Agradeçamos a Deus que nos tirou o padre Milton, uma vez já construído, para lhe dar a eterna Glória. Ele conhecia Saint-Exupéry, que orava: “Para eu me conhecer, Senhor, Tu lances em mim, a âncora da dor. Não sei que fazer de mim, senhor. Fatiga-me o eco de meu próprio ser”… Bem plantado, responsável, cheio de deveres e direitos, aceitou o cerimonial da dor.
Suportou o combate na esperança da vitória. Mas o sofrimento da doença foi o caminho da “cura” e da libertação, pois pedia a Deus coragem, força, esperança, socorro. De sinais em sinais, acabou por aceitar a dor e entregar à Luz seu tesouro alado, pelo triunfo da Graça e pela sinfonia da Redenção divina. A plenitude da Luz divina.
Inclinou-se diante de Alguém infinitamente grande, único a saciar seu coração dilacerado. Cortes, sem expansão, mente bondosa cheia de grandeza, para a grandeza de Deus e glorificação do próximo, passou a esperar o descanso final, levando, com ele, manso, resignado, piedoso, com os olhos humildes do próprio coração, largos sulcos de luz e de paz.
Cabe-nos o silêncio da paz e as lembranças dos sagrados passos desta mente honrosa e cheia de grandeza.
Leila Salum Menezes da Silva