Apae cria materiais de comunicação alternativa para auxiliar estudantes

Da reportagem

A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí está desenvolvendo um método de comunicação alternativa para auxiliar os alunos da instituição a se informarem sobre os cuidados necessários para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

A ação faz parte do projeto “A Apae com você contra a Covid-19” e utiliza o PEC (Picture Exchange Communication System – sistema de comunicação por troca de figuras, na tradução livre) para levar conteúdo sobre os protocolos de higiene e prevenção à Covid-19 junto aos 280 estudantes.

De acordo com Daliane Miranda, assistente social responsável pelo Centro Dia de Referência de Assistência Social da Apae, o projeto consiste na elaboração de materiais que proporcionam ou ampliam as habilidades funcionais dos alunos, ajudando-os a compreender o conteúdo.

A iniciativa é desenvolvida com um recurso de R$ 45.151,20, conquistado por meio de chamada pública para apoio a ações emergenciais junto a populações vulneráveis, lançada pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).

Essa chamada disponibilizou R$ 600 mil para financiar projetos em todo o território nacional, divididos em 12 propostas com orçamento de R$ 10 mil, 77 projetos de até R$25 mil e 56 de até R$ 50 mil. O projeto da Apae de Tatuí foi o único selecionado da região.

Com o recurso, a Apae confeccionou 280 kits para serem distribuídos aos alunos. Cada um deles acompanha sete pranchas de comunicação com conteúdos diferentes e diversas placas – para serem ligadas à prancha por meio de um velcro -, que seguem uma sequência explicando o passo a passo dos cuidados de higiene e prevenção.

“O material explica aos alunos, de uma forma bem didática, como lavar as mãos, o que fazer quando chegar e quando sair de casa, como usar o álcool em gel na higienização das mãos, a forma correta de colocar e usar a máscara, entre outros cuidados”, explicou Daliane.

A assistente social destacou que as pranchas e as placas foram confeccionadas com assessoria de uma terapeuta ocupacional da Apae. “Ela analisou todo o material, indicando a melhor forma de produzirmos o conteúdo, de maneira a facilitar a compreensão dos alunos”, afirmou.

O material será distribuído na casa dos estudantes. A previsão é entregar os kits até o final de outubro, para auxiliá-los no ensino em home office – as aulas presenciais da instituição estão suspensas desde março, devido às determinações de isolamento social.

Segundo Daliane, cada estudante receberá um kit personalizado, de acordo com gênero, raça e grau de compreensão – o material atende ao público com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista.

“O personagem utilizado nas figuras pode ser masculino ou feminino, branco ou afrodescendente. Produzimos este material respeitando o gênero e a questão da cor e raça, para que os alunos, junto com as famílias, pudessem escolher”, explica Daliane.

A assistente social informou ser comprovado que, quando se identificam com os personagens, os alunos apreendem melhor. Ainda acrescentou que a ideia de confeccionar personagens brancos e afrodescendentes dá continuidade ao projeto “AfroApaeana – A Cultura da Igualdade” – desenvolvido pela Apae em 2019.

Além das PECs, a entidade lançará uma série de vídeos explicativos para auxiliar as famílias dos alunos na utilização das pranchas e no desenvolvimento deles. O conteúdo será disponibilizado, uma vez por semana, pelo canal da Apae, na plataforma Youtube.

“Foram produzidos dez vídeos com supervisão da fundação Fiocruz. Eles analisam e aprovam se as medidas estão sendo colocadas da forma correta, se as informações estão batendo com as orientações da Organização Mundial de Saúde e revisam todo o conteúdo”, completou a assistente social.