paraíso” abre o álbum. “O CD tem o lado jocoso, e começa com uma visão cristã do início do mundo”, sintetizou o compositor.

Ele segue com a música “Paramécio”, uma visão relacionada com a teoria da evolução, passa pela história do povo mongol, cita físicos da USP (Universidade de São Paulo) e é encerrado com a música “Estilhaço no Espaço”, referência a um possível fim do mundo ocasionado por um choque com um meteoro.

“As 13 músicas trazem uma ideia de sistema”, comentou Pinheiro. Não por acaso, o número faz menção ao calendário lunar, dividido em 13 e não 12 meses. “Isso fecha o ciclo anual que acontece baseado, também, na ‘Lei das Oitavas’”, disse o compositor, que ainda assina arranjos e é vocalista.

Todas as composições têm letra de Pinheiro, sendo algumas com participações especiais. “Em geral, houve colaboração de alguém que passou pela banda e que, naquele momento, contribuiu com alguma parte”, disse.

De modo a “lapidar” a obra, Pinheiro costuma reunir todo o grupo para um exercício de harmonia. “Trago um motivo (tema) e ficamos tentando resolver e fechar a canção”, explicou.

Essa prática passou a ser mais comum com a formação do grupo. A Caixa Mágica surgiu do encontro de Pinheiro com Mário Costa. “Ele é baterista. Nós começamos a tocar juntos. Na época, eu já tinha essa ideia e algumas músicas no repertório”, contou.

A partir de então, o duo (que tinha bateria, com Costa, e violão e vocal, com Pinheiro) começou a buscar novos integrantes. Em 2010, a banda agregou um guitarrista e um baixista, com troca dos componentes.

A artista plástica Raquel Fayad engrossou o “staff” da Caixa Mágica, como tecladista. Os dois novos integrantes são Roberto Franco (baixo) e Natália Ferlin (guitarra). Todos participaram da fase de gravação do primeiro álbum surgido de um lampejo do compositor, por conta de um passeio de barco.

“Eu fiquei sete anos sem tocar nada, sem pegar no violão, depois que terminei a faculdade no Rio de Janeiro e onde tive banda. Aí, fui velejar com meu ex-sócio, e aquilo me deu uma epifania e comecei a compor”, contou.

“Embora tenha músicas que pareçam com blues, com rock e com MPB, não posso dizer que a obra completa é só rock”, explicou. De modo a fazer sentido, as composições são ligadas umas às outras pelo estilo e “sentimento”.

Para a gravação, os músicos voltaram a lapidar as músicas. A pré-gravação aconteceu no estúdio de Pinheiro, local onde o grupo também realizou inúmeros ensaios.

O objetivo final era fazer uma gravação no formato acústico, com todos os componentes da banda tocando ao vivo. “Isso, realmente, dá uma pulsação única. É como os Rolling Stones costumavam gravar”, declarou.

“O CD é o sonho de consumo da minha geração. Até hoje, eu compro CDs. Então, para mim, é uma consolidação de um trabalho. Algo que quebra e arranha”, descreveu.

O processo tornou-se mais real por conta da amizade dele com Rafael Alterio. Ele é um dos responsáveis pelo estúdio onde a banda fez as gravações. Os dois estabeleceram parceria que permitiu a troca de conhecimentos entre Pinheiro (arquiteto) e Alterio (produtor, compositor e músico).

Pinheiro explicou que algumas das vozes que precisarão ser regravadas serão captadas no espaço que é usado pelos músicos e abrigou os ensaios.

Já os vídeos (que poderão ser utilizados para divulgação do trabalho) foram captados durante os dois primeiros dias. As gravações têm participações especiais dos músicos Túlio Pires, professor de violoncelo e ensino coletivo no Conservatório de Tatuí, e de Diego Garbin, trompetista da Big Band do Conservatório de Tatuí.

Também colaborou com o processo a maestrina Cibele Sabioni, encarregada da preparação de voz.

O passo seguinte para a conclusão do CD será a mixagem do trabalho e, posteriormente, a prensagem. Essas duas etapas não têm previsão.

A mixagem deverá ser realizada em estúdio de Carlos Freitas, que trabalha com músicos de renome, como Paulinho Moska. Para isso, a Caixa Mágica buscará concorrer ao ProAC (Programa de Ação Cultural), do governo do Estado de São Paulo.

Com isso, pretende captar recursos para a masterização e a prensagem. A arte final deverá ficar a cargo de Beatriz Parreiras, com supervisão de Pinheiro.

Embora não haja previsões, o músico disse que a expectativa é a melhor possível. Ele também avalia que o CD tem potencial para entrar em circuitos como o Sesc (Serviço Social do Comércio) e Sesi (Serviço Social da Indústria). Certo é que não será finalizado para ser comercializado.