Alunos da Apae conhecem kuikuros em ‘visita pedagógica’ na zona rural

Tradicionalmente, crianças atendidas pela instituição participam de abertura de atividades com os índios

Em celebração ao mês em que é comemorado o Dia do Índio e para abrir oficialmente as atividades de 2017 do Sítio Santa Rosa, um grupo de alunos da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí teve a oportunidade de conhecer índios da etnia kuikuro.

A visita especial aos nativos da região do Alto Xingu teve acompanhamento de professores e auxiliares de sala da instituição, além de monitores do Santa Rosa.

Há 15 anos, os alunos da Apae abrem o calendário anual do sítio de turismo rural pedagógico. De acordo com a diretora pedagógica da instituição, Fabiana de Oliveira Bandeira, o intercâmbio indígena é benéfico aos alunos e assistidos pela Apae.

“É um aprendizado e um momento de socialização. Eles aprendem desde quando saem da Apae até quando voltam. É grande o benefício proporcionado pela visita. Além de tudo, eles podem vivenciar algo que vão aprender em sala de aula na nossa Semana do Índio”, explicou.

No sítio, os alunos viram ver “ao vivo” aquilo que estão aprendendo em sala de aula. No dia 19, é comemorado o Dia do Índio e a instituição está mobilizada em homenagear os habitantes nativos do Brasil.

“Alguns de nossos alunos têm poucas oportunidades de saírem para o convívio com a comunidade onde vivem. Mesmo para aqueles que têm mobilidade reduzida e dependem de cadeiras de rodas é muito bom sair da escola e conhecerem lugares novos”, contou.

Ao todo, mais de 120 assistidos pela Apae visitaram o Santa Rosa. Os indígenas ensinaram às crianças a atirar com arco e flecha e arpão, além de mostrarem um modelo de oca onde vivem e utensílios utilizados no dia a dia da comunidade.

Para Camilo Kuikuro, a vinda para Tatuí representa “genuíno intercâmbio cultural”. Ao mesmo tempo em que ensina um pouco da própria cultura, ele garante aprender mais sobre os hábitos do “homem branco”.

O jovem indígena, que é filho do cacique Jacalo Kuikuro, veio acompanhado de dois irmãos e quatro primos. Todos eles vivem na maior aldeia da etnia kuikuro no Parque Indígena do Xingu. O povoado principal tem aproximadamente 600 habitantes. Outras cinco aldeias da mesma cultura estão espalhadas pela reserva.

“É a primeira vez que dou palestra. Estamos aqui para mostrar a nossa cultura e nossa força. O homem branco quer acabar com a demarcação de onde nós moramos, mas queremos manter viva a cultura de nosso povo e mostrar a nossa importância”, declarou.

Segundo o diretor do Sítio Santa Rosa, Flávio Augusto Medeiros, o contato com os índios kuikuro acontece por meio da internet e com autorização da Funai (Fundação Nacional do Índio). Os indígenas têm uma escola com conexão à rede mundial de computadores oferecida pelo Ministério da Educação.

“Tem um trâmite legal para esse contato. O projeto de intercâmbio é autorizado. Todos os anos nós trazemos índios diferentes para que todos tenham a oportunidade de conhecer a nossa região”, frisou.

O sítio recebe visitantes de escolas de diversas regiões de São Paulo. O público-alvo é formado por estudantes da primeira etapa do ensino fundamental com idade entre quatro e dez anos.

Além do intercâmbio indígena, que acontece neste mês, o calendário do sítio de turismo rural pedagógico tem programação de educação ambiental, entre maio e junho. O mês de agosto é dedicado ao folclore.

“É gratificante receber os alunos da Apae. É bacana ver que o nosso projeto consegue atingir todos os níveis sociais, e todos aprendem mesmo quando têm restrição física e mental. A função pedagógica acaba completando”, finalizou.