A pasta montou um comitê encarregado de acompanhar situação, primeiro estágio antes de um eventual decreto de estado de emergência.
O sarampo está se alastrando pelo país. Depois de São Paulo, Rio Janeiro e Bahia, é a vez do Paraná registrar a doença. O Ministério da Saúde contabilizou, até o momento, 1.226 casos da infecção entre 12 de maio e 3 de agosto de 2019.
Do total, 1.220 estão concentrados em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro, um na Bahia e outro, no Paraná. Há ainda 6.678 casos em investigação. Desde o início do ano, foram confirmados 1.322 pacientes com a infecção, 95% dos quais nos quatro Estados que atualmente estão em situação de surto.
Diante do avanço de casos, o Ministério da Saúde montou um comitê encarregado de acompanhar diariamente a situação em todo o país, o primeiro estágio para que a decretação de estado de emergência seja realizada.
A pasta iniciou as negociações com a Organização Pan-Americana de Saúde para uma compra de vacina, caso seja necessário. A transação funciona como uma pré-reserva. As doses serão enviadas assim que o governo acionar o organismo internacional. O quantitativo reservado, porém, não foi informado.
A estratégia atual do governo é realizar vacinações de bloqueio, em que pessoas que tiveram contato com suspeitos de ter a infecção são imunizadas. As campanhas em São Paulo também visam a vacinar adultos jovens e reforçar a proteção entre crianças em cidades consideradas prioritárias, mesmo menores de um ano. Neste surto, um número significativo de bebês com menos de um ano foi infectado.
O fenômeno é atribuído à baixa cobertura vacinal dos pais. Como a mãe não tem anticorpos contra doença, a proteção não é transmitida por meio do aleitamento. E pais, suscetíveis à doença, podem transmitir o vírus ao bebê.
A vacinação de menores de um ano não é recomendada na praxe. É uma medida feita de forma emergencial e não deve dispensar as doses regulares da vacina, aos 12 e 15 meses.
Apesar do avanço da infecção, a cobertura vacinal contra sarampo é considerada baixa. No Rio, 51,23% das crianças estão imunizadas A cobertura em São Paulo é de 74,65%; na Bahia, de 61,69%; e no Paraná, de 89,53%. O Ideal é que a cobertura vacinal esteja na casa dos 90%.
É inconcebível para nós constatarmos que em pleno século 21, com todas as evoluções tecnológicas nos imunobiológicos (vacinas), os pais acreditem em “fake news” disseminadas na internet sobre falsas notícias de que as vacinas fazem mal a seus filhos e não os vacinem.
Hoje, várias doenças estão totalmente ou parcialmente erradicadas do mundo, como exemplos é o caso da terrível varíola e o da paralisia infantil, graças à intensa vacinação contra essas doenças.
É inconcebível para nós que os pais acreditem que as vacinas possam provocar outras doenças, e, assim acontecendo, os pais estão deixando de levar seus filhos aos postos de saúde para vacinar, e a taxa de cobertura vacinal vem caindo gradativamente.
Portanto, isso acontecendo, o Brasil corre um sério risco de viver uma epidemia por doença “imunoprevenível” (doença evitada pela aplicação da vacina), como é o caso que vem acontecendo com a vacina contra o sarampo.
O Brasil é reconhecido internacionalmente pelo seu Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973, que disponibiliza vacinas gratuitamente à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O país já erradicou, por meio da vacinação, doenças como a varíola e a poliomielite (paralisia infantil). A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Brasil foi pioneiro na incorporação de diversas vacinas no calendário do SUS, sendo um dos poucos países no mundo que ofertam de maneira universal um rol extenso e abrangente de imunobiológicos.
As vacinas do PNI estão à disposição de todos nos postos de saúde, ou com equipes de vacinação, cujo compromisso é levar a imunização até mesmo aos locais de difícil acesso.
Porém, a alta taxa de cobertura, que sempre foi a principal característica do Programa Nacional de Imunização, vem caindo nos últimos anos, colocando em alerta especialistas e profissionais da área.
Aqueles pais que não querem levar seus filhos nos postos de saúde por medo ou insegurança que conversem abertamente com seu pediatra, e ele vai referendar sobre o calendário das vacinas, lembrando que algumas vacinas de doenças imunopreveníveis, que não fazem parte do calendário de vacinação no SUS, vocês podem encontrar nas clínicas particulares, tais como a vacina contra os quatro tipos de dengue, a vacina contra o herpes Zoster, as vacinas contra as meningites meningocócicas A,C,W,Y e a vacina meningocócica B.
Também nas clínicas particulares, existem todas as outras vacinas aplicadas no posto e que seguem o calendário da SBIm e SBP.
Fontes: www.veja.abril.com.br; www.vaticannews.com.va
* Médico pediatra com título de especialista pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e membro da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Diretor clínico da Alergoclin Cevac – Centro de Vacinação e Tratamento de Alergia com Imunoterapia (vacinas hipossensibilizantes) para rinite alérgica e asma brônquica.