Mercado Municipal é reconhecido como patrimônio histórico de Tatuí

Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, construído em 1914 (foto: Arquivo O Progresso)
Da reportagem

O Condephat (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí) aprovou o processo de tombamento do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, reconhecendo o prédio que abriga o tradicional “Mercadão” como patrimônio histórico e cultural, em âmbito municipal.

Para o órgão colocar em análise a proposta de tombamento do espaço, Luiz Antônio Fernandes Guedes, Patrícia Campos de Lima, Antônio Celso Fiúza Júnior e Maíra de Camargo Barros formaram uma comissão.

Eles ficaram responsáveis pelo levantamento do histórico e dos bens que compõem o prédio e pela elaboração de um relatório detalhado.

A comissão apresentou o projeto na sexta reunião ordinária do Condephat, ocorrida em novembro de forma virtual, com breve histórico do local acompanhado de fotos, relatório da visita técnica e conclusões da comissão para o processo de tombamento. O projeto foi aprovado por unanimidade.

O presidente do Condephat, Rogério Vianna, aponta que “a beleza arquitetônica do edifício do Mercado Municipal de Tatuí é inquestionável e soma-se a isso o fato de ele estar implantado no coração da cidade, ligando o centro aos antigos bairros mais afastados”.

Em relatório apresentado ao Condephat, a comissão ainda destaca a importância da construção como um espaço de lazer, consumo, relações sociais e afetivas de toda a sociedade local, abrangendo público amplo, de diferentes idades e classes sociais.

“É raro o tatuiano que não tenha alguma memória com o edifício, com os comerciantes que ali trabalharam ou ainda trabalham e com os produtos lá vendidos. Sendo assim, esta comissão propõe o tombamento do edifício”, registra o relatório.

Conforme o levantamento, deverá ser preservada a fachada frontal, situada na continuação da rua 7 de Abril, e a de fundos, no chamado Largo do Mercado. A comissão também indica a recomposição de vãos fechados e a substituição dos caixilhos contemporâneos por réplicas dos originais.

O relatório propõe, ainda, a preservação dos caixilhos metálicos com desenhos antigos e todo o núcleo central interno, indicando, em caso de restauro, recomposição de vãos fechados, manutenção dos arcos, tijolos aparentes a meia altura e cobertura com telhas cerâmicas e lanternins.

Além disso, o projeto visa à preservação das três fachadas da ala esquerda, situadas no prolongamento da rua 7 de Abril (frente), rua 15 de Novembro (lateral) e no Largo do Mercado (fundos), das alvenarias, esquadrias e da cobertura do núcleo central interno.

De acordo com o projeto, a volumetria da edificação e o gabarito de altura da edificação deverão ser mantidos conforme o estado atual. Todas as propostas de alteração de cobertura e ou alvenarias das outras partes deverão ser aprovadas pelo conselho.

Vianna informou que o próximo passo da comissão é formular o decreto a ser encaminhado à prefeitura para a oficialização do tombamento em âmbito municipal.

“O Condephat tem atuado de forma virtual neste momento de pandemia, mas tem se preocupado bastante com a política de salvaguardar os edifícios municipais. Com o tombamento do Mercado Municipal, o conselho valoriza mais um bem histórico e importante equipamento do patrimônio cultural”, concluiu Vianna.

O Mercadão

O Mercado Municipal “Nilzo Vanni” foi construído em 1914, na gestão do prefeito Cândido José de Oliveira, com arquitetura inspirada nos trabalhos europeus do século 19. As principais características são os grandes arcos e os tijolos aparentes.

Esse é o segundo mercado municipal da história de Tatuí, sendo que o primeiro foi inaugurado em 1880, na rua 11 de Agosto com a rua Coronel Lúcio Seabra. Contudo, o pioneiro foi considerado impróprio, por não oferecer o “conforto necessário aos mercadores”.

Assim, acabou sendo construído o segundo mercado municipal, na rua 7 de Abril, em área melhor localizada e com as edificações necessárias.

Tradicional na cidade, o mercado oferece diversidade de produtos, como vegetais, frutas, grãos, roupas, brinquedos e comidas prontas. Em 1992, o prédio passou por reforma e a abrigar um terminal rodoviário (com rota intermunicipal), ainda em funcionamento.