A Defesa Civil informou, nesta semana, que o município permanece no primeiro estágio do plano de ação. A cidade está em estado de observação para eventos meteorológicos. É o que informou o responsável pela Comdec (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil), João Batista Alves Floriano.
O coordenador explica que o órgão não mudou “de nível” por conta do volume de precipitações ocorrido na chamada estação das chuvas. O período compreende os meses de dezembro a março.
Desde o fim do ano para cá, o volume de precipitações registrado pelos radares caiu. “Pelo menos até hoje (segunda-feira, 8), está sendo uma situação atípica, porque nós tivemos menos chuva do que o esperado”, relatou Floriano.
Dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) apontam que, do dia 1º ao dia 7, choveram 27,8 milímetros em Tatuí. A maior parte da precipitação ocorreu no dia 6, quando a chuva somou 22,2 milímetros, com maior intensidade entre as 21h30 e 0h30.
A quantidade de chuva é 16 milímetros menor que no mesmo período do ano passado. Nos sete primeiros dias de janeiro de 2017, o centro contabilizou 43,8 milímetros. A soma dos 31 dias do primeiro mês do ano passado foi de 368,4 milímetros.
Em dezembro do ano passado, as estações pluviométricas mediram 167,2 milímetros de chuva no período de 31 dias. O volume é superior ao registrado no mesmo mês de 2016, ano no qual somaram 133,4 milímetros.
“Geralmente, nos primeiros dias de janeiro, nós já teríamos quase cem milímetros. Estamos com menos de 50. Já em dezembro, tivemos um volume muito grande. Começou a chover mais do dia 21 em diante”, relatou.
Conforme o coordenador, as precipitações constantes fazem com que o solo fique encharcado, o que pode facilitar deslizamentos e desmoronamentos, como o ocorrido no barranco da margem direita do ribeirão do Manduca.
Uma parte do terreno perto da ponte do Marapé cedeu no dia 31 de dezembro, por conta da chuva e em função de outro problema. A Prefeitura informou que a causa foi uma tubulação de esgoto entupida e solicitou a limpeza à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
Floriano explicou que, em Tatuí, a capacidade limite de absorção da água de chuva pelo solo é de 60 milímetros em três dias consecutivos. Quando a quantidade ultrapassa essa marca, o órgão passa para o estado de atenção.
Por definição, a DC trabalha com quatro estados: observação, atenção, alerta e alerta máximo. No primeiro, o órgão acompanha a situação meteorológica para verificar se há riscos de desastres naturais.
Com base em boletins climáticos e medições nos dois principais rios do município, a Defesa Civil descartou a possibilidade de enchentes por chuvas. “O Sorocaba vem subindo, mas vagarosamente e sem oferecer risco, em um primeiro momento. Já o rio Tatuí está em sua normalidade”.
Entretanto, Floriano mencionou que a situação na região é motivo de preocupação. No mês passado, em Sorocaba, as chuvas provocaram rompimento de um açude, desabamento de uma casa e alagamento de outras dez.
O volume de água vai parar no rio que passa por Tatuí e alimenta a usina hidrelétrica de Santa Adélia, no distrito de Americana. Caso o rio suba muito, as comportas da barragem são abertas e o nível das águas sobe, causando enchentes.
No entanto, o coordenador reforçou que as cheias no distrito não ocorrem somente por conta das precipitações em Sorocaba, mas nas cidades que compõem a bacia, como em Alambari, Sarapuí, Salto de Pirapora e Votorantim.
Segundo ele, o rio que percorre o distrito é mais longo e sobe progressivamente, mesmo com chuvas intensas, enquanto que o Tatuí sobe mais rápido.
“As chuvas que caem na cidade, em termos de cheia, não preocupam muito. O que nos preocupa são as precipitações nas cabeceiras dos rios da bacia hidrográfica”, detalhou.
Um pouco acima
Medições realizadas pelos moradores do distrito de Americana e repassadas à DC apontam que o rio Sorocaba havia subido, até a segunda-feira, 8, perto de 1,5 metro.
“Isso, para nós, é tranquilo, até. Só começa a preocupar quando ele (o rio) se espalha na área de várzea. Isso depois de o nível se elevar em três a quatro metros”, apontou.
O órgão acompanha diariamente o nível do Sorocaba, com ajuda dos integrantes do Nudec (Núcleo Comunitário de Defesa Civil). A própria Comdec também envia, regularmente, equipes para verificar as condições dos rios.
O órgão também faz o acompanhamento de boletins meteorológicos e deve, conforme o coordenador, investir em medições próprias. Floriano defende a instalação de pontos de observação em regiões como os bairros Enxovia e Pederneiras.
A medida poderia dar mais autonomia e rapidez ao órgão municipal, e garantir tempo para avaliação de riscos de enchentes e traçar planos de atendimento. Com os pontos de monitoramento, Floriano argumentou que a DC poderia ter dados estatísticos e calcular de modo mais preciso o volume de chuva.
Floriano informou que os dados obtidos pelo órgão até o início deste ano permitem à DC afirmar que não há riscos de enchentes. Isso porque a média de chuvas do mês é de 250 milímetros, bem acima do volume aferido pela DC, muito embora o órgão ressalte que podem ocorrer pancadas de chuva.
“Elas costumam ser mais fortes e virem carregadas de vento, granizo e descarga elétrica. Mas, no momento, não temos previsão dessas ocorrências”, concluiu.