MIS de Tatuí tem inauguração oficial de sua expografia

Público pode visitar espaço nas sextas-feiras e sábados, das 9h às 12h e das 13h às 17h

MIS de Tatuí, na noite chuvosa de inauguração (Foto: Pablo Ruiz)
Da reportagem

Na noite desta quinta-feira, 7, ocorreu a inauguração da expografia que ficará de forma permanente no Museu da Imagem e do Som “Jornalista Renato Ferreira de Camargo”, o MIS de Tatuí. Inicialmente, o local fica aberto para visitação do público nas sextas-feiras e sábados, das 9h às 12h e das 13h às 17h.

Estiveram presentes, na inauguração, Rogério Vianna, diretor municipal de cultura, e os secretários municipais Douglas Dalmatti Alves de Lima (Buko, do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer), Giovana de Sousa Domingues (Fazenda, Finanças, Planejamento e Trabalho) e Fabiana Grecchi (Serviços Públicos e Zeladoria).

Também marcaram presença: Valdir de Proença (Podemos), vereador; Patrício Antunes Pereira, chefe de gabinete; César Augusto de Araújo, presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo); e familiares do patrono do museu, Renato Ferreira de Camargo.

Vianna, que foi mestre de cerimônia, iniciou a noite apresentando alguns dos presentes. Em seguida, acentuou que “os museus ocupam um papel fundamental, sendo verdadeiros guardiões de memórias, não apenas dos indivíduos, mas das culturas, das sociedades, dos povos, capturam fragmentos de tempo e os transformam em narrativas, em objetos, em experiências”.

“Assim, ele não é apenas um espaço de conservação, mas um local vivo, onde o passado se encontra com o presente e, assim, ajuda a construir o futuro. A memória salvaguardada no museu é diversa, plural, é arte, é ciência, é tradição popular, é testemunho da cultura material e imaterial de uma época”, continuou.

O diretor ainda declarou que “os museus são verdadeiros templos de diálogos entre o ontem e o hoje, preservando memórias, mas também inspirando novas leituras e interpretações”.

“Nos museus, podemos nos encontrar ou nos perder, em memórias que não são nossas, mas que, ao serem compartilhadas, nos apertam, nos provocam e nos fazem refletir. Dessa maneira, o museu é um espaço que transcende o papel de colecionar memórias e se torna um portal para compreender a multiplicidade de experiências que compõem o tecido social”, finalizou.

O museu faz parte do Complexo Cultural do município, que também abrange o Memorial do Rugby “Dr. Gualter Nunes” e sobre o qual Vianna informou faltar duas etapas para estar 100% adequado ao público.

“A próxima etapa é o setor educativo, onde vamos trazer exposições, oficinas, workshops, cursos para os alunos e a acessibilidade e inclusão. Então, tem alguns aspectos que ainda vêm para uma nova etapa, e também a última etapa”, relatou.

Com a cerimônia de inauguração da expografia ocorrendo dentro do Memorial do Rugby, Vianna antecipou estar tratando com Arquiprom (empresa que desenvolveu a expografia do MIS) a futura composição dos demais atrativos desse espaço, talvez, tornando-o um “memorial da mobilidade urbana da cidade”.

A expografia agora inaugurada, conforme apontado, “destaca elementos históricos e culturais marcantes da cidade e da região, promovendo um diálogo entre o passado e o presente”.

Entre os principais módulos do acervo, está o histórico da edificação externa, apresentação da história da do Matadouro e sua transformação em museu, sob o tema “De Matadouro a Museu, representando os significados de uma edificação”.

A partir da recepção, o acesso à exposição se faz por uma cortina de teatro, sendo que, na primeira sala, é prestada uma homenagem aos memorialistas da cidade, por meio de um audiovisual e do painel “Entre o ancestral e o contemporâneo”, um mosaico de palavras e imagens que demonstra as origens culturais europeias, africanas e indígenas refletidas na cultura local.

Faz parte da exposição uma linha do tempo do Conservatório de Tatuí, sendo um painel cronológico da história do CDMCC desde a fundação até os dias atuais, além de um módulo temático central, dividido em três eixos: “Diálogos entre o cururu, hip-hop e fandango”; “Bailes e baladas”; e “Festas e músicas nas praças e ruas”.

Ainda há, na expografia, a sala “A era das comunicações em massa”, onde se destacam o teatro, as telenovelas, o rádio e a televisão, com homenagens para figuras locais, como Vera Holtz, Maurício Loureiro Gama e Toninho Del Fiol, incluindo o módulo “A rádio de Tatuí” e o espaço “A alma do instrumento”, uma bancada interativa sobre luteria, destacando a produção musical em Tatuí, conhecida como a Capital da Música.

Finalmente, há a sala “Produção fonográfica”, a qual apresenta o que é esse trabalho e sua importância, por meio de um jogo interativo, no qual o visitante pode mixar o trecho de alguma música e, ao final, descobrir o “quanto acertou”, sendo o resultado possível de ser enviado por e-mail como lembrança da visita ao museu.

Há também homenagens à cultura da cidade, com locais do município que não existem mais, como o Trololó, e movimentos culturais, como o Cordão dos Bichos.

Silvia Landa, da empresa Arquiprom, declarou que a decisão do que haveria na expografia aconteceu em conjunto com o Comitê Consultivo do Museu da Imagem e do Som.

“Fizemos várias conversas e reuniões e, com esse comitê e a equipe de pesquisa, selecionamos as pessoas para serem entrevistadas e pesquisadas”, declarou ela.

Silvia também comentou que, desde o começo, pensou em não esconder o prédio histórico. “Por isso, essa decisão de trabalhar com painéis metálicos vazados e o prédio aparecer”.

“Acho que, na hora da definição dos conceitos, era um pouco tratar do tema da imagem e do som, mas sempre referenciado a essa população que tem isso muito latente na vida. Quando trabalhamos os temas, fazemos temas em diálogos, que eu acho que é isso que o museu traz”, concluiu.

O projeto, além da autoria da Arquiprom, teve colaboração do arquiteto Igor Tofolo, sendo desenvolvido com diretrizes museológicas pela especialista Cecília Machado.

A iniciativa é complementada pela participação ativa do comitê consultivo, criado em 2022 e composto por representantes da sociedade civil e do poder público.

A trajetória de instalação do Museu da Imagem e do Som está em processo desde 2018, marcado por uma série de etapas de planejamento, captação de recursos e desenvolvimento de projetos até chegar à entrega da expografia.

O prédio foi terminado e entregue em abril, e, a partir daí, iniciado o desenvolvimento da expografia. Segundo Buko, ele não achou que conseguiria em “um prazo tão curto captar o recurso e executar tudo isso”.

“É muito gratificante ver o resultado final desse espaço aqui, que remete à história da cidade, do antigo matadouro, e temos a conversa do moderno. Lógico, conta a história que é antiga, mas com vivência moderna, com televisão, som e imagem. Isso faz parte da modernidade”, relatou.

Na expografia, há um “diálogo” da rima entre a cultura hip-hop e o cururu. Elvis Mendes Leal, conhecido como Visel MC, foi convidado a fazer um bate-papo com dois cururueiros da cidade.

“A minha contribuição (na expografia) foi de representar essa juventude, mas fazendo essa conexão com a nossa cultura raiz e na sala aqui da Fatec, na área de mixagem de música, onde o visitante vai poder mixar a música, ouvir o trabalho que está sendo feito ali, instantaneamente, e poder mandar com seu próprio e-mail”, destacou.

Já Luiz Antonio Voss Campos tem parte do acervo pessoal exposto no museu e também fez parte de gravações agora expostas.

“Estou muito feliz e alegre de saber que estou deixando para muitas pessoas que nunca souberam nada da minha vida, são histórias de palco, música, baile, shows, cultura musical”, falou.

Voss ainda relata que o sentimento de ver a exposição foi de “nostalgia misturada com saudosismo, orgulho e felicidade”. O músico completa que os tatuianos deveriam comparecer ao museu “para conhecer, passear com as pessoas, trazer crianças, ver a desenvoltura da cidade e os rumos culturais”, finalizou.

Nome do museu

Há registros de desejo de um MIS no município desde a década de 1990, quando, segundo registros do jornal O Progresso de Tatuí, o jornalista Renato Ferreira de Camargo, que sede o nome ao museu, e Erasmo Peixoto foram os grandes defensores da instalação de um Museu da Imagem e do Som na cidade. Sobre isso, publicaram diversos artigos no periódico, no qual mantinham colunas semanais.

Cristian Ferreira de Camargo, filho do jornalista, esteve presente na inauguração e relatou que ele e os familiares “ficaram muito felizes com a homenagem”.

“É um sonho e uma construção. Nós iniciamos isso em 2018 e, hoje, é o coroamento desse trabalho de pesquisa, desse legado que meu pai deixou para a cidade. Então, nós estamos muito felizes, porque a gente vê concretizar o legado do Renato hoje aqui, neste museu”, declarou.

Segundo ele, a expografia ficou “fantástica”. “Acho que retrata bem a história de Tatuí e traz, para nós, outros personagens. A história da cidade é muito bem contada no Museu ‘Paulo Setúbal’, mas tem uma parte da história mais recente que precisava ser contada”.

“Esse espaço conta a história do Conservatório, momentos do Carnaval, da era da comunicação, traz a parte tecnológica que se soma a isso. São histórias e novos personagens que esse museu ajuda a salvaguardar essa memória”, elencou.

Camargo ainda aproveitou para agradecer a “todos os patrocinadores, aos amigos do pai presentes e ao jornal O Progresso, que acompanha o nosso trabalho”.