AST faz gincana e venda de feijoada

Patrícia Milão

Professora de Libras e uma das fundadoras da entidade está à frente dos eventos da Instituição local

 

Dia 4, domingo, a AST (Associação de Surdos de Tatuí) “Lúcia Arruda Bertolaccini” venderá feijoadas a R$ 20 entre às 12h e 14h. Após, será realizada a “Ação Entre Amigos”, com gincana e barraca de artesanato. O evento acontecerá na rua 13 de Maio, 1.008.

 

Serão comercializadas 200 unidades de feijoada. “Com o dinheiro, iremos comprar livros didáticos. São muito caros, cerca de R$ 280 cada”, explicou a professora de Libras (Língua Brasileira de Sinais) Leonides Bertolaccini Rodrigues, a Tili Bertolaccini.

 

A partir das 14h, será iniciada a gincana. Grupos com quatro alunos participantes, sendo dois surdos e dois ouvintes, passarão por diversas provas sorteadas durante as atividades.

 

O evento é aberto ao público que, além de assistir às brincadeiras, terá acesso a uma barraca com venda de produtos artesanais produzidos pelos alunos.

 

A AST também tem novos planos. Tendo sido liberado pela Prefeitura, desde novembro do ano passado, o terreno em comodato (sem a cobrança de aluguel) já pode receber a construção da sede da instituição. “Fica em frente à delegacia”, conta Tili.

 

O projeto da sede ainda não foi desenhado. Para viabilizar a obra, parcerias serão tentadas para a doação de material de construção.

 

A ideia é que a estrutura tenha salão para as atividades esportivas – que, desde julho de 2012, são realizadas com os alunos surdos em espaços cedidos – com banheiros.

 

Na parte superior da construção, haverá cozinha para as oficinas culinárias, duas salas — sendo uma para alunos adultos e outra para as crianças—, além de espaço para a biblioteca e banheiros.

 

O espaço reservado aos treinos de futebol de salão também poderá ser fonte de renda. “Podemos alugar para eventos”, afirma.

 

A utilização do novo espaço era prevista para este ano, mas a data foi modificada. Assim, o novo espaço será inaugurado no início do ano de 2014. “Coincidiu com a mudança do estatuto, por isso atrasou”.

 

A mudança será, somente, no nome fantasia da instituição. Legalmente, continuará sendo AST, porém, passará a ter o nome fantasia de Astec (Associação de Surdos de Tatuí Esporte Clube), por conta das atividades integradas desde 2012.

 

Os alunos com deficiência auditiva têm, atualmente, a opção de participar de aulas de futebol de salão, dardo, natação e corrida. Os treinos de futebol acontecem todos os sábados, na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Professor José Tomás Borges”, à noite. As aulas de dardo são em espaço conseguido pelo professor voluntário.

 

A natação acontece em uma residência particular, cujos proprietários cederam a piscina. “Vamos enviar ofícios para os clubes da cidade e escola que tenha piscina, para sabermos quais os horários que eles têm disponíveis e se poderiam nos ceder”, explica Tili.

 

Durante o mês de julho, todas as atividades são paradas para período de férias, voltando na primeira semana de agosto. Inclusive, as aulas esportivas.

 

Dos atuais 91 alunos da associação, 48 são surdos e participam das aulas de Libras e oficinas, além de parte deles praticar os esportes.

 

Para as atividades extras, a associação conta com o trabalho voluntário, sendo que as oficinas acontecem uma vez por mês. Há dois voluntários de educação artística, dois de costura e quatro de educação física.

 

Até profissionais como advogado, dentista, enfermeiro, médicos oftalmologista e clínico-geral auxiliam os alunos da associação. “Marcamos conforme a necessidade deles. Eu mesma costumo acompanhar”, diz Tili.

 

A evolução dos alunos na conquista da autonomia também é realidade. “Desde quando começamos, já conseguimos um grande avanço. Hoje, tem surdo em qualquer lugar, eles não têm mais medo”, destaca.

 

Um trabalho de troca também é feito. “É um por um. A pessoa ensina algo para o aluno e eu ensino a Libras”, diz.

 

A troca consiste em um profissional ensinar algo para o aluno surdo como, por exemplo, manicure ou informática. Em troca, aprende, gratuitamente, a Libras. O curso, para ouvintes, custa R$ 480, em seis parcelas de R$ 80.

 

Pessoas com deficiência auditiva não pagam pelo curso, e, mesmo que tenham mais de 18 anos, é recomendado que levem alguém da família, para que aprendam juntos.

 

“Não adianta apenas ele (surdo) aprender, chegar em casa e não ter com quem conversar”, argumenta. O acompanhante também não paga pelo curso.

 

Para a matrícula, é necessário comparecer com CPF, RG e comprovante de endereço, na rua 15 de Novembro, 1.298. As vagas para ouvintes já foram preenchidas.

 

Na próxima semana, além das atividades e aulas, os ensaios do coral de sinais também começarão. “Estamos convocando os ex-alunos”, afirma Tili.

 

O primeiro ensaio será no dia 7, quarta-feira, às 21h, após a aula de Libras, ministrada na Emef “Eugênio Santos”.