Bloco do Vagalume levou 150 para centro com participação de bateria





Cristiano Mota

A abre-alas Benê Vagalume esteve na frente do desfile que incluiu passistas, foliões com abadá e bateria

 

O que poderia ser considerado atraso traduziu-se em concentração. Com “uma hora” para se preparar, o Bloco do Vagalume promoveu um verdadeiro “esquenta” na tarde de sábado, 14. A batucada começou na praça Paulo Setúbal (Barão), com participação de 150 pessoas, entre familiares de Paulo Vagalume, amigos dos parentes do carnavalesco e demais conhecidos.

Programada para as 16h, a saída do grupo aconteceu após as 17h. Com direito a abre-alas e bateria, o desfile aconteceu mesmo sob garoa. A chuva fina que caiu no centro do município não espantou os foliões nem tirou deles a animação.

O trajeto incluiu as principais ruas do bairro 400, berço do bloco e de moradia dos Vagalume. A animação ficou por conta da bateria da Unidos da Vila, comandada por Wagner Barros, o “Waguinho”.

“A família tem como tradição fazer os desfiles na cidade há mais de 20 anos. Nós, por conta da parceria, estamos aqui para abrilhantarmos a festa com muito samba”, disse o intérprete.

Sem executar samba-enredo, a bateria levou para as ruas do centro muito barulho. Ao todo, 50 componentes embalaram os foliões, que estavam uniformizados.

“Hoje fizemos somente batucada, porque não temos carros de som e, infelizmente, não dispomos de recursos para incrementar”, disse Waguinho.

Neste ano, o grupo percorreu um trajeto menor que o costumeiro na rua 11 de Agosto. Em vez dos quase 900 metros, do trecho até o largo da Igreja de São Roque, o Bloco do Vagalume desfilou por aproximadamente 450 metros.

Os participantes circularam pelas ruas Maneco Pereira e do Cruzeiro, finalizando na avenida Cônego João Clímaco de Camargo para confraternização.

“O trajeto é menor, mas a alegria é a mesma. Estamos com sede de samba e com uma alegria dentro do coração. Nós, sambistas, estamos aqui para alegrar o sábado de Carnaval dos tatuianos, e vamos transmitir isso”, disse Waguinho.

O presidente da Unidos da Vila contou com apoio dos mestres “Flavião” (bateria), “Cuca” (tamborim), “Favela” e “Gordo” (ambos na percussão). A bateria fez aquecimento por quase uma hora, animando foliões com abadá e fantasias. Entre eles, esteve Silvana Rossi, participante assídua de desfiles.

“Vou onde tem batuque. Já perdi a conta de quantos Carnavais participei. Faço isso desde pequena, seguindo uma tradição ensinada pelo meu pai”, comentou.

Para Benedita Aparecida, a Benê Vagalume, o desfile do bloco mantém viva uma tradição da cidade. Aos 64 anos, ela participou da folia como porta-bandeira na função de “abre-alas”. “Sou do Carnaval desde que existia o Princesa Isabel, do qual meu pai foi presidente, no bairro 400”, contou.

Benê afirmou que o clube tatuiano era famoso em toda a cidade e tinha membros da região. “Atualmente, ele seria uma espécie de núcleo da raça negra”, disse.

Entretanto, além do “samba no pé”, os frequentadores do espaço contribuíram para o desenvolvimento do ritmo na cidade. Mantiveram, por diversos anos, uma escola de samba com o mesmo nome e premiações variadas.

Para a porta-bandeira do grupo, o desfile é um dos momentos em que os foliões podem se divertir e esquecer problemas do dia a dia. “Tudo com bastante respeito, sem prejudicar ninguém. Então, levamos um pouco de alegria às pessoas. A vida já está muito dura, temos de aproveitar”.

Responsável pela organização, Marisa Estela é uma das filhas do patrono do bloco. Neste ano, ela ficou com a missão de realizar o desfile “com sucesso”. O bloco tatuiano existe há mais de 20 anos e é oriundo da Escola de Samba Princesa Isabel e de grupos posteriores, como o Bloco das Piranhas.

“Somos um grupo familiar e que tem média de 150 pessoas”, descreveu a carnavalesca. Para os desfiles, o bloco conta com a ajuda de outra “miniescola de samba amiga”: a Unidos da Vila, comandada por Waguinho.

“Todo ano, eles cedem a bateria em respeito ao meu pai. No ano passado, inclusive, houve uma homenagem, e nossa escola venceu prêmios”, disse Marisa.

A carnavalesca informou que, por questão de logística – e custos –, o samba-enredo do bloco não foi executado neste ano. Para 2016, a intenção é levar para as ruas um carro ou caminhão de som para viabilizar a interpretação.