Banco de Alimentos tem recorde de arrecadação superior a 47 toneladas





Jheniffer Sodré

Parte da equipe do Banco de Alimentos que trabalha para entregar os produtos na casa de mais de mil pessoas

 

O Banco de Alimentos de Tatuí bateu recorde de arrecadação no mês de abril, distribuindo 47.269 quilos de frutas, verduras e legumes para 231 famílias e 26 entidades assistenciais.

O número supera o antigo recorde, registrado em novembro de 2013, quando foram arrecadados 30 mil quilos de alimentos. Para o coordenador do banco, Dácio Vieira de Camargo Neto, o resultado é fruto do empenho da equipe e do aumento no número de pessoas atendidas pelo programa.

“Esse recorde representa o trabalho de negociação com as cooperativas, o aumento de famílias e entidades atendidas, as doações de supermercado e dos produtores da cidade”, enumera Neto.

Segundo ele, o objetivo é manter a curva de crescimento, pois isso significa que mais pessoas receberão os alimentos arrecadados. “Queremos zerar o número de famílias necessitadas em Tatuí, ou pelo menos chegar o mais próximo disso”.

Dos 47.269 quilos arrecadados, mais de 38 mil foram de três cooperativas – uma de Tatuí, uma de Itapetininga e uma de produtores de Capela do Alto e Iperó –, mais de 8.000 do Supermercado Coop e 220 quilos de doação voluntária.

Em abril, também foram feitos 226 potes de 500 gramas de doce de banana, 158 de molho de tomate e 40 de cocada. Todos eles produzidos com alimentos doados pela Coop, que já estavam muito maduros.

Além dos doces, o Banco de Alimentos doa o restante, que não é possível consumir, para produtores rurais, que utilizam o material para fazerem adubo orgânico, como a compostagem. No mês passado, 710 quilos, dos 8.000 doados pelo supermercado, foram destinados a isso.

“Reaproveitamos quase tudo. Se não dá para consumir, é feito doce; e se não dá para fazer doce, é feito compostagem. Dos alimentos recebidos pela Coop, quase 90% são utilizados pelo Banco”.

Neto lembra que, se os alimentos doados pelo supermercado não fossem para o Banco de Alimentos, iriam para o lixo. “Quase todos os legumes, frutas e verduras que recebemos estão perfeitos para consumo, só não estão bonitos para serem vendidos”, explica Neto.

Também em abril, foram entregues 17 “cestas emergenciais”, que são destinadas para famílias que não estão cadastradas, mas que necessitam de alimentos na mesma hora. Normalmente, essas situações são encaminhadas pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e pelo Departamento de Bem-Estar Social e Cidadania.

Atualmente, o Banco de Alimentos atende 262 famílias – o que representa mais de mil pessoas – e 28 entidades, como Santa Casa, Lar Donato Flores, Apae, Casa do Bom Menino, Recanto Betel, Casa dos Irmãos de Rua, Comunidade Recado, entre outras.

Ainda há 72 famílias na lista de espera, segundo informações do coordenador do programa. Neto garante que, até o mês de agosto, essas pessoas começarão a receber as cestas do Banco.

“Até o meio do ano, queremos atender mais de 300 famílias, e, para isso, já conversamos com a Prefeitura, para que tenhamos nossa estrutura logística ampliada, com funcionários e um veículo para as entregas. É isso que falta, pois, em termos de alimentos, nós estamos bem abastecidos”, explica.

Todas as famílias cadastradas no Banco de Alimentos recebem, semanalmente, uma cesta com produtos de “hortifruti”, como alface, batata, berinjela, limão, banana, caqui, coentro, carambola, abóbora, mandioca, acerola, laranja, milho-verde e tomate.

Esses alimentos vêm de cooperativas de pequenos produtores rurais e de assentamentos do Movimento Sem-Terra (MST), além das doações voluntárias de agricultores e do Supermercado Coop.

Além disso, existe uma horta no próprio Banco, onde são cultivados diversos tipos de hortaliças sem o uso de agrotóxicos e outros defensivos químicos. A ideia, segundo Neto, é expandir a plantação para um terreno próximo ao local, que também é da Prefeitura.

A quantidade de alimento colocada nas cestas é calculada de acordo com o número que pessoas que compõem cada família. “Fazemos isso para que não haja desperdícios e para que não falte”, comenta o coordenador.

Neto também informa que as pessoas comem o que é produzido em cada época do ano, respeitando o período de colheita dos vegetais. Além disso, uma nutricionista acompanha a montagem das cestas, para que as necessidades das famílias sejam supridas.

“Nós temos registrado o perfil de cada uma das famílias que atendemos, para que possamos enviar os alimentos corretos. Dessa forma, distribuímos o certo para pessoas diabéticas, com sobrepeso ou desnutrição, por exemplo”.

O coordenador do Banco destaca que o programa possui dois objetivos principais: ajudar as pessoas que não têm condição de comprar os alimentos e diminuir o desperdício.

“Nosso trabalho é servir a população, e nossa preocupação é suprir a necessidade das famílias. Não queremos ter pedintes nas ruas. Então, daremos todo o apoio para que elas consigam se estruturar. Como as pessoas vão procurar emprego com fome? Não é possível, por isso estamos aqui para dar suporte e tranquilidade para elas”, argumenta.

Neto reforça a ideia de que as famílias não devem ficar dependentes do Banco de Alimentos para sempre. “Tem que ser apenas por um período determinado, até que elas tenham condições de comprar os produtos, porque, aí, passamos a vaga para outras que necessitem mais”.

Ele conta que já houve casos em que a própria pessoa cadastrada no programa foi até o Banco de Alimentos para pedir que o nome fosse tirado da lista, pois ela não precisava mais da ajuda.

“As pessoas agradecem muito, dizem que foi de grande ajuda, e avisam que já podemos passar a vaga para outras famílias. É legal ver a consciência da própria população”, finaliza Neto.

Quando há sobra de alimentos em Tatuí, os produtos são doados ao Banco de Alimentos de Cesário Lange, que é pequeno e depende apenas das doações, e, algumas vezes, ao Banco do município de Quadra.

Como se cadastrar

Para ser inserida no programa, a pessoa precisa ir até o Banco de Alimentos para fazer cadastro e conversar com a assistente social, que fará avaliação da condição da família e uma visita até a residência.

O coordenador do Banco explica que existe uma série de critérios, como desemprego, baixa renda e pessoas doentes. Caso a família seja aprovada, ela passa a receber os alimentos semanalmente, e, a cada seis ou oito meses, a assistente social reavalia a situação, para ver se ainda há necessidade da ajuda.

“Se a família conseguir se estruturar e já tiver condições de comprar os produtos, nós fazemos uma notificação, explicando que ela deixa de receber as cestas. Nós damos um prazo de três semanas para ela se organizar e, depois, passamos a vaga para outra pessoa”, explica Neto.

No caso das instituições assistenciais, é preciso ter Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e outros documentos oficiais, ser “idônea” e comprovar o objetivo do cadastramento.

“Há uma série de requisitos, pois precisamos saber o que será feito com os alimentos, quantas pessoas serão atendidas e se as entidades vão consumir ou redistribuir”, reforça o coordenador.

O Banco de Alimentos de Tatuí está localizado na rua Ernesto Lalau Amadei, 70, no bairro Valinho, próximo ao Supermercado Coop. Para entrar em contato, é possível mandar e-mail para bancodealimentos@tatui.sp.gov.br, ou ligar para 3259-7493.