Morre em Tatuí professor Pedro Henrique de Campos

Entusiasta da fotografia, ele tinha o hábito de registrar os eventos culturais do município

Da reportagem

Faleceu nesta quarta-feira, 12, em Tatuí, aos 79 anos, o professor Pedro Henrique de Campos. Educador por formação, cinegrafista e fotógrafo por paixão, ele passou parte da vida registrando os eventos culturais da cidade.

Para o diretor do Departamento Municipal de Cultura e gestor do Museu Histórico “Paulo Setúbal”, Rogério Vianna, Campos soube aproveitar o tempo dele, dedicando-se à cultura e ao próximo. Ele conta que, em todos os registros feitos, “de forma humilde e sem pretensão de lucro”, entregava o trabalho produzido aos responsáveis pelos eventos.

“Olha que humildade: ele recolhendo, registrando aquele momento e já compartilhando para a própria cidade, por meio do seu ‘DVDzinho’, que ele ia e entregava em mãos aos produtores”, lembra Vianna.

Campos começou a dedicar-se à fotografia e ao cinema Super 8 como hobby, adquirindo equipamentos de filmagem e projeção. Dessa forma, passou a registrar momentos familiares e escolares, além de acompanhar os eventos culturais de Tatuí.

Ao final da cobertura, ele tinha o hábito de gravar o registro em DVD, colocá-lo em um envelope e entregá-lo aos responsáveis pelo evento.

“O Museu Histórico ‘Paulo Setúbal’ tem muita coisa de acervo de memória do senhor Pedro. E nós só temos de agradecer por ele ter sido um grande homem e uma grande pessoa”, acentua.

De acordo com Vianna, a contribuição de Campos para a cidade foi retribuída a ele ainda em vida. No dia 25 de outubro de 2019, o professor foi homenageado por meio do projeto “Ilustres Tatuianos”, que acontece durante a “Noite da Seresta com Ternura”, no Museu “Paulo Setúbal”.

“É com grande carinho e afeto que nós, aqui do Departamento de Cultura, dedicamos várias homenagens para ele ainda em vida, pela importância dele em nossa cidade. Um memorialista que sempre esteve presente nas ações da cultura, registrou muitos desses momentos e nunca guardou para si”, relata.

Vianna lembra que Campos foi um dos responsáveis pela implantação do Museu da Imagem e do Som (MIS) em Tatuí.

Ele conta que, em 2013, na audiência pública para o desenvolvimento do Plano Municipal de Cultura, o professor solicitou para que o projeto de um MIS local fosse colocado em pauta. “E hoje nós estamos com o museu entregue e agora lutando para que possamos registrar a expografia dele”, acentua Vianna.

História

Viúvo, com dois filhos e dois netos, Campos era filho de João Pires de Campos e Benedita Gabriel de Campos. Nasceu em Tatuí, em 15 de julho de 1944, na chácara Morro Grande, onde atualmente está localizado o condomínio Monte Verde.

Iniciou os estudos aos sete anos, no Grupo Escolar “Eugênio Santos”, e, durante cinco anos, percorreu, aproximadamente, três quilômetros a pé para ir da casa até a escola e concluir do primeiro ao quinto ano.

Em 1955, Campos prestou exame de admissão ao ginásio, no Instituto de Educação “Barão de Suruí”, onde foi aprovado e iniciou os estudos secundários na primeira série ginasial, concluindo-os em 1959 e preparando-se para o colegial.

A escola oferecia três opções no nível colegial: clássico, científico e normal. O curso normal de formação de professores primários exigia, para o ingresso, um exame vestibular, porém, garantia a oportunidade aos formandos de exercerem uma profissão, enquanto os outros dois cursos exigiam continuidade a nível superior para a profissionalização.

Campos optou pelo curso normal, sendo aprovado no exame vestibular. Iniciou o curso de formação de professores primários, o qual realizou de 1961 a 1963, e fez o curso de aperfeiçoamento em 1964.

Nesse período, enquanto estudava, trabalhou na técnica de som e locução na extinta Rádio Difusora de Tatuí, além de exercer funções de auxiliar e operador de projeção nos cinemas São Martinho, São José e Santa Helena.

Após concluir o curso de magistério, inscreveu-se como professor substituto no Grupo Escolar “João Florêncio”, enquanto aguardava a oportunidade de ingressar no magistério oficial do estado, por concurso.

Em 1964, ocorreram inscrições para ingresso no magistério e o professor foi aprovado. Porém, a chamada dos candidatos só teve início em 1966. Em outubro daquele ano, Campos foi chamado para trabalhar no magistério e escolheu uma vaga no Grupo Escolar do Jardim das Flores, em Osasco, assumindo cargo efetivo de professor a partir de fevereiro de 1967.

Nessa mesma época, foi aprovado no concurso de educador municipal de Osasco e passou a trabalhar na Biblioteca Pública Municipal “Monteiro Lobato”. Na escola, conheceu a professora Luiza Aparecida Jorge de Campos, com quem se casou no dia 6 de janeiro de 1973 e viveu até o falecimento dela, em 17 de agosto de 2016.

Ainda na década de 1970, na TV Cultura, havia um programa chamado “Ação Super 8”, que divulgava a recente bitola de cinema mais acessível ao cineasta amador. Ele contava que o marido da diretora da escola onde lecionava possuía uma câmera, com a qual registrava eventos na instituição.

Campos ainda se graduou em pedagogia, com a habilitação em inspeção escolar, pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), em 1974, e bacharelou-se em direito em 1989, pela Faculdade de Direito de Itapetininga (FKB).

Em 1976, foi nomeado ao cargo de assistente de diretor da primeira escola estadual de ensino fundamental do Conjunto Habitacional (Cohab), na cidade de Carapicuíba. Lá, começou a dedicar-se à fotografia e ao cinema Super 8 como hobby, adquirindo equipamentos de filmagem e projeção, registrando eventos familiares e escolares.

A escola já possuía um projetor 16 milímetros e alugava filmes na “Fotóptica” de São Paulo para exibir aos alunos. Com a experiência anterior em projetores comerciais de 35 milímetros, em cinemas nos quais trabalhou em Tatuí, Campos logo aprendeu a manejar os equipamentos.

De 1977 a 1978, graduou-se em estudos sociais e ciências sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Teresa Martin”, na Freguesia do Ó, em São Paulo.

Em 1981, ingressou, por concurso, no cargo de supervisor de ensino, retornando a Tatuí para trabalhar na Delegacia de Ensino, onde permaneceu até a aposentadoria, em 1999, ocasião na qual a delegacia foi transferia para Itapetininga.

Nesse período, lecionou na Faculdade Asseta de Tatuí, nos cursos de pedagogia e estudos sociais. Foi nomeado em comissão para o cargo de supervisor de ensino municipal a partir de 2005, para dar apoio ao processo de municipalização do ensino fundamental da prefeitura, lá permanecendo até o ano de 2012.

Em parceria com o maestro Marcelo Afonso, participou da composição da letra da música do hino da PEI “Chico Pereira”.

Campos foi acompanhando o progresso das mídias e realizando os registros dos eventos em VHS e DVD, particularmente nos eventos que constituem a memória da cidade.

Ele atuava desde 2012 na instituição filantrópica núcleo kardecista “Amor e Caridade”. Ainda participou do projeto #MuseuPauloSetúbalEmSuaCasa, no canal do YouTube do Museu.

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