O motorista Fernando Miguel Souto, 31, desistiu de aguardar por cirurgia via SUS (Sistema Único de Saúde) para colocação de um implante de placa no braço esquerdo. A esposa dele, a professora Marceli da Silva, levou o caso a público, ao procurar a Câmara Municipal nesta semana, para pedir ajuda.
Marceli conversou com vereadores durante a sessão ordinária de terça-feira, 17. Na sequência, falou à reportagem de O Progresso. Ela informou que Souto havia quebrado o humerus em São Paulo, onde trabalha. A fratura teria sido decorrente de uma queda e necessitaria de cirurgia.
A professora afirmou que o marido não teria conseguido atendimento gratuito na capital, sendo transferido para Sorocaba. Da Santa Casa daquele município, foi encaminhado a Tatuí, onde passou por atendimento.
“Eles (a equipe de Sorocaba) me ligaram para que fosse buscá-lo. Tive de sair da sala de aula para trazê-lo até o pronto-socorro”, contou. A professora dá aulas na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Eunice Pereira de Camargo”, no Jardins de Tatuí.
Marceli contou que o marido havia passado por um primeiro exame em São Paulo. “Eles tiraram uma chapa, que detectou a fratura, mas o levaram para Sorocaba”.
A equipe da cidade vizinha não teria atendido o paciente porque “ele não era residente em Sorocaba”. Em Tatuí, Souto teria passado por exames no “Erasmo Peixoto”. No ambulatório, ele teria sido consultado por um ortopedista, que fez nova avaliação e indicou a necessidade da cirurgia.
“O problema é que a equipe de Tatuí alegou que não havia a placa que ele (o motorista) precisava. Eu, no desespero, marquei uma cirurgia particular”, disse Marceli.
A mulher afirmou que o procedimento custará, no total, R$ 8.000 e que não tem dinheiro para quitar a cirurgia. “Não tenho de onde tirar, mas acabei marcando porque não aguento ver meu marido sofrendo”, alegou ela, na Câmara.
Na terça, a professora afirmou que o motorista estava sendo mantido sob ação de remédios. Segundo ela, a fratura teria feito o braço de Souto inchar. “Criou uma espécie de asa, que pode calcificar e piorar o quadro”, sustentou.
A fratura ocorreu no dia 10, data em que a professora começou a procurar ajuda. Marceli afirmou que havia ido até a Casa de Leis para pedir apoio aos vereadores no sentido de que o marido pudesse fazer a operação de forma gratuita.
Na quinta-feira, 19, ela disse que conseguiu ser ouvida pelo secretário municipal da Saúde, José Luiz Barusso, por intermédio de parlamentares.
Marceli contou que Barusso explicou que o SUS não cobre esse tipo de cirurgia em Tatuí. O secretário teria conseguido marcar o procedimento em Sorocaba, mas para o dia 30 de outubro.
“Eles foram atrás, eu tenho que reconhecer, mas eu não posso fazer meu marido esperar”, disse a professora.
Na sexta-feira, 20, Souto foi submetido à cirurgia em Sorocaba. A família dele, no entanto, disse que não sabe como pagará pelo procedimento, que incluiu internação e serviços dos médicos e de anestesista.
Somente a placa custou R$ 2.000, valor que Marceli tentará reaver na Justiça. A professora antecipou que tentará ingressar com ação judicial para ter os custos ressarcidos.
De acordo com ela, além de interromper o sofrimento do marido, a decisão pela operação particular foi tomada com base em recomendação médica.
A professora disse que a ortopedista que havia atendido o motorista informou que ele poderia aguardar, no máximo, 20 dias pelo procedimento. “Até o dia 30 de outubro, seriam 51 dias. É muito tempo para alguém ficar sofrendo”, concluiu.