Médicos da UTI (unidade de terapia intensiva) da Santa Casa analisam possibilidade de recorrer à Justiça para cobrar salários atrasados. Os profissionais procuraram a reportagem de O Progresso, nesta semana, para relatar que a direção do hospital não cumpriu com promessas anteriores.
Em março, a categoria anunciou a intenção de deflagrar paralisação no dia 31. Na ocasião, a equipe do único hospital público do município, que atende pacientes em estado grave, decidira que não aceitaria novos prontuários se não recebesse os salários em atraso, que somavam R$ 364 mil.
A diretoria entrou em acordo com os intensivistas ainda em março, quando os profissionais decidiram suspender a proposta de entrar em greve, depois de terem os salários de janeiro quitados. No dia 16 de março, o hospital pagou os valores devidos do primeiro mês de 2017 para os 11 profissionais que atuam no setor.
Na mesma data, formalizou acordo com os médicos, com apoio da Prefeitura, representada pelo secretário municipal da Saúde, enfermeiro Jerônimo Fernando Dias Simão. A reunião aconteceu na sede da pasta municipal, depois de inúmeras tentativas de acerto com a provedoria da Santa Casa.
O acordo resultou na quitação do salário de janeiro dos profissionais. O saldo “em haver” seria parcelado entre duas ou três vezes. O número seria definido caso a caso, com cada médico.
A Santa Casa buscou o acerto com os profissionais já no dia 17 de março. Na mesma data, informou ter realizado os depósitos relativos aos salários em atraso. Os médicos da UTI fazem 70 plantões por mês, a um custo de R$ 1.300 cada.
No mês passado, o hospital teria se comprometido a quitar os R$ 273 mil restantes, diluídos em parcelas de R$ 91 mil. Isso significa que a instituição teria de aportar, pelos meses seguintes ao acerto, R$ 182 mil (o dobro do valor atual).
O parcelamento entraria em vigor neste mês, após o período máximo dado pelos médicos para que a direção regularizasse os pagamentos. Entretanto, os profissionais relataram que o acordo não foi cumprido.
A equipe da UTI informou a O Progresso que, pelo fato de a direção da Santa Casa ter se disponibilizado a acertar a situação, os profissionais decidiram suspender a paralisação, da primeira vez. Contudo, por não terem obtido retorno, voltaram a discutir a possibilidade de cruzar os braços.
A alegação é que nenhum membro da diretoria da instituição teria conversado com os intensivistas para passar “qualquer posição”. De acordo com os profissionais, o único retorno teria sido de que não havia dinheiro para pagamento.
Os médicos esperavam receber os salários – que deveriam ser depositados pelo hospital no quinto dia último de abril – até a semana passada. Como não obtiveram nenhum posicionamento e não conseguiram se reunir com a administração da instituição, eles pretendem retomar a proposta de paralisação.
A greve não tem data para acontecer, uma vez que depende de conversas entre os representantes das diretorias clínica e técnica da unidade de terapia intensiva. Os profissionais argumentam que a Santa Casa teria “rasgado o acordo”.
Sustentam, também, que partirão para a greve por estarem “sem perspectivas”. Eles pretendem ingressar com ação na Justiça para receberem os atrasados.
A reportagem tentou contato com a diretoria do hospital, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição (sexta-feira, 17h).