Nesta edição reproduzimos de forma total a matéria publicada no jornal O Cruzeiro de Sorocaba, dia 30/03/19 (sábado passado), sobre a incidência de meningites em Sorocaba. Segue a matéria como publicada (apenas com alguns detalhes acrescentados):
Doença causou a morte de três pacientes; ano passado foram registrados 161 casos na cidade.
Imunização é principal forma de evitar a meningite. A meningite infectou 37 pessoas em Sorocaba desde o início de 2019. Desse total, três pacientes morreram. No ano passado, segundo a Secretaria de Saúde (SES) do município, 161 pessoas foram diagnosticadas com a doença e seis casos evoluíram para óbito. A médica infectologista e coordenadora da Vigilância Epidemiológica da cidade, Priscila Helena dos Santos, explica que dos casos já confirmados em 2019, 11 são de origem bacteriana, 14 são virais e um foi ocasionado por fungo.
Segundo a médica, as ocorrências da doença ainda não caracterizam surto. “A Vigilância acompanha a ocorrência da doença e neste momento não observamos aumento do número de casos acima do esperado”, informou a SES em nota. Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), que monitora os casos em todo o Estado, a taxa de letalidade da meningite em Sorocaba, até o dia 19 de março, era de 8,11%. No ano passado a taxa foi de 3,73%.
Priscila recorda que Sorocaba teve seu último surto de meningite em 2016, quando 255 pessoas foram infectadas e quatro morreram. No ano, segundo o CVE, a taxa de letalidade foi de 1,57%. A maioria dos casos confirmados em 2016 foi de origem viral, com 168 pessoas infectadas. No ano anterior, 2015, foram 133 casos confirmados, com 11 óbitos.
Dos óbitos registrados na cidade em 2019, segundo Priscila, cada caso teve uma origem diferente, sendo uma morte por meningite viral, outra por bactéria e outra por fungo. “As vítimas foram um bebê de sete meses e dois adultos”, disse. Segundo a Vigilância Municipal, entende-se por meningite doenças infecciosas que levam à inflamação da meninge, membrana que recobre o sistema nervoso central.
Sintomas e tratamento
A meningite é uma doença que evolui rapidamente e seus principais sintomas são dor de cabeça e dor na nuca, rigidez no pescoço, febre, vômito, confusão mental e gangrena nos pés, pernas, braços e mãos. Esses sintomas costumam se manifestar em até 24 horas após o contágio.
De acordo com o Ministério da Saúde, a meningite causada por bactéria ou fungo tende a ser mais perigosa, com taxa de morte na casa dos 20%. Segundo o órgão federal, dois a cada dez sobreviventes têm de conviver com sequelas, a exemplo de surdez, paralisia ou amputação de membros.
O Ministério da Saúde informou que, em 2018, foram registrados 1.100 casos e 222 óbitos de doença meningocócica no Brasil, que é um dos tipos de meningite bacteriana. Por ser considerada uma doença endêmica, casos de meningite são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais.
O órgão federal informou ainda que a inflamação da meninge também pode ser ocasionada por processos não infecciosos como, por exemplo, medicamentos e neoplasias.
A vacinação é a principal forma de evitar a meningite e no Sistema Único de Saúde (SUS) há, atualmente, quatro vacinas que combatem alguns dos tipos da doença. Há também, com exclusividade na rede particular, a vacina conjugada ACWY, que custa até R$ 350. A vacina que combate o meningococo B também só está disponível em clínicas privadas e é encontrada por R$ 600, em média.
Segundo Priscila, a oferta das vacinas segue o Calendário Nacional de Vacinação e estão disponíveis nas 32 unidades básicas de saúde de Sorocaba (UBSs). A médica explica que a meningite bacteriana, em geral, é causada principalmente por três bactérias: a meningocócica (A, B, C, W e Y) a pneumocócica e a Hemofilus influenza B. No caso da meningocócica, explica, há vários tipos, sendo o C mais comum na região Sudeste.
Nota do autor: hoje, em São Paulo, a incidência de meningite pelo Meningococo B em menores de 1 ano é de 71%, seguida da C, com 16%, W, 6%, e Y, 6%. Por isso indicamos, respeitando o calendário da SBP e da Sbim, as duas vacinas: Meningite Meningocócica B e a Meningite Meningocócica Conjugada A, C, W e Y, somente encontradas nas clínicas particulares de vacinação.
* Médico com título de especialista em pediatria – pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira e diretor clínico da Alergoclin Cevac – Clínica de Vacinação de Tatuí.