MEMÓRIA – Adib Jorge Sallum





As horas são as mesmas, mas os minutos são outros. Levada pela força do Amor e da Saudade, Adib atingiu as alturas, agora na presença de seu esposo José e de sua filha Soraia, que a precederam, para reviverem juntos um doce passado compartilhado, em “pensamentos idos e vividos”.

O Destino uniu nossas vidas, por longos anos. Não foi nossa ma-drasta, mas nossa segunda Mãe. Ela nunca perdeu a vinculação afetiva do grupo familiar. Sólida, fraterna, solidária. Criatura simples e nobre, de sentimentos verdadeiros, de bondade inata. Incansável e iluminada. Caráter e abnegação silenciosa. Profundo zelo, sagrado afeto. Sua família era uma dádiva, em cada palpitação. Suas habilidades, enferrujadas, mas sempre em uso.

A seca fez sua marcha de destruição. O coração inventou de parar. Como falhavam as últimas fibras de seus membros frementes. Nela nasceram as asas do fim. Começaram suas horas noturnas. A moléstia inesperada tomou o lugar das alegrias antigas. Toda felicidade oculta nas brumas do tempo. Tudo levado pela força das trevas.

Fortaleza desguarnecida. A luta entre a vida e a morte. Esperança e desalento. Resignou-se à moléstia, cansada, mas persistente. Suas palavras enérgicas tornaram-se sussurros, cochichos, reticências, olhares oblíquos.

Fim de um convívio familiar, de tépida afeição, onde a gente cantava a vida a plena garganta.

Adib não está morta, para quem – alguém como nós – a guardará no coração. Fica entre nós, um elo interrompido pela Morte, mas revigorado pela SAUDADE.

Família Sallum