Aulas em Tatuí só voltam no próximo ano

Da reportagem

O retorno das aulas presenciais na cidade segue sem data definida, mas não ocorre mais neste ano. Na quinta-feira, 24, a prefeitura divulgou decreto determinando a prorrogação da suspensão das aulas e atividades nas escolas da rede municipal até o final do ano letivo de 2020, as quais só devem retornar em 2021.

Pelo documento, a prorrogação é válida para a educação infantil, o ensino fundamental I e II e a EJA (Educação de Jovens e Adultos) da rede pública. Para as unidades escolares da iniciativa privada e da rede estadual, o retorno das aulas presenciais é facultativo.

Já as instituições de ensino superior, técnico e educação profissional estão autorizadas a retomarem as atividades presenciais, conforme estabelecido pelo Plano São Paulo, desde que sigam todas as diretrizes do governo estadual.

Durante o período de suspensão das aulas e demais trabalhos presenciais, as atividades educacionais da rede municipal são realizadas à distância, utilizando-se dos recursos tecnológicos disponibilizados pela Secretaria Municipal da Educação, nos mesmos moldes já instituídos desde o início da suspensão das aulas.

Conforme a prefeitura, o decreto poderá ser revogado diante da evolução do quadro epidemiológico da Covid-19 no município e do impacto causado na rede de atenção à saúde.

Em agosto, a Secretária de Estado da Educação autorizou a abertura gradual das escolas nas cidades que estão na fase amarela do Plano São Paulo, em duas datas distintas. A partir do dia 8 de setembro, apenas para alunos com mais dificuldade de aprendizado e a partir de 7 de outubro, aos demais.

Contudo, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, destacou que os prefeitos poderiam criar calendários próprios e planos mais restritivos, com base nos dados epidemiológicos regionais.

De acordo com a secretária municipal da Educação, Marisa Aparecida Mendes Fiusa Kodaira, a decisão do não retorno se baseou em diversos pontos, apontados em reuniões com representantes de escolas, pelo Conselho Municipal de Educação e na consulta pública efetuada pela pasta.

A pesquisa começou em setembro e ficou disponível no site da prefeitura até esta quarta-feira, 23, aberta à comunidade, pais e responsáveis, obtendo 87,9% dos votos para o não retorno às aulas presenciais, em um universo de 6.931 entrevistados – o que representa 50% do total de alunos matriculados na rede municipal (13.846).

Outro fator apontado por Marisa, para a prorrogação da suspensão das aulas presenciais, é o número de alunos menores de dez anos. Segundo ela, a educação infantil (de 0 a 5 anos) representa quase 40% do total de matriculados, com 4.524 crianças.

“É um público muito grande e demanda de muitos cuidados pessoais. Os professores e funcionários das escolas precisam atender esses alunos mais de perto, trocar, carregar, cuidar, e todas essas questões são inviáveis neste momento de pandemia”, argumentou a secretária.

Outros 52% dos estudantes da rede público – cerca de 7.200 – estão no fundamental I, do 1º ao 5º ano. Já os alunos do ciclo II (6º ao 9º) e da EJA representam 15,3% dos matriculados, com aproximadamente 2.120 estudantes.

“Nós pensamos também no número de alunos usuários do transporte e na dificuldade de manter os pequenos dentro dos protocolos sanitários exigidos”.

“O professor teria muitas preocupações, com relação ao distanciamento dos alunos, uso correto de máscaras e outras situações que poderiam aumentar os riscos de contaminação pelo vírus”, ressaltou Marisa.

As atividades presenciais foram suspensas em toda a rede de ensino no dia 23 de março e, desde 13 de abril, a secretaria usa o programa “Escolariza”, uma plataforma para oferecer conteúdo didático em ambiente virtual, por meio do www.escolariza.com.br .

Conforme Marisa, este método continuará a ser utilizado na educação infantil, no ensino fundamental e na EJA até o final do ano letivo de 2020.

A plataforma faz parte do programa “Escola Interligada”, usada pela pasta, desde 2017, para gestão de nota e frequência dos alunos, reuniões e encaminhamentos, entre outras funções.

A secretária explicou que, quando as aulas foram suspensas, a equipe pedagógica percebeu a necessidade de continuar oferecendo conteúdo aos estudantes e decidiu adicionar uma nova ferramenta ao portal já existente.

“É um sistema bem interessante, e a funcionalidade não acrescentou nenhum custo para os cofres municipais. Nós só criamos o link com as atividades e as professoras postam o material em home office”, pontuou Marisa.

O ensino se dá na base de atividades interativas, e inicialmente correspondiam a um complemento do material já estudado em sala, mas, atualmente, são disponibilizados conteúdos novos, dando sequência ao aprendizado.

O conteúdo pode ser acessado por celular, tablet, notebook ou computador. Já os alunos que não têm acesso à internet podem solicitar as aulas impressas na unidade em que está matriculado, em horários e dias combinados entre as escolas e os pais ou responsáveis.

“Os alunos já estão bem adaptados à plataforma, interagem bem com os professores e fazem as atividades, inclusive aqueles sem acesso à internet. Nós tivemos este cuidado para atender a todos os alunos do ensino fundamental”, enfatizou a secretária.

O mesmo ocorre com a educação infantil. A equipe da secretaria também está disponibilizando, nas páginas oficiais do Facebook e do Instagram, atividades para auxiliar as famílias a passarem pelo período de quarentena.

Desta forma, as famílias com crianças matriculadas na rede municipal recebem conteúdo e “podem continuar a estimular o aprendizado e o desenvolvimento das crianças através das brincadeiras, livros digitais e atividades lúdicas divulgadas”.

“Essas postagens trazem histórias para serem lidas pelas famílias, sugestões de brincadeiras e vídeos gravados carinhosamente por professores, monitores, coordenadores e diretores da rede municipal”, sustentou Marisa.

Ela afirmou que as atividades virtuais ainda devem ajudar os estudantes a conseguirem atingir o número de horas exigido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e, com isso, não terem prejuízo no ano letivo.

A LDB exige o cumprimento de no mínimo 200 dias letivos e 800 horas para o ensino fundamental nas etapas I e II, com carga horária de 25 horas semanais. Para a educação infantil, não há obrigatoriedade de 800 horas, e as escolas têm carga semanal de 20 horas.

Além disso, a secretária ressaltou que, quando as aulas voltarem ao normal, as atividades devem ser reforçadas. Conforme Marisa, os estudantes passarão por um processo de avaliação inicial para mensurar o nível de aprendizagem.

“Depois disso, o professor vai planejar as aulas visando avançar na aprendizagem, de acordo com o nível dos estudantes. O aluno não pode ser prejudicado”, garantiu.

Para o próximo ano, Marisa destacou estar adquirindo todos os insumos necessários para o retorno das aulas, assim como dispenser de álcool em gel, termômetros, máscaras de proteção e outros itens necessários para a higienização.

“Temos muitos desafios, mas a secretaria está trabalhando muito nos últimos meses para garantir a continuidade no processo de ensino. A equipe pedagógica é incansável e as formações com os coordenadores e diretores também continuam, tudo de maneira remota, mas com a mesma dedicação”, concluiu a secretária.

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