O Mês da Bíblia surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (Minas Gerais). Foi levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica – Paulinas (SAB).
No ano de 1976 foram visitadas 30 dioceses de Minas Gerais e Espírito Santo, propondo o Mês da Bíblia como opção de evangelização. Dois anos mais tarde o Mês da Bíblia se estendeu ao Regional Leste 2 da CNBB (Minas Gerais e Espírito Santo) e a muitas outras dioceses do Brasil. Finalmente, no ano de 1985, estendeu-se a todo o Brasil.
A escolha deste mês é motivada pelo fato de que, no dia 30 de setembro, é celebrada a memória de São Jerônimo (347-420 d. C.). O que tem a ver São Jerônimo com a Bíblia? Não podemos esquecer que a Bíblia foi escrita em três línguas: os livros mais antigos em hebraico, mais ou menos 3/4 do total; os mais recentes em grego, 1/4 aproximadamente; e poucas páginas em aramaico (Jer. 10,11; Dan 2,4b-7,28; Esd. 4,8-6,18; 7,12-26).
Quando Jesus enviou seus discípulos para pregar o evangelho “a todas as nações” (cf. Mateus 28,19), implicitamente pedia que na sua Igreja houvesse… bons tradutores da mensagem da Bíblia para as línguas de… “todas as nações”: a Bíblia do Antigo e do Novo Testamento.
Os apóstolos, saindo da Palestina, encontraram particularmente os que habitavam no grande Império Romano, onde se falava o grego, no lado oriental, e o latim, no lado ocidental. Já no período entre o 3º e o 1º século a. C. o Antigo Testamento tinha sido traduzido para o grego: a assim chamada “Tradução dos Setenta”, pois, segundo a tradição, teria sido realizada por 72 rabinos (6 de cada uma das 12 tribos). Mas havia o problema de apresentar a Bíblia para quem falava o latim.
Quem de nós não conhece o famoso ditado “tradutor = traidor”? O ditado nasce do fato que é difícil fazer uma boa tradução. Quem traduz precisa conhecer muito bem a língua original e a língua na qual se traduz. Pois bem, São Jerônimo conhecia muito bem as três línguas da Bíblia e o latim. E dedicou mais de 30 anos da sua vida, morando na Palestina, para realizar a tradução dos textos originais da Bíblia para o latim, que era a língua falada em Roma. O pedido para este trabalho veio diretamente do papa da época, São Dâmaso (304-384), que, por um lado, estava insatisfeito com uma tradução da Bíblia mal feita (a assim chamada vetus latina, quer dizer, a velha tradução latina da Bíblia) e, por outro, sabia da capacidade de São Jerônimo para empreender tal importante tarefa.
A CNBB, no Mês da Bíblia deste ano, nos pede para sermos “discípulos e missionários a partir do Evangelho de João”, tendo como referência o seguinte lema: “Permanecei no meu amor para dar muitos frutos” (cf. João 15,8-9). Que a vivência deste mês da Bíblia possa produzir “muitos frutos”!
* Doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense (Roma) e coordenador do curso de filosofia da Faculdade Canção Nova.