‘Brigadeiro Jordão’ terá sala de estudos





Kaio Monteiro

Mesas de leitura deverão ser instaladas em espaço fechado; projeto desenvolvido por bibliotecária está sendo avaliado pelo Executivo

 

Lendo um livro por dia, um leitor regular precisaria de mais de 41 anos para chegar ao final de todas as obras disponibilizadas pela Biblioteca Municipal “Brigadeiro Jordão”. O espaço que está prestes a completar 54 anos oferece, atualmente, mais de 15 mil títulos para consulta pública e para empréstimo.

Comandada pela bibliotecária Maria Helena Soares desde 1979, a biblioteca deve ganhar sua primeira sala de estudos fechada. O projeto da melhoria está sendo analisado pelo Executivo e deverá permitir a ampliação do uso do local, que funciona no terceiro piso do Centro Cultural Municipal.

A “Brigadeiro Jordão” data de 25 de novembro de 1959. Ela havia sido criada por meio do decreto 476, pelo então prefeito do município, Olívio Junqueira. Desde então, funcionou em “inúmeros espaços”, como o paço municipal.

Na Prefeitura, os livros do acervo do município permaneceram na área em que atualmente estão agências bancárias. “Era uma salinha bem pequenininha”, disse Maria Helena.

A bibliotecária assumiu a biblioteca quando da mudança para o paço. “Antes de lá, não sei onde funcionou. Nós não temos mais nenhuma informação catalogada a não ser a da data de criação dela”, comentou a responsável.

Da Prefeitura, os livros foram transferidos para uma sala situada na rodoviária “Pedro de Campos Camargo”. O motivo da mudança era que o espaço cedido à biblioteca era usado pelas autoridades como sala de reuniões.

“Ela ficava ao lado de uma área onde existia a galeria de prefeitos, mas nunca foi prestigiada. Quando havia reuniões, as pessoas tinham de sair”, recordou.

Atendendo aos pedidos de Maria Helena, o Executivo transferiu a biblioteca para a rodoviária. “Lá, foi um horror”, citou, referindo-se ao espaço limitado para a distribuição dos volumes que faziam parte do acervo.

Outra mudança ocorreu na gestão do ex-prefeito Ademir Signori Borssato. Da rodoviária, a Prefeitura transferiu o acervo para uma casa situada no número 28 da rua 11 de Agosto. A propriedade, atualmente, abriga o Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transportes) e a Junta Militar do Exército.

O prédio é considerado um “marco” na história da biblioteca. Conforme Maria Helena, ele permitiu que a equipe da biblioteca pudesse dispor quase todos os volumes ao longo dos ambientes. O único senão era que eles eram colocados em enstantes que ficavam acomodadas em quartos da propriedade.

A casa tem quatro quartos grandes, uma sala que era de leitura e era utilizada para parte do atendimento. Também tem uma sala de visita que eu utilizava. Os quartos abrigavam as estantes que continham livros “por assunto”.

“Era um lugar muito bom em termos de localização. Bem amplo, mas difícil de trabalhar porque não havia câmeras e os funcionários tinham de ficar cercando as pessoas. Mas ali foi um marco para nós”, disse Maria Helena.

Ainda naquele prédio, a biblioteca ganhou o acervo do museu, com obras doadas pela família do jornalista tatuiano Raul de Pollilo. Os livros, porém, não puderam ser levados à consulta, uma vez que não havia espaço suficiente.

“Por falta de local para colocá-los, eles ficaram encaixotados, na garagem. Foi um acidente, um erro, mas não havia onde deixá-los”, alegou Maria Helena. De acordo com ela, como as condições de armazenamento não eram adequadas muitos dos livros doados pelos familiares do jornalista se perderam.

Em 2005, com a troca de administração, a “Brigadeiro Jordão” teve novo endereço. Passou a abrir ao público em um prédio alugado na praça Anita Costa. O imóvel era considerado bom em termos de espaço, mas precisou de reparos. “Era muito quente e tinha muitos erros na construção”, disse a bibliotecária.

Apesar das modificações, o Executivo transferiu o espaço para o endereço atual, na praça Martinho Guedes (Santa), 12, no centro. De acordo com Maria Helena, a mudança havia sido necessária por conta do fim do contrato de locação.

No antigo “Alvorada Clube”, a biblioteca ganhou novas prateleiras e os funcionários uma cozinha. Parte desse espaço foi fechada para ser utilizada como área para o arquivo. “Nós precisamos de um local para guardar os volumes, porque recebemos doações diariamente”, argumentou a bibliotecária.

Maria Helena contou que todas as obras doadas são catalogadas. A equipe preenche uma ficha com os dados principais dos livros e, depois, os carimba. Só então, quando eles já estão no sistema da biblioteca, são colocados nas prateleiras.

Essas ficam dispostas nas laterais do espaço que mantém uma mesa central para os estudos. “Acho que isso é um erro, dos muitos que a biblioteca tem”, disse Maria Helena. Para ela, o problema é que as pessoas que vão para estudar não conseguem se concentrar, por conta de o local ser aberto e não isolado.

A solução do problema está sendo estudada pela Prefeitura. O projeto preparado a pedido da atual administração já está concluído. Ele prevê o fechamento de um espaço com divisórias e partes em vidro para beneficiar o público.

“Temos muita reclamação das pessoas que vêm para estudar e, por causa do barulho, não conseguem. Eu apoio as reclamações e acho que elas ajudam a nossa equipe a melhorar. O cidadão tem mais é que falar, está no direto dele”, falou.

Maria Helena afirmou que, por conta das reclamações, teve a sugestão de fechamento da sala acatada pela administração. Conforme ela, não há outra maneira de ajudar a população senão a implantação do espaço.

A melhoria também deve auxiliar a bibliotecária a disseminar o espaço. Isso porque, Maria Helena afirmou que deixou de realizar atividades para não prejudicar os leitores. “Não fiz eventos neste ano, porque senão crio problemas”, falou.

Até então, a biblioteca abrigava oficinas de contação de histórias e outros projetos culturais. Esses eram frequentados por alunos de Emefs (escolas municipais de ensino fundamental) e da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). “Isso era motivo de descontração e de as crianças conheceram um pouco mais sobre a biblioteca”, afirmou a responsável.

O acervo atual passa de 15 mil livros, nos mais variados estilos. As obras adquiridas ou doadas são catalogadas no “livro tombo”. Segundo Maria Helena, o cadastro ainda não está automatizado, uma vez que os equipamentos de informática estão obsoletos. “Nossos computadores são antigos”, falou.

Dali, os livros seguem, ou para as estantes, ou para o arquivo. Eles são requisitados por crianças, jovens e adultos. A frequência média por dia é de 1.600 pessoas e o tempo médio gasto pelos leitores é de mais de uma hora. “Alguns ficam o dia todo, saem apenas para almoçar e voltam”, disse Maria Helena.

A Biblioteca Municipal também mantém, em cadastro, aproximadamente 9.000 leitores usuários. O número muda diariamente, uma vez que o processo de inscrição é considerado rápido. Para se tornar usuário, o cidadão deve levar duas fotos 3×4, comprovante de endereço e um documento de identidade.

Ao final do cadastro, o usuário é liberado para fazer empréstimos. Cada pessoa pode levar até três livros por vez e ficar com eles pelo período máximo de oito dias. “Mas existe a possibilidade da renovação”, afirmou a bibliotecária. Só não há renovação nos casos em que os livros registram “muita procura”.

No caso de não renovação, não há multa para o período de uma semana. Quem passar desse prazo pode ter o direito de empréstimo suspenso e quem perder o exemplar deve comprar outro e entregá-lo posteriormente à biblioteca.

A estudante Maria Elisa Lobo, 16, nunca perdeu os prazos. Usuária assídua do espaço, ela vai à biblioteca “várias vezes no mês” para estudar. Ela cursa o 2o ano do ensino médio no Colégio Adventista. Gosta de ficção e já contribuiu com doações. “A biblioteca me ajuda muito nos estudos”, comentou.

Ela funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. “Não paramos para almoço”, destacou Maria Helena. Outras informações pelo telefone 3259-5647.