Arquivo o Progresso
Prefeitura utiliza materiais produzidos pela usina de reciclagem em nova avenida e nas demais obras
Falta pouco para que moradores do Residencial Astória possam ter acesso ao centro da cidade de modo mais fácil. Ao menos é o que antecipou o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, em entrevista concedida a O Progresso.
Na noite de terça-feira, 9, Manu afirmou que o Executivo programa para este mês a inauguração do acesso ligando o bairro até a rodovia Gladys Bernardes Minhoto (SP-129). “Evidentemente, que ligará com a cidade”, disse Manu.
Conforme ele, a obra “vem sendo sonhada há tempos pela população daquela região”. O prefeito disse que o bairro tem sido prejudicado pela falta de um trevo de acesso desde a sua fundação. Também afirmou que empresas do distrito industrial situado à margem da rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-127) convivem com o mesmo problema há décadas.
“São dois locais que necessitam de acesso, de um dispositivo. Enquanto isso não vem por parte do governo do Estado, nós temos de tomar atitude”, afirmou.
Conforme o prefeito, a intenção do acesso é dar melhores condições de tráfego para os moradores. Manu disse que as pessoas precisam se deslocar por diversos motivos. Além de estudo e trabalho, os habitantes do bairro precisam viajar ao centro para ter acesso a serviços básicos, como atendimento de saúde.
Para isso, eles têm de acessar a SP-127, entrar na rodovia Castelo Branco (SP-280) para poder fazer o retorno também pela 127 em direção ao centro. Além de mais longa, a manobra dificulta atendimento por parte do Corpo de Bombeiros e de equipes como do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Conforme o prefeito, para fugir do desconforto, alguns moradores se arriscam a fazer o acesso irregularmente. Motos chegam a fazer o acesso atravessando o canteiro central entre as pistas de ligação com a Castelo Branco e Tatuí.
A Prefeitura iniciou a obra em agosto, com um ato no qual o prefeito levou maquinários para o bairro. Em setembro e outubro, a obra passou por diversas etapas.
“Como não temos só aquele acesso, nós precisamos deslocar as equipes para novas obras e para dar conta das demandas da cidade”, argumento o prefeito.
Conforme ele, a expectativa inicial é de que a obra seja concluída e entregue neste mês. Manu disse, também, que o acesso é fruto de parceria entre a Prefeitura e o proprietário da área, Otávio Pilon. “Ele foi sensacional, nos doou toda aquela área para que pudéssemos fazer uma avenida”.
Entre agosto e setembro, as equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura realizaram trabalhos intercalando “homens e máquinas”. Manu disse que a Prefeitura teve de esperar, ainda, 30 dias para que fosse feita a cura do cimento da tubulação de concreto.
Segundo o prefeito, em determinados trechos do acesso, o Executivo teve de implantar sistema de drenagem de águas de chuva, por meio de tubulação. “Essa parte demorou um pouco mais, por causa do tempo de secagem”, disse.
O Executivo retomou os trabalhos no final de outubro, informando que a obra está “a todo vapor”. “Devemos entregá-la agora, nesse mês”, projetou o prefeito.
Inicialmente, a avenida que fará a ligação entre o bairro e a rodovia não será asfaltada. Manu alegou que a Prefeitura não tem recursos para asfaltar o trecho, que é classificado como grande. A avenida terá, aproximadamente, dois quilômetros de extensão, sendo compactada e perenizada.
Para isso, a Prefeitura está utilizando materiais da usina de britagem (de reciclagem de restos de construção civil). Manu disse que a secretaria está fazendo uso constante desses materiais, incluindo a compactação de rua no Jardim Gonzaga.
“É um trecho pequeno que nunca recebeu água, esgoto e muito menos asfalto. Nós fizemos isso num período de seis meses e toda compactação foi feita com uso de material produzido pela usina de reciclagem”, contou o prefeito.
Conforme ele, a Secretaria de Infraestrutura vai aplicar o mesmo material na avenida de acesso do Residencial Astória de modo a “aumentar a vida útil dela”.
A usina de reciclagem começou a funcionar no início deste ano. Em fevereiro, um vendaval onde está situada a usina causou prejuízos, atrasando o funcionamento. O local é regulamentado pelo Plano de Resíduos Sólidos, o qual visa especificar todo os procedimentos feitos pela usina.
De acordo com o prefeito, a usina processa somente resíduos municipais. São descartes gerados pela Prefeitura com obras de recuperação, construção e revitalização de prédios e recapeamento de ruas e avenidas.
Porém, ela não atende a particulares e a empresas de construção civil. “Esse pessoal está sendo obrigado a levar o entulho para outro município”, contou Manu.
Os materiais gerados a partir de obras realizadas por terceiros são enviados para Cerquilho. A transferência acontece porque o antigo “Lixão” não pode mais receber detritos de “nenhuma natureza”. Por determinação da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Prefeitura desativou o aterro sanitário, transferindo o descarte de lixo doméstico para Cerquilho.
A cidade recebe materiais por conta de contrato de prestação de coleta e descarte de lixo. O serviço é realizado no município pela Proposta Engenharia Ambiental.
Para atender a necessidade da municipalidade, a Prefeitura ativou a usina de reciclagem. Manu frisou que ela é utilizada, exclusivamente, para as demandas da cidade, que “é muito gigante”. “Por enquanto, estamos operando para viabilizar os nossos trabalhos de conservação”, enfatizou o prefeito.
Manu disse, ainda, que a Prefeitura deve estudar a possibilidade de receber material produzido por particulares mediante pagamento de uma taxa. “Ainda estamos analisando, porque a máquina tem capacidade pequena”, argumentou.
Conforme ele, a equipe do Executivo não tinha ideia da capacidade de processamento quando passou a trabalhar na sua implantação efetiva. O projeto é antigo. “Ela não tem condições de processar tudo que é produzido na cidade”, falou.
Para dar conta da demanda, o prefeito disse que seria preciso mais investimentos. Segundo Manu, a Prefeitura teria de contratar, no mínimo, mais 20 funcionários, adquirir máquinas retroescavadeiras, uma Patrol e caminhões.
Além do custo para os cofres públicos, o prefeito afirmou que o custo de processamento poderia se tornar inviável para quem contratasse o serviço de descarte. Isso porque o município teria de cobrar um valor muito alto para não ter prejuízo.
“Na mão do privado, ele calcula que um mais um tem que dar dois. Na mão do público, é um pouco mais difícil. Não dá para ter essa matemática. Teríamos uma dificuldade muito grande na parte operacional para fazê-la virar”, disse.
A contratação de novos funcionários poderia gerar mais transtornos ao município. Manu disse que a Prefeitura vem tentando reduzir custos com a folha de pagamento, inclusive com ações mais pontuais relacionadas às horas extras.
“Estamos tentando enxugar a máquina pública. Isso aí (o recebimento de restos de construção civil de terceiros) iria nos causar problema mais problemas. Então, no momento, não temos condições de receber o entulho produzido pela cidade inteira. Mais para frente, pode até ser”, concluiu o prefeito.