Mortes em acidentes sobem 33% em 2016





No final de semana passado, Tatuí registrou três acidentes de veículos, dois deles com mortes. Em um, na rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-127), um homem de 43 anos morreu quando o carro que dirigia atropelou dois cavalos que estavam na estrada.

Na rua Teófilo de Andrade Gama, no Jardim Santa Rita de Cássia, um homem de 53 anos morreu atropelado por uma bicicleta, pilotada por um adolescente de 13 anos. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ir ao local, porém, a vítima já estava morta.

Os dois acidentes com vítimas fatais ilustram o aumento do número de mortes decorrentes no trânsito de Tatuí. Comparando as estatísticas de janeiro a julho do ano passado com as deste ano, verifica-se crescimento de 33,3% dos casos.

O levantamento é do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo). Até julho de 2015, foram computados nove óbitos em sinistros na cidade, enquanto que, nos sete primeiros meses deste ano, a soma passou para 12.

Até julho, o mês com maior número de mortes por acidentes automobilísticos foi abril, com quatro. Maio foi o mês com o segundo maior índice, somando três óbitos. Os meses de fevereiro e março não tiveram mortes.

O Infosiga é uma iniciativa do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito. Os dados são compilados pelo governo do Estado, com base no Siopm (Sistema de Informações Operacionais da Polícia Militar).

O estudo reúne o número de ocorrências de acidentes de trânsito de subdivisões da corporação, como o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar Rodoviária.

A pesquisa também abrange a Polícia Rodoviária Federal. O número de mortes é levantado junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública, por meio de boletins de ocorrência.

De acordo com o Infosiga, a cada três mortes no trânsito de Tatuí, uma é resultado de colisão entre veículos. Neste ano, dos 12 óbitos registrados, quatro foram desse tipo de acidente.

Os atropelamentos responderam por 25% dos falecimentos (três vítimas) e os choques (impactos contra objetos fixos) resultaram em três mortes (25%). A estatística apresenta dois óbitos “sem especificações”.

Segundo o sistema, das 12 mortes registradas neste ano, 75% delas vitimaram homens, enquanto que os 25% restantes envolveram mulheres.

Segundo a coordenadora do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), Roberta Lodi Molonha Machado, a predominância do sexo masculino nos acidentes automobilísticos é notada pela equipe de atendimento.

“Percebo que a maioria é de homens e com idade entre 18 e 40 anos. São raros os acidentes que envolvem idosos no volante”, afirmou.

Os dados do Infosiga revelaram que o índice de mortalidade no trânsito local, registrados nos sete primeiros meses deste ano, foi maior entre pessoas com idade entre 30 e 39 anos. Nessa faixa, houve cinco mortes. O mesmo sistema apontou três mortes de idosos (acima de 60 anos).

O Samu realiza atendimento a vítimas de acidentes de trânsito tanto na cidade quanto nas estradas. Os casos mais leves são atendidos pelo Corpo de Bombeiros ou pela concessionária de rodovias, dependendo do local do acidente. Os casos mais graves recebem apoio da unidade de suporte avançado do Samu.

“Quando a colisão é em trechos de rodovias concedidas, o atendimento é próprio da concessionária, mas, quando tem múltiplas vítimas, nos unimos para fazer o atendimento”, explicou.

Segundo a enfermeira, acidentes leves ganham conotações graves quando os ocupantes dos veículos não usam o cinto de segurança ou estão com o capacete desafivelado.

“Já vi pessoas saírem gravemente feridas de acidentes que seriam considerados leves pela cinemática (processo de avaliação da cena acidente), por falta de uso de equipamento de segurança”, observou.

Das 12 mortes ocorridas em acidentes de trânsito em Tatuí até julho, três foram de pedestres. O número representa 25% do total. Mortes em automóveis corresponderam outros 25%. Neste ano, a cidade registrou duas mortes em caminhões e duas em motocicletas. Outras duas mortes não tiveram o tipo de veículo especificado na pesquisa.

Acidentes graves, quando não resultam na morte do ocupante do veículo, no mínimo, geram traumas e sequelas para o restante da vida. Além da dor da perda de algum membro do corpo, ou ser diagnosticado com paraplegia, os sobreviventes podem ter danos psicológicos.

Os acidentes com maior incidência de sequelas nas vítimas são os que envolvem motociclistas. Diferentemente de um automóvel, cujo ocupante é protegido por uma “carapaça de aço”, a motocicleta oferece pouca segurança ao condutor e ao passageiro. Por não ter maior proteção além do capacete, acidentes leves podem culminar tendo vítimas graves.

“Conheço pessoas que perderam a perna em acidentes de moto. A sequela é para o resto da vida”, acentuou.

Cuidados

De acordo com a coordenadora do Samu local, as testemunhas de acidentes devem tomar alguns cuidados ao tentar ajudar as vítimas. A principal recomendação, já conhecida pela população, é não movimentar o acidentado.

A recomendação leva em conta que a vítima pode ter ossos quebrados, mesmo que não aparentes, os quais podem lesionar artérias ou órgãos importantes no corpo.

Uma costela quebrada pode, por exemplo, causar uma perfuração no pulmão quando o paciente é movimentado de forma inadequada. Fraturas que não estão expostas podem se abrir, aumentando a possibilidade de gerar infecções no local da lesão.

Roberta afirmou que a paciência e a calma são as principais aliadas na hora de ajudar a vítima de acidente. Ao ligar para o Samu, pelo telefone 192, ou para o Corpo de Bombeiros, pelo número 193, a pessoa deve ter informações como o local preciso da ocorrência e o número de veículos envolvidos.

“Quanto mais precisa for a informação que recebermos, melhor e mais rápido será o atendimento à vítima”, explicou.

Enquanto o socorro especializado não chega, a enfermeira aconselha a testemunha a sinalizar a região do acidente, sempre tomando cuidado para não se envolver em nova colisão ou atropelamento.