Morte súbita e a posição ideal para o bebê dormir

Você sabe o que é a Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL)? Qual é a posição ideal para o bebê dormir? De lado? De barriga para baixo? Ou de barriga para cima?

Regularmente surgem notícias de bebês que morrem de repente enquanto dormem em alguma creche ou berçário pelo país, ou mesmo dentro dos lares. Negligência dos profissionais ou das mães que cuidam desses bebês? Nem sempre. A SMSL pode ser a causa dessas mortes.

A SMSL não tem causa definida e ocorre durante o sono. O diagnóstico é feito quando não há outra explicação para a morte. É realizado por exclusão. A síndrome da morte súbita é um dos maiores fatores de morte no primeiro ano do bebê. Profissionais da área de saúde analisam a ligação entre o modo como o bebê dorme e casos de morte súbita durante o sono.

Uma campanha lançada pela Pastoral da Criança, liderada pela então famosa pediatra Dra. Zilda Arns, que faleceu em um tsunami, estruturada por uma pesquisa realizada na cidade de Pelotas e por campanhas e pesquisas internacionais, como EUA e Inglaterra, diz que colocar o bebê para dormir de barriga para cima diminui em 70% a morte súbita.

Isso tem explicação: o bebê que dorme de lado ou de bruços respira o mesmo ar que expira, isto é, o bebê inala um ar rico em gás carbônico e pobre em oxigênio, realizando uma asfixia, onde fica sem oxigênio, podendo chegar ao óbito.

Os adultos também passam por isso, mas, diferentemente dos bebês, mudam de posição quando ficam sem oxigênio suficiente.  Por isso, a maior parte das mortes súbitas acontece em bebês recém-nascidos, e mais comuns até os seis meses de idade, podendo ocorrer desde o nascimento até por volta do primeiro ano.

A questão sobre o modo ideal de colocar a criança para dormir é controversa. Muitas mães têm medo de colocar o bebê dormindo de barriga para cima, pois podem engasgar com o próprio vômito.

No entanto, Cesar Victora, doutor em epidemiologia, pesquisador da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Comitê de Mortalidade Infantil da cidade de Pelotas, ressalta que é preferível o bebê estar sujeito a sofrer engasgamento do que correr risco de morte.

Ao engasgar, o bebê tem o reflexo da tosse, que logo chama a atenção dos pais. Já inalando um ar rico em gás carbônico, o bebê está sujeito a morrer “silenciosamente” (quando dorme de “bruços”).

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Associação Americana de Pediatria (AAP) recomendam a posição supina, ou seja, de “barriga para cima”, conforme artigo publicado no site da SBP e também defendida pela Pastoral da Criança. Ainda fazem as seguintes explanações:

1 – A SMSL continua sendo uma importante causa de morte em bebês entre um mês e um ano de idade.

2 – Recomenda-se colocar os lactentes em posição supina (“barriga para cima”) para dormir e evitar a exposição ao tabagismo materno, uma vez que são os principais fatores de risco para SMSL.

3 – Os recém-nascidos prematuros têm risco quatro vezes maior de SMSL do que os recém-nascidos a termo.

4 – O lugar mais seguro para as crianças dormirem é no quarto dos pais, próximos aos mesmos, mas, em seu próprio berço.

5 – Dormir em sofás com uma criança é extremamente perigoso.

6 – A partilha de camas com os bebês é um fator de risco para SMSL.

7 – Os bebês estão em maior risco se tiverem menos de três meses de idade ou se os pais fumarem, consumirem drogas ilícitas ou álcool.

8 – A amamentação diminui o risco de SMSL e, portanto, as mães deverão ser encorajadas a mantê-la, por esse motivo, e por outros benefícios fundamentais para a saúde do bebê.

Fontes: site da SBP; recomendações da Pastoral da Criança; site www.guiadobebe.com.br; arquivos próprios.

* Médico especialista em pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Diretor Clínico da Alergoclin Cevac.

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